Punch Drunk Movies


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I have come here to chew bubble gum and kick ass... and I'm all out of bubble gum.

segunda-feira, janeiro 31, 2005

A Vingança é um Prato que se Come Frio

Kill Bill Volume 1

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Demorou um grande tempo, mas, finalmente, assisti à “Kill Bill Volume.1”. De Tarantino conhecia “Cães de Aluguel”, de 1992, e “Jackie Brown”, de 1997. Não vi o filme que é considerado sua obra-prima, “Pulp Fiction”, mas posso afirmar que, antes de assistir à esta primeira parte de “Kill Bill”, já era grande admirador do diretor. Seus projetos são recheados de diálogos brilhantes. Tarantino escreve em seus roteiros conversas de pessoas normais, que falam sobre qualquer coisa. E olha que nem falei da utilização da violência exagerada para obter humor. Aqui em “Kill Bill” não há os clássicos diálogos, mas, para compensar, há muito sangue jorrando. E isto me fez tirar uma conclusão: “Somente Tarantino consegue transformar a violência em algo divertido”.

Uma mulher está grávida e faz parte de uma máfia assassinos. Ela está prestes a se casar com líder de sua associação, Bill. Ela fica à espera de seu noivo, quando é surpreendida depois que o mesmo, junto com quatro amigos que também fazem parte da máfia (Vertina; O-Ren; Budd; e Elle Driver), fazem uma chacina dentro da igreja, matando todos dentro do lugar. Porém, o alvo principal do grupo não é atingido: a noiva. Ela é espancada pelos quatro, levando, ainda, um tiro na cabeça de seu ex-noivo. “A Noiva”, como fica conhecida depois da chacina pois ninguém sabe seu nome, passa quatro anos em coma, e de repente acorda. A mesma descobre que perdeu a filha durante a chacina, e seu desejo é único: matar as quatro pessoas que a deixaram em coma e que assassinaram a filha dela.

A idéia central de “Kill Bill”, como podem perceber, não é nada original: uma típica história sobre vingança. Porém o que a diferencia das outras é a sua construção: ao incluir diversas lutas durante a projeção, Tarantino faz uma bela homenagem aos filmes de samurai. A construção da personagem central é outro ponto forte do roteiro que Tarantino consegue se sair bem: “A Noiva” não é uma pessoa “boazinha”, e sim impiedosa. E o diretor/roteirista nunca afirma durante o filme que o que ela está preparando (no caso, a sua vingança) é certo; por outro lado ele também não diz que é errado. Tarantino simplesmente torna compreensível a saga da protagonista, e isto já é o suficiente. Também existe, em “Kill Bill”, uma personagem que só aparece por volta do terceiro ato e que pode ser considerada como uma jogada de mestre: Bo-bo, guarda-costas de O-Ren, é, por trás da ingênua roupa de colegial, uma assassina fria, que pode matar uma pessoa sem nenhum motivo.

Porém, é a direção de Tarantino que consegue se destacar (apesar do roteiro também ser ótimo). Aqui, o diretor consegue fazer uma excelente mistura entre: estilo; referencias à cultura pop; e muita, mas muita violência. Violência que, aliás, não choca o espectador, já que Tarantino impõe, propositalmente, uma violência cômica e exagerada (afinal, nunca vi o braço de uma pessoa ser cortado e jorrar sangue para todos os lados feito uma mangueira). A narrativa do filme também é excelente: “Kill Bill” nunca é cansativo ou bobo, e sim empolgante. Isto se deve também, à dinâmica que Tarantino coloca nas cenas de luta: sem nunca perder o estilo, o diretor impõe na maioria destas seqüências enquadramentos aéreos (como na cena em que “A Noiva” vai matar Vernita Green, mais precisamente a que se passa na cozinha). Também é mostrada a habilidade de Tarantino com a câmera em uma cena em que Elle Driver entra no hospital vestida de enfermeira: enquanto o diretor vai seguindo a personagem, a mesma entra em uma sala; porém, Tarantino continua deslizando a câmera pelo corredor e chega ao quarto onde “A Noiva” está hospitalada, e logo em seguida o diretor utiliza a “tela dupla”. Agora, vamos falar um pouco de uma seqüência que me chamou a atenção pela sua genialidade: A luta entre “A Noiva” e os “88 Loucos”. A dinâmica desta cena é de grande competência; o estilo presente nela é maravilhoso (que também serve para deixar o espectador empolgado); a trilha sonora também (outra marca registrada do diretor); e a fotografia em preto-e-branco servem para transformar esta cena em uma das melhores do ano que passou. Sem falar, é claro, daquela genial seqüência em anime, que tem uma direção intensa de Tarantino e que é outra cena que merece destaque.

As atuações não são os maiores destaques do filme, pois, afinal, Uma Thurman rouba a cena interpretando “A Noiva”. Depois da muito bem sucedida parceria com Tarantino em “Pulp Fiction”, Thurman esbanja talento em “Kill Bill Volume 1”. Em algumas horas, “A Noiva” é uma pessoa fria (como na cena em que ela vai se vingar de Vernita Green), porém em outras demonstra ter sentimentos (como na cena em que ela descobre que perdeu o bebê). Além, é claro, de estar fiel a construção de sua personagem, pelos motivos que coloquei nas linhas acima. O resto do elenco não está tão bem quanto Thurman, mas consegue render interessantes atuações, como a jovem atriz que interpreta Bo-bo.

