Sem Grandes Pretensões, "A Vila" surge como uma Metáfora, mas é comprometida pelas falhas do roteiro
A Vila
“Ame ou Odeie”. Assim é que foi considerado este mais novo filme do diretor M. Shyamalan, de “O Sexto Sentido”, “A Vila”. E talvez tenha sido isto o que despertou minha curiosidade por este filme: será que eu iria ama-lo ou odiá-lo...ou será que ia ficar no meio termo. Minha resposta é: nenhuma das três opções apresentadas. Não amei o filme, não o detestei e também não o achei mediano, é apenas um bom filme. Quer dizer, é apenas um ótimo filme. Mas, infelizmente, também é um filme que poderia ser tão bom quanto os dois primeiros do diretor (“O Sexto Sentido” e “Corpo Fechado”). Mas, por outro lado, este “A Vila” pode ser considerado um dos projetos mais sérios do diretor, já que, como não foi com os três longas anteriores, não possui grande apelo ao suspense. Sim, o filme também tem várias coisas do gênero que acabei de falar, porém “A Vila” também possui uma interessante carga emocional. Mas... por outro lado, “A Vila” tem furos que não podem passar despercebidos, e que me fizeram retirar uma estrela do filme.
O ano é 1897. Os moradores de uma pacata vila vivem atormentados com uma floresta em frente ao vilarejo. Segundo os anciões da pequena cidade, a floresta é habitada por seres sobrenaturais que não gostam de serem perturbados. Para resolver o problema, os anciões fizeram um acordo em que nenhum dos moradores (tanto da vila como da floresta) não invadissem a propriedade alheia. Porém, Lucius Hunt quer ultrapassar a fronteira, e ir à cidade grande para comprar remédios para os moradores do vilarejo. Além disto, as criaturas da floresta estão prestes a quebrar a trégua.
Há dois grandes filmes neste novo trabalho de Shyamalan: o primeiro é a história que apresentei acima; já a segunda ocorre a partir de um acontecimento que muda parte do rumo da trama (que, logicamente, não irei contar). O roteiro, também escrito por Shyamalan, consegue fazer um feito admirável: equilibrar as duas histórias de uma forma em que os personagens entrem em conflito em quebrar ou não as regras. E este é um dos grandes trunfos do roteiro. Outro ponto positivo deste é a construção da trama: o filme funciona principalmente como uma metáfora das pessoas que não podem cruzar as fronteiras para conseguir uma vida melhor. Também funciona como uma crítica ao mundo cruel e violento dos dias de hoje (e o final deixa isto claro). Mas, se a conclusão do filme pode ser inteligente, esta, infelizmente, também deixou alguns problemas: grandes e notáveis furos no roteiro. Caso Shyamalan tivesse construído seu roteiro com menos pressa e com mais cuidado, o filme não teria estes problemas que impedem do filme ser realmente excelente.
Já a direção de Shyamalan consegue ser melhor que o roteiro. Em seus filmes anteriores, era comum ter pesadelos ou não conseguir dormir por causa da sempre tensa e nervosa narrativa que o diretor impõe ao filme, além é claro de levar grandes sustos durante a projeção do filme. Aqui, em “A Vila”, a narrativa do “primeiro filme” (ver parágrafo anterior) é totalmente diferente da do segundo. No primeiro, Shyamalan sempre deixa o espectador tenso e um clima de suspense. Já no segundo, o diretor impõe uma narrativa mais dramática, sem deixar o clima de tensão de lado (além, também, dele utilizar, neste “segundo filme”, uma câmera nervosa); e isto faz de “A Vila” um filme bem mais profundo e interessante do que muitos imaginam. Shyamalan também ganha méritos ao deixar o espectador sempre grudado na ponta da cadeira, despertando a curiosidade do mesmo a todo o momento.
As atuações também são ótimas. O maior destaque é, sem dúvida, Bryce Dallas Howard, filha do diretor Ron Howard (que considero apenas regular). A garota interpreta fielmente Ivy. Ela faz da mesma uma pessoa que o espectador facilmente aprende a gostar, graças ao carisma da jovem, e que é extremamente sensível. Outro que está ótimo é Adrien Brody, interpretando o jovem que tem problemas mentais, Noah Percy. Felizmente, parece que Brody é realmente um ator talentoso, e que não é uma pessoa de um papel só (no caso o protagonista do emocionante “O Pianista”). Ele faz de Percy uma pessoa de grande sensibilidade, além de interpretar fielmente e sem exageros o personagem. Outros do elenco que estão bem, são Joaquin Phoenix, interpretando o corajoso Lucius Hunt, e o ganhador do Oscar por “O Beijo da Mulher-Aranha”, William Hurt.