“Kill Bill Volume 1” é, sem dúvida, um dos melhores filmes do ano que passou. Seria bem melhor caso não tivesse sido dividido em duas partes. Sim, o filme ficaria com mais ou menos 4 horas de duração, mas se as duas partes juntas fossem como este primeiro filme (empolgante, pop, e que contasse com uma belíssima homenagem aos filmes de samurai e dos de Sergio Leone), as quase 4 horas de filme passariam voando, e, conseqüentemente, não cansariam.

Cotação: 5/5 (9.5)


Até mais e abraços; Rodrigo

quinta-feira, janeiro 27, 2005

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Sem Grandes Pretensões, "A Vila" surge como uma Metáfora, mas é comprometida pelas falhas do roteiro

A Vila



“Ame ou Odeie”. Assim é que foi considerado este mais novo filme do diretor M. Shyamalan, de “O Sexto Sentido”, “A Vila”. E talvez tenha sido isto o que despertou minha curiosidade por este filme: será que eu iria ama-lo ou odiá-lo...ou será que ia ficar no meio termo. Minha resposta é: nenhuma das três opções apresentadas. Não amei o filme, não o detestei e também não o achei mediano, é apenas um bom filme. Quer dizer, é apenas um ótimo filme. Mas, infelizmente, também é um filme que poderia ser tão bom quanto os dois primeiros do diretor (“O Sexto Sentido” e “Corpo Fechado”). Mas, por outro lado, este “A Vila” pode ser considerado um dos projetos mais sérios do diretor, já que, como não foi com os três longas anteriores, não possui grande apelo ao suspense. Sim, o filme também tem várias coisas do gênero que acabei de falar, porém “A Vila” também possui uma interessante carga emocional. Mas... por outro lado, “A Vila” tem furos que não podem passar despercebidos, e que me fizeram retirar uma estrela do filme.

O ano é 1897. Os moradores de uma pacata vila vivem atormentados com uma floresta em frente ao vilarejo. Segundo os anciões da pequena cidade, a floresta é habitada por seres sobrenaturais que não gostam de serem perturbados. Para resolver o problema, os anciões fizeram um acordo em que nenhum dos moradores (tanto da vila como da floresta) não invadissem a propriedade alheia. Porém, Lucius Hunt quer ultrapassar a fronteira, e ir à cidade grande para comprar remédios para os moradores do vilarejo. Além disto, as criaturas da floresta estão prestes a quebrar a trégua.

Há dois grandes filmes neste novo trabalho de Shyamalan: o primeiro é a história que apresentei acima; já a segunda ocorre a partir de um acontecimento que muda parte do rumo da trama (que, logicamente, não irei contar). O roteiro, também escrito por Shyamalan, consegue fazer um feito admirável: equilibrar as duas histórias de uma forma em que os personagens entrem em conflito em quebrar ou não as regras. E este é um dos grandes trunfos do roteiro. Outro ponto positivo deste é a construção da trama: o filme funciona principalmente como uma metáfora das pessoas que não podem cruzar as fronteiras para conseguir uma vida melhor. Também funciona como uma crítica ao mundo cruel e violento dos dias de hoje (e o final deixa isto claro). Mas, se a conclusão do filme pode ser inteligente, esta, infelizmente, também deixou alguns problemas: grandes e notáveis furos no roteiro. Caso Shyamalan tivesse construído seu roteiro com menos pressa e com mais cuidado, o filme não teria estes problemas que impedem do filme ser realmente excelente.

Já a direção de Shyamalan consegue ser melhor que o roteiro. Em seus filmes anteriores, era comum ter pesadelos ou não conseguir dormir por causa da sempre tensa e nervosa narrativa que o diretor impõe ao filme, além é claro de levar grandes sustos durante a projeção do filme. Aqui, em “A Vila”, a narrativa do “primeiro filme” (ver parágrafo anterior) é totalmente diferente da do segundo. No primeiro, Shyamalan sempre deixa o espectador tenso e um clima de suspense. Já no segundo, o diretor impõe uma narrativa mais dramática, sem deixar o clima de tensão de lado (além, também, dele utilizar, neste “segundo filme”, uma câmera nervosa); e isto faz de “A Vila” um filme bem mais profundo e interessante do que muitos imaginam. Shyamalan também ganha méritos ao deixar o espectador sempre grudado na ponta da cadeira, despertando a curiosidade do mesmo a todo o momento.

As atuações também são ótimas. O maior destaque é, sem dúvida, Bryce Dallas Howard, filha do diretor Ron Howard (que considero apenas regular). A garota interpreta fielmente Ivy. Ela faz da mesma uma pessoa que o espectador facilmente aprende a gostar, graças ao carisma da jovem, e que é extremamente sensível. Outro que está ótimo é Adrien Brody, interpretando o jovem que tem problemas mentais, Noah Percy. Felizmente, parece que Brody é realmente um ator talentoso, e que não é uma pessoa de um papel só (no caso o protagonista do emocionante “O Pianista”). Ele faz de Percy uma pessoa de grande sensibilidade, além de interpretar fielmente e sem exageros o personagem. Outros do elenco que estão bem, são Joaquin Phoenix, interpretando o corajoso Lucius Hunt, e o ganhador do Oscar por “O Beijo da Mulher-Aranha”, William Hurt.

Enfim, quando ‘A Vila” chega ao seu final a sensação é que o filme poderia ser bem melhor. Poderia ter sido, sem dúvida, um dos melhores do ano que passou, e até mesmo ter feito jus à “O Sexto Sentido”; mas, ainda com seu notáveis furos no roteiro, é um ótimo filme e de, surpresa, grande sensibilidade.

Cotação: 4/5


Até mais e abraços; Rodrigo

terça-feira, janeiro 25, 2005

Comentários Sobre as Indicações do Oscar 2005

Hoje saiu os indicados a cerimônia do Oscar. "O Aviador" lidera a lista com 11 indicações. Logo atrás veio, ambos com 7, "Menina De Ouro" e "Em Busca da Terra do Nunca". Houve, seguindo a linha do ano passado, algumas surpresas, principalmente nas categorias de Diretor e Filme Estrangeiro. Aí vão meus comentários:

Melhor Filme

O Aviador
Em Busca da Terra do Nunca
Menina de Ouro
Ray
Sideways – Entre Umas e Outras

Comentários: Acertei 3 e foram as óbvias: "Sideways", "Menina de Ouro" e "O Aviador". Teimei, mas "Em Busca da Terra do Nunca" realmente concorreu. Os velhinhos da Academia preferiram um filme bem ao estilo arranca-lágrimas do que um film sobre traição ("Closer") ou um filme estilo "A Lista de Schindler" ("Hotel Rwanda"). Também não apostei em "Ray", mas não foi uma grande surpresa, já era esperado.

Melhor Ator

Don Cheadle, Hotel Rwanda
Johnny Depp, Em Busca da Terra do Nunca
Leonardo DiCaprio, O Aviador
Clint Eastwood, Menina de Ouro
Jamie Foxx, Ray

Comentários: Nesta categoria fui um verdadeiro fracasso: acertei somente duas (Jamie Foxx e Johnny Depp). A Academia parece que está começando a superar preconceitos indicando dois negros em uma mesma categoria (Foxx e Cheadle). Depp está pintando com novo queridinho da Academia ganhando sua segunda indicação. A surpresa aqui foi a indicação de Eastwood e a não indicação de Paul Giamatti. Quero dizer, nem foi tanta surpresa assim. Ontem a noite tinha quase certeza que a Academia iam indicar um veterano e não um ator que teve uma carreira que começou a decolar somente agora (Giamatti parece que vai ser o novo Jim Carrey: merece, mas nunca é indicado). E Eastwood surge, pelo menos para mim, como favorito ao lado de Foxx. Sim, ele já ganhou como Diretor por "Os Imperdoáveis", mas lembrem-se que ele nunca ganhou como ator.

Melhor Ator Coadjuvante

Alan Alda, O Aviador
Thomas Haden Church, Sideways – Entre Umas e Outras
Jamie Foxx, Colateral
Morgan Freeman, Menina de Ouro
Clive Owen, Closer – Perto Demais

Comentários: Acertei 3 (Church, Freeman e Owen). A indicação de Jamie Foxx por "Colateral" não foi tanta surpresa, mas a de Alan Alda foi. Bom, a Academia tinha que escolher em indicar um latino (Rodrigo De La Serna), uma criança (Freddie Highmore; em quem eu apostei) ou em um veterano (Alda). E o veterano acabou sendo o escolhido.

Melhor Atriz

Annette Bening, Being Julia
Catalina Sandino Moreno, Maria Cheia de Graça
Imelda Staunton, Vera Drake
Hilary Swank, Menina de Ouro
Kate Winslet, Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças

Comentários: Acertei 4 (Bening, Staunton, Swank e Winslet). Talvez esta tenha sido a categoria mais morna do Oscar: todas as que foram indicadas tinham chances. Não apostei em Moreno e sim em Uma Thurman, mas já era esperado.

Melhor Atriz Coadjuvante

Cate Blanchett, O Aviador
Laura Linney, Kinsey – Vamos Falar de Sexo
Virginia Madsen, Sideways – Entre Umas e Outras
Sophie Okonedo, Hotel Rwanda
Natalie Portman, Closer – Perto Demais

Comentários: Acertei todas. Bom, todas as que foram indicadas tinham reais chances de concorrer, então não há muito o que falar.

Melhor Direção

Martin Scorsese, O Aviador
Clint Eastwood, Menina de Ouro
Taylor Hackford, Ray
Alexander Payne, Sideways – Entre Umas e Outras
Mike Leigh, Vera Drake

Comentários: Acertei 3 (Scorsese, Payne e Eastwood). Hackford já era esperado, mas confesso que não gostei muito de sua indicação: ele é um diretor de altos e baixos (e seus altos nem são filmes memoráveis). Preferiria que Mike Nichols concorresse, pois além de gostar mais dele, parece que o mesmo encontrou o rumo, depois de passar por uma fase decaída (devido também ao sucesso da minesérie "Angels In America"). A surpresa aqui foi Mike Leigh concorrer. Apostei em Zhang Yimou, e, confesso, nem me lembrava que Leigh tinha chances. Seu filme é elogiadíssimo e acho que muita gente, inclusive eu, o deixou passar despercebido.

Melhor Roteiro Adaptado

Antes do Pôr-do-Sol
Em Busca da Terra do Nunca
Menina de Ouro
Diários de Motocicleta
Sideways - Entre Umas e Outras

Comentários: Esperava que "Diários de Motocicleta" e "Antes do Pôr do Sol" podessem concorrer (apostei no segundo, e não apostei em "Diários..."). A Academia realmente ignorou "Closer".

Melhor Roteiro Original

O Aviador, de John Logan
Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, de Charlie Kaufman
Hotel Rwanda, de Keir Pearson & Terry George
Os Incríveis, de Brad Bird
Vera Drake, de Mike Leigh

Comentários: A surpresa foi "Vera Drake" concorrer e deixarem "Kinsey" de fora. Talvez porque o segundo seja polêmico, deve ser forte e os velhinhos da Academia preferem um filme "tocante". E se desta vez não derem o prêmio para o Kaufman eu fico realmente chateado; quero dizer: fico ainda mais chateado se derem o prêmio para o tal do John Logan (tudo bem, o roteiro do "O Aviador" pode ser excelente, mas o problema é que eu não gosto de quem o escreveu).

Melhor Filme de Animação

O Espanta Tubarões
Os Incríveis
Shrek 2

Comentários: A surpresa foi "O Expresso Polar" não concorrer. Achei injusto: "O Expresso Polar" pode não ser uma obra-prima, mas é bem melhor que o fraco " O Espanta Tubarões". E é a prova de que as críticas, sejam negativas ou positivas, não influem no Oscar (caso contrario, "O Espanta Tubarões" não concorreria, já que foi um fracasso neste quesito).

Melhor Canção Original

`Accidentally In Love`, Shrek 2
`Al Otro Lado Del Río`, Diários de Motocicleta
`Believe`, O Expresso Polar
`Learn To Be Lonely`, O Fantasma da Ópera
`Look To Your Path (Vois Sur Ton Chemin)`, A Voz do Coração

Comentários: Não apostei nesta categoria, mas tinha quase toda a certeza que a música "Old Rabits Die Hard" ia concorrer. É claro que, aqui, torço para "Diários de Motocicleta", mas acho que a música de "Shrek 2" pode ganhar. Preferiria ver a bocarra do Mick Jeager do que aquele cabelo bem esquisito do vocalista do Counting Crows, mas tudo bem.

Melhor Filme Estrangeiro

As It Is In Heaven (Suécia)
Downfall (Alemanha)
Mar Adentro (Espanha)
A Voz do Coração (França)
Yesterday (África do Sul)

Comentários: A surpresa foi o chinês "Casa Das Adagas Voadoras" não concorrer. A Academia gosta mesmo é de indicar países que não tem um desenvolvimento cinematografico tão grande (Suécia; África do Sul e Alemanha).

Bom, então é isto. Acho que na premiação do Oscar "O Aviador" vai ser o grande vencedor da noite, e Scorsese tem que ganhar o prêmio de diretor (acho que, assim como eu, todos torcem para ele ganhar). Mas pode haver algumas surpresas.

Até mais e abraços; Rodrigo



quinta-feira, janeiro 20, 2005

Apostas Para o Oscar 2005

Aí vai minhas apostas:



Melhor Filme:

O Aviador
Menina de Ouro
Sideways
Hotel Rwanda
Closer

Comentários: O Aviador, Menina de Ouro e Sideways são certezas nesta categoria. Já Hotel Rwanda e Closer são dúvidas. No lugar de um desses dois pode entrar Em Busca da Terra do Nunca e Kinsey, o primeiro principalmente. O segundo é polêmico e os velhinhos da Academia preferem um filme mais bonitinho, certinho. Por isto que acho que Em Busca da Terra do Nunca tem grandes chances de concorrer, mas não boto muita fé.

Melhor Ator:

Liam Neeson - Kinsey
Jamie Foxx - Ray
Paul Giamatti – Sideways
Johnny Depp – Em Busca da Terra do Nunca
Javier Bardem – Mar Adentro

Comentários: A maioria das pessoas colocam Leonardo Di Caprio por O Aviador concorrendo. Como a Academia tem, supostamente, implicância com o rapaz acho que ele não ganha uma vaga. Os três primeiros são certezas e os dois últimos são pequenas dúvidas.

Melhor Atriz:

Annette Bening – Being Julia
Imelda Stauton – Vera Drake
Hilary Swank – Menina de Ouro
Kate Winslet – Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças
Uma Thurman – Kill Bill Vol. 2

Comentários: A grande dúvida aqui é Uma Thurman. Quem pode roubar o lugar dela é Catalina Sandino Moreno, pelo colombiano Maria Cheia de Graça. Mas acho que Thurman leva pelo fato dela já ter sido indicada duas vezes ao Globo de Ouro de Melhor Atriz pelo Kill Bill Vol.1 e 2.

Melhor Diretor:

Martin Scorsese – O Aviador
Alexander Payne – Sideways
Mike Nichols – Closer
Clint Eastwood – Menina de Ouro
Zhang Yimou – Casa das Adagas Voadoras

Comentários: Pensei duas vezes antes de colocar Zhang Yimou. Acho que quem pode concorrer no seu lugar é Marc Forster ou Bill Condon. Mas me lembrei que Ang Lee já concoreu por "O Tigre e o Dragão" e os dois filmes do Yimou são muito bem elogiados (Hero e Casa...).

Melhor Atriz Coadjuvante:

Natalie Portman – Closer
Virginia Madsen – Sideways
Laura Linney – Kinsey
Cate Blanchett – O Aviador
Sophie Okonedo – Hotel Rwanda

Comentários: Pelo menos para mim estas cinco são certezas. Acho que a única que pode sair da disputa é Sophie Okonedo para entrar Sharon Warren por Ray. Mas acho que fica assim mesmo.

Melhor Ator Coadjuvante:

Morgan Freeman – Menina de Ouro
Thomas Haden Church – Sideways
Clive Owen – Closer
Peter Sarsgaard – Kinsey
Freddie Highmore – Em Busca da Terra do Nunca

Comentários: Owen, Freeman e Church figuram na lista todos e já são confirmados. Sarsgaard por Kinsey e Highmore são dúvidas (apostei neste último porque os membros da Academia gostam de crianças, tanto que no ano passado Keisha Castle-Hughes concorreu).

Melhor Roteiro Adaptado:

Sideways
Em Busca da Terra do Nunca
Closer
Menina de Ouro
Antes do Pôr-Do-Sol

Comentários: Na minha opinião, Antes do Pôr-do-Sol pode sair para entrar "Diários de Motocicleta" ou , quem sabe, Meninas Malvadas. Mas vai ser isto mesmo.

Melhor Roteiro Original:

O Aviador
Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças
Kinsey
Hotel Rwanda
Os Incríveis

Comentários: Tenho dúvida se Hotel Rwanda irá realmente concorrer. Como apostei no mesmo em Melhor Filme acho que tem grandes chances. Mas ele pode perder uma vaga para o roteiro de Garden State, escrito por Zack Braff. Mas acho que vai ser mesmo isto.

Animação:

O Expresso Polar
Os Incríveis
Shrek 2

Comentários: Não há dúvidas aqui. Se tiver cinco indicados acho que entra o filme do "Bob Esponja" ou uma animação independente parecida com As Bicicletas de Belleville ou então vai ser mesmo O Espanta Tubarões.

Até mais e abraços; Rodrigo

terça-feira, janeiro 18, 2005

E a Aranha Está de Volta

Homem-Aranha 2



Na maioria das vezes, os roteiros de filmes baseados em histórias em quadrinho se importam mais em mostrar ação, cenas de lutas do que os dramas vivido pelo protagonista. Sim, existem bons filmes baseados em quadrinhos que conseguem ter um resultado pelo menos satisfatório (como, por exemplo, os dois “X-Men”). Mas nestes falta um maior estudo do personagem central, o que impede que o espectador se identifique com o mesmo. Felizmente, nesta seqüência do bom “Homem-Aranha”, isto não acontece. Poucas vezes, o roteiro decide mostrar o herói do filme como um personagem complexo, e que possui crise de identidade. Isto me leva a crer que Peter Parker seja o super-herói mais normal da telona, o personagem mais fácil de se identificar.

Mas, tenho que admitir, um filme sobre um cara que salva pessoas e usa uma roupa de aranha não seria nada sem algumas cenas de ação. Não estou falando de cenas de ação estúpidas como as realizadas no ruim “O Pagamento”, filme dirigido pelo cada vez pior John Woo, e sim de seqüências que possuem uma ótima dinâmica e em que o espectador se interesse pelo destino do protagonista. E Sam Raimi, o diretor do filme, faz isto com grande e notável competência.

Peter Parker cursa uma faculdade, trabalha como fotógrafo para um jornal da cidade de Nova York, e de vez em quando trabalha em lugares, como uma pizzaria, para conseguir mais dinheiro e conseguir pagar o aluguel de seu apartamento. Uma pessoa normal? Por esta descrição, sim. Mas Parker possui uma outra identidade: ele foi picado por uma aranha há dois anos atrás, e deste então adquiriu poderes como soltar teias. Ele passa maior parte do seu dia socorrendo pessoas em perigo pelas ruas de Nova York. Mas isto também tem seu lado ruim: além de sempre estar cansado, Parker tem que suportar a paixão que este sente por sua Mary Jane, já que ninguém pode saber a sua outra identidade. Além disto, o rapaz é amigo de Henry, um jovem que teve o pai assassinado (o vilão do filme anterior) por Peter como o homem-aranha, e o mesmo terá que lutar contra um novo vilão: o Dr. Octopus, que depois de uma experiência cientifica que deu errado, utiliza quatro tentáculos para destruir seus inimigos.

Como falei no início desta crítica, o roteiro de Alvin Sargent consegue ser extremamente original em um certo aspecto: a construção dos personagens, principalmente do protagonista. Ele transforma Peter Parker em uma pessoa ambígua, extremamente complexa. E, felizmente, é fácil compreender os problemas do herói: antes de Parker sofrer a tal crise de identidade, o mesmo vai sofrendo grandes problemas (como o fato de sua amada está namorando outro homem) que justificam a crise que o personagem sofre. Outro grande ponto forte do roteiro de Sargent é que este impõe no mesmo algumas seqüências de ação sem exagerar na dose. As cenas dramáticas e cômicas são em maior escala do que as cenas de luta, o que também não deixa de ser original. Aliás, as seqüências cômicas presentes no roteiro são outros atrativos: Sargent cria uma trama séria com diálogos e situações inspiradas, como pro exemplo a cena do elevador que é, no filme, uma das minhas preferidas. Mas, estes diálogos que tentam ser reflexivos tornam-se às vezes muito repetitivo e moralista demais, mas isto não atrapalha a conclusão final do filme. O roteirista também consegue fazer um inteligente desenvolvimento da trama: Sargent, na maioria das vezes, põe os seus personagens em conflito com várias coisas (como por exemplo o porque de Peter Parker não ficar com Marie Jane, ou o motivo do Dr. Octopus para ir atrás do homem-aranha).

A direção de Sam Raimi também consegue, assim como o roteiro, ser bastante competente. O diretor de clássicos do anos 80, como, por exemplo, a trilogia “Uma Noite Alucinante”, consegue fazer de “Homem-Aranha 2” um filme bem superior do que o primeiro. A forma como ele dirige as cenas de ação é segura e eficaz. E isto fica comprovado na seqüência em que Dr. Octopus e o homem-aranha estão lutando em cima de um metrô: a cena pode até parecer um pouco “mentirosa”, mas é dirigida com maestria por Raimi. Ele também utiliza ao longo do filme ótimos enquadramentos, como em todas as cenas em que o homem-aranha está sobrevoando a cidade de Nova York. E estas cenas se tornam ainda mais plausíveis pelo fato do diretor fazer com que o espectador se sinta em cima dos grandes edifícios da cidade de Nova York sem utilizar a câmera em primeira pessoa. A estrutura narrativa adotada por ele também é ótima: o espectador se preocupa com o futuro de Peter Parker (mérito também do carisma do ator Tobey Maguire e novamente do roteiro que faz de Parker uma pessoa bastante vulnerável).

As atuações do filme não são brilhantes, mas a maioria consegue a simpatia do espectador. Maguire, como coloquei acima, está bastante carismático. O acho um ator talentoso (apesar dele, na maioria das vezes, fazer de seu personagem uma pessoa abobalhada), e aqui ele se saia muito bem. Kirsten Dunst também é outra atriz talentosa (fato comprovado no maravilhoso “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”) e aqui ela interpreta sua personagem fielmente, fazendo com que Mary Jane se torne uma pessoa que muitas pessoas poderão se identificar. James Franco também está bem, mas é, provavelmente, o mais fraco do elenco: às vezes ele transmite muito bem toda o ódio que o mesmo sente pelo homem-aranha, mas às vezes ele deixa se levar pelo exagero, fazendo caras e bocas. Alfred Molina está bem, interessante a sua performance, mas não chega a ser nada de excepcional. Mas, melhor atuação do filme é a de Rosemary Harris, interpretando a tia de Peter Parker, May. Ela está extremamente carismática e transmite a dor que ela sente pela perda do marido.

A conclusão final que se tem da seqüência de “Homem-Aranha” é que esta supera o original tanto nas cenas de ação quanto na inteligência do desenvolvimento da trama.


Cotação: 4/5 (Otimo)

Até mais e abraços; Rodrigo

Ouvindo: Hey Joe - Jimi Hendrix

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Deu Zebra...Pelo menos para mim.

Ontem ocorreu a cerimônia do Globo de Ouro, prêmio considerado uma prévia do Oscar.

Bom, a noite teve algumas suspresas, mas me pareceu justo. Logo de início, os favoritos Thomas Haden Church e Virginia Madsen, ambos do filme "Sideways", foram derrotados na categoria "Ator Coadjuvante" pela dupla do filme "Closer", Clive Owen e Natalie Portman. Gostei do fato deles terem ganho, já que , estava torcendo para eles, mas parece que eu já estava prevendo que não acertaria muito naquela noite.

Para aliavar a surpresa da categoria de Ator Coadjuvante, Jamie Foxx, ganhando pela categoria de Ator Comédia/Musical, e Annette Bening, ganhando pela categoria Atriz Comédia/Musical, demonstraram que são, realmente, os dois nomes certos para concorrer a uma estatueta dourada no Oscar, e que provavelmente também vão ganhar.

Em "Melhor Roteiro", a dupla Alexander Payne e Jim Taylor confirmam favoritismo na categoria de "Roteiro Adaptado", ganhando pela segunda vez o Globo de Ouro na categoria (a anterior fora em "As Cofissões de Schimidt"). Bom, não foi desta vez que Charlie Kaufman, por "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças", ganhou (apostei nele, mais um chute errado), mas quem sabe da próxima vez.

Os favoritos Leonardo Di Caprio, que ganhou em Melhor Ator em Drama por "O Aviador" e Hillary Swank, ganhando por Melhor Atriz em Drama pelo filme "Menina de Ouro", confirman que podem concorrer ao Oscar. Caprio se mostra um ator esforçado, e parece que a sua imagem de "galã do filme 'Titanic'" está prestes a acabar; o fato de Swank ganhar parece ter sido merecido, já que muitos críticos consideram a melhor atuação de sua carreira. Tudo bem, apostei no Liam Neeson por "Kinsey" e em Imelda Staunton por "Vera Drake", confirmando meu fracasso nas apostas.

Mas, acho que a maior surpresa da noite foi na categoria de "Diretor". Os favoritos eram Alexander Payne por "Sideways" (apostei nele) e Martin Scorsese por "O Aviador"; mas nenhum dos dois ganharam. Clint Eastwood comprova que é o "queridinho" do Globo de Ouro ganhando pela terceira vez o prêmio (as anteriores foram por "Bird" e "Os Imperdoáveis"). Gostei disto, o acho um bom diretor e também um sujeito bastante simpático.

Já nas categorias de "Melhor Filme - Drama" e "Melhor Filme Comédia/Musical" não houve surpresas. No primeiro, "O Aviador" ganhou, confirmando presença no Oscar, e no segundo quem ganhou foi "Sideways", também confirmando presença (apostei nos dois e, finalmente, acertei).

Então, até o Oscar e espero que vocês não tenham errado tanto quanto eu que só acertou 4 categorias.

Até mais e abraços; Rodrigo


sexta-feira, janeiro 14, 2005

Apostas Para o Globo de Ouro 2005

A cerimônia do Globo de Ouro ocorre neste domingo e já estou com minhas apostas definidas. Acho que vocês poderão ter algumas surpresas. Então, aí vai.

Melhor Filme – Drama:



O Aviador

Comentários: Até hoje achava que "Menina de Ouro", do Clint Eastwood ia ganhar Melhor Filme - Drama, mas acabei pensando mais e acho que não vai ter tanta surpresa nesta categoria.

Melhor Ator – Drama:



Liam Neeson – Kinsey

Comentários: Acho que a maioria dos cinéfilos apostam no Leonardo Di Caprio, por O Aviador. Eu, como podem ver, acho que o Liam Neeson vai vencer. Caprio, no futuro, vai ter mais chances de ganhar do que Neeson, que talvez tenha menos chances de concorrer no futuro do Di Caprio.

Melhor Atriz - Drama:



Imelda Stauton – Vera Drake

Comentários: Imelda Staunton vem sendo favorita para concorrer à uma estatueta dourada no Oscar e seu filme, o inglês "Vera Drake" também está sendo muito elegiado. Não boto muita fé na Hillary Swank principalmente pelo fato dela já ter ganho o Globo de Ouro por "Meninos Não Choram". Então...

Melhor Filme – Comédia/Musical:



Sideways

Comentário: O filme tá sendo o queridinho da crítica americana e favorito para concorrer ao Oscar. Não tenho dúvidas que o filme de Alexander Payne vai ganhar, mas pode pintar uma zebra como "Os Incríveis" ou "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças".

Melhor Ator – Comédia/Musical:



Jamie Foxx – Ray

Comentário: Esse daí figura na lista da maioria das apostas. Caso Foxx não vença, acho que Paul Giamatti por "Sideways" pode ganhar, mas não quero me arriscar muito.

Melhor Atriz – Comédia/Musical:




Annette Bening – Being Julia

Comentários: Além dela ser favorita, não tem muita gente para concorrer disputadamente com Bening. Somente Kate Winslet por "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças" que acho que não leva o prêmio para casa.

Melhor Ator Coadjuvante:



Thomas Haden Church - Sideways

Comentários: Fiquei em dúvida entre Church e Morgan Freeman por "Menina de Ouro", mas como o segundo já ganhou Melhor Ator - Comédia/Musical por "Conduzindo Miss Dayse", acho que Chruch leva o prêmio.

Melhor Atriz Coadjuvante:



Virginia Madsen - Sideways

Comentários: Acho que está é a categoria mais disputada. Estava entre Natalie Portman por "Perto Demais", Cate Blanchett por "O Aviador" ou Madsen. Mas como Portman ainda é novinha, Blanchett já ganhou por "Elizabeth", então vou ficar mesmo com Virgini Madsen.

Melhor Diretor:



Alexander Payne – Sideways

Comentários: A dúvida para mim era entre Payne e Martin Scorsese, por "O Aviador". Mas acho que Scorsese levará mesmo é o Oscar, e como ele já ganhou o Globo de Ouro por "Gangues de Nova York", vou ficar apostano no diretor do prestigiado "Sideways" (que, aliás, tem um subtítulo terrível).

Melhor Roteiro:



Charlie Kaufman – Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças

Comentários: Acho que Kaufman vai ganhar pelo fato dele já ter concorrido por "Adaptação" e "Quero Ser John Malkovich". Para disputar com ele acho que tem Alexander Payne e Jim Taylor pelo "Sideways" e John Logan pelo "O Aviador", mas o primeiro já ganhou pelo "As Confissões de Schimidt" e não boto muita fé no Logan.

Melhor Filme Estrangeiro:



Diários de Motocicleta

Comentários: Não estou apostando em "Diários de Motocicleta" por causa do Walter Salles (principalmente porque minha aposta não vai influenciar em nada), mas porque o filme foi muito bem criticado lá fora e não tem chances de concorrer ao Oscar de Filme Estrangeiro.

quarta-feira, janeiro 12, 2005

Robert Zemeckis consegue inovar na animação "O Expresso Polar"

O Expresso Polar

Ao entrar no Cinema para assistir à “O Expresso Polar”, terceira parceria do diretor Robert Zemeckis com Tom Hanks, estava com receio de que o filme fosse muito meloso, e não muito emocionante, e que o filme quisesse, a todo instante, arrancar lágrimas do espectador, e não comover este naturalmente. Fico feliz em dizer que, enquanto ao meloso estava certo, mas enquanto às outras que falei estava profundamente enganado: “O Expresso Polar” é um filme que emociona sem querer arrancar lágrimas, é meloso, sim, mas não é um meloso que irrita, e, sim, um meloso que nos parece belo. È um filme que é tecnicamente brilhante, mas não é um filme emocionalmente frio, e, sim, um filme belo, e que, provavelmente, irá concorrer ao Oscar de Melhor Animação (ao lado, provavelmente, do fraco “O Espanta Tubarões”, do ótimo“Shrek 2”, e do excelente “Os Incríveis”, e talvez o filme “Bob Esponja” caso tenha cinco indicados).

É véspera de Natal, o protagonista da história (seu nome não é revelado em momento algum de “O Expresso Polar”; e que ficará conhecido aqui como “o garoto” ou como “nosso herói”) está deitado em sua cama. Ele é uma pessoa, que com o tempo, deixou de crer no Papai Noel: ele não tira mais fotos nem escreve cartas para o Velhinho. O nosso herói ouve um barulho e vai para fora de casa conferir o que é. Ele se depara com um enorme trem, denominado Expresso Polar, que tem como destino o Pólo Norte. O condutor deste o chama para entrar no trem. O nosso herói fica inseguro, mas acaba por entrar no veículo. Lá, ele se encontra com outras crianças que, assim como ele, não crêem na magia do Natal ou no Papai Noel. Ele faz fortes amizades, inclusive com o próprio condutor do trem, participa de aventuras, e conhece a verdadeira importância do Natal.

Baseado em uma obra de Chris Van Allsburg, o roteiro foi escrito por Robert Zemeckis e William Broyles Jr. Repleto de magia e aventura, o roteiro possui um personagem que me chamou bastante a atenção: o homem que mora em cima do vagão. Este é um personagem muito bem caracterizado, e que me chamou a atenção justamente por Zemeckis e Broyles, não mostra, diretamente, quem este personagem realmente é. Nota-se que este personagem é de grande importância para uma melhor compreensão da trama, então, decidi refletir sobre ele um pouco mais. Depois de poucos minutos, a conclusão que tirei é que este “homem que mora em cima do vagão” (seu nome também não é revelado, assim como o do protagonista) pode ser considerado como o “espírito natalino”. Muito clichê? Sim; mas em produções como este “O Expresso Polar” isto não pode ser considerado um erro. Outro ponto forte do filme é outra coisa manjada: a belíssima mensagem que o filme traz consigo: “é sempre preciso acreditar na magia do Natal”. Como falei, é uma mensagem clichê, mas que é também encantadora, e que se torna mais bonita após a competente direção do também roteirista Robert Zemeckis (irei falar sobre ela mais detalhadamente no próximo parágrafo). Outro grande ponto positivo do roteiro de “O Expresso Polar” é que os personagens estão sempre passando por problemas ao longo da viagem: o melhor de tudo é que estes problemas são resolvidos com dificuldade, o que torna a construção da história ainda mais real e crível. Isto também faz com que os personagens estejam sempre passando pelas mais diversas aventuras, o que torna a viagem ainda mais interessante. Mas o roteiro do filme não é perfeito. Seu maior defeito é a infantilidade da trama, até sua mensagem para ser meio bobinha apesar de interessante.

A direção é feita pelo ganhador do Oscar, Robert Zemeckis. Com certeza, o que mais chama a atenção nesta é já tão falada técnica de “captação de movimentos”: mais conhecida por ser usada na projeção de Gollum, da trilogia “O Senhor Dos Anéis”, “O Expresso Polar” se mostra extremamente inovador ao ser, provavelmente, o primeiro a ser rodado todo desta maneira; o que faz com que a direção de Zemeckis, em relação a este aspecto, seja ainda mais original. Aliás, Zemeckis também prova em “O Expresso Polar” ser um excelente diretor de elenco, pois ele conseguiu com que os atores trabalhassem de uma competente forma contracenando somente com fundo azul. Mas, esta técnica não é somente boa por isso: ela também é irrepreensível: as dobras da roupa do garoto, o trem; tudo se aproxima da perfeição. Outro grande ponto forte de sua direção é a sua habilidade com a câmera. Em uma seqüência, por exemplo, Zemeckis filma a “jornada” de uma passagem para Expresso Polar (o nosso herói tenta mostrar esta passagem para o condutor do trem, pois ele se esqueceu de “picotar): bastante similar à trajetória da pena em “Forrest Gump”, Zemeckis filma com maestria toda a jornada. Outra seqüência que destaca a habilidade do diretor com a câmera, é a cena em que o trem está atravessando uma colina (ou ladeira, como quiser), e o mesmo não consegue diminuir a velocidade: como o condutor, o nosso herói e sua amiga estão na parte da frente do trem, Zemeckis filma em primeira pessoa, e isto faz com que o espectador se sinta como o nosso herói, a amiga deste e o condutor. E o resultado final da direção é absolutamente admirável.

Enquanto às atuações, estas já são um caso a parte. Como falei, os atores contracenam somente com um fundo azul, e todos os seus movimentos são captados por meio de raios-infravermelhos, e isto permite que, seja o ator grande ou pequeno, este possa interpretar diferentes papéis. E é isto que ocorre aqui, em “O Expresso Polar”: o sempre competente Tom Hanks vive seis papéis diferentes aqui: o condutor do trem; o nosso protagonista; o pai do nosso protagonista; papai Noel; e o Andarilho. E nas versões em que ele mais se destaca (respectivamente, o condutor do trem; o nosso herói; papai Noel; e o Andarilho), o espectador acredita, por exemplo, que quem interpreta o nosso herói é realmente um menino de 10 anos, ou seja, Hanks vive vários personagens de uma maneira totalmente diferente, tanto nos seus movimentos, como na dublagem dos personagens. Tom Hanks já comprovou ser um ator excepcional, e a sua performance em “O Expresso Polar” é só mais uma para entrar na sua lista de “excelentes atuações”. O resto do elenco também está muito por ter feito um competente trabalho.

Quando “O Expresso Polar” chega ao fim, a sensação que o espectador sente é de grande bem-estar. É verdade que o filme é meio infantil, como cheguei a falar, mas isto não impede do filme ser ao mesmo tempo tecnicamente perfeito e emocionante.

Cotação: ****/***** (Ótimo)

Até mais e abraços; Rodrigo

terça-feira, janeiro 11, 2005

Dando o primeiro passo

Há muito tempo venho lendo vários blogs de cinema, mas nunca tive vontade de criar um. Pois é, tomei coragem e criei um. O título é uma "alusão" ao nome original do filme de Paul Thomas Anderson (diretor que eu adoro e que considero um dos melhores da atualidade juntamente com Quentin Tarantino), Punch Drunk Love. Bom, aqui neste blog vocês, leitores, vão encontrar críticas sobre filmes com as suas respectivas cotações (variando de 1 estrela à 5), e alguns comentários sobre música, livros; mas o principal foco do blog será mesmo o cinema. Então, sintam-se à vontade!

Abraços!

Posted by Rodrigo