Enfim, quando ‘A Vila” chega ao seu final a sensação é que o filme poderia ser bem melhor. Poderia ter sido, sem dúvida, um dos melhores do ano que passou, e até mesmo ter feito jus à “O Sexto Sentido”; mas, ainda com seu notáveis furos no roteiro, é um ótimo filme e de, surpresa, grande sensibilidade.
Cotação: 4/5
Até mais e abraços; Rodrigo
“Ame ou Odeie”. Assim é que foi considerado este mais novo filme do diretor M. Shyamalan, de “O Sexto Sentido”, “A Vila”. E talvez tenha sido isto o que despertou minha curiosidade por este filme: será que eu iria ama-lo ou odiá-lo...ou será que ia ficar no meio termo. Minha resposta é: nenhuma das três opções apresentadas. Não amei o filme, não o detestei e também não o achei mediano, é apenas um bom filme. Quer dizer, é apenas um ótimo filme. Mas, infelizmente, também é um filme que poderia ser tão bom quanto os dois primeiros do diretor (“O Sexto Sentido” e “Corpo Fechado”). Mas, por outro lado, este “A Vila” pode ser considerado um dos projetos mais sérios do diretor, já que, como não foi com os três longas anteriores, não possui grande apelo ao suspense. Sim, o filme também tem várias coisas do gênero que acabei de falar, porém “A Vila” também possui uma interessante carga emocional. Mas... por outro lado, “A Vila” tem furos que não podem passar despercebidos, e que me fizeram retirar uma estrela do filme.
O ano é 1897. Os moradores de uma pacata vila vivem atormentados com uma floresta em frente ao vilarejo. Segundo os anciões da pequena cidade, a floresta é habitada por seres sobrenaturais que não gostam de serem perturbados. Para resolver o problema, os anciões fizeram um acordo em que nenhum dos moradores (tanto da vila como da floresta) não invadissem a propriedade alheia. Porém, Lucius Hunt quer ultrapassar a fronteira, e ir à cidade grande para comprar remédios para os moradores do vilarejo. Além disto, as criaturas da floresta estão prestes a quebrar a trégua.
Há dois grandes filmes neste novo trabalho de Shyamalan: o primeiro é a história que apresentei acima; já a segunda ocorre a partir de um acontecimento que muda parte do rumo da trama (que, logicamente, não irei contar). O roteiro, também escrito por Shyamalan, consegue fazer um feito admirável: equilibrar as duas histórias de uma forma em que os personagens entrem em conflito em quebrar ou não as regras. E este é um dos grandes trunfos do roteiro. Outro ponto positivo deste é a construção da trama: o filme funciona principalmente como uma metáfora das pessoas que não podem cruzar as fronteiras para conseguir uma vida melhor. Também funciona como uma crítica ao mundo cruel e violento dos dias de hoje (e o final deixa isto claro). Mas, se a conclusão do filme pode ser inteligente, esta, infelizmente, também deixou alguns problemas: grandes e notáveis furos no roteiro. Caso Shyamalan tivesse construído seu roteiro com menos pressa e com mais cuidado, o filme não teria estes problemas que impedem do filme ser realmente excelente.
Já a direção de Shyamalan consegue ser melhor que o roteiro. Em seus filmes anteriores, era comum ter pesadelos ou não conseguir dormir por causa da sempre tensa e nervosa narrativa que o diretor impõe ao filme, além é claro de levar grandes sustos durante a projeção do filme. Aqui, em “A Vila”, a narrativa do “primeiro filme” (ver parágrafo anterior) é totalmente diferente da do segundo. No primeiro, Shyamalan sempre deixa o espectador tenso e um clima de suspense. Já no segundo, o diretor impõe uma narrativa mais dramática, sem deixar o clima de tensão de lado (além, também, dele utilizar, neste “segundo filme”, uma câmera nervosa); e isto faz de “A Vila” um filme bem mais profundo e interessante do que muitos imaginam. Shyamalan também ganha méritos ao deixar o espectador sempre grudado na ponta da cadeira, despertando a curiosidade do mesmo a todo o momento.
As atuações também são ótimas. O maior destaque é, sem dúvida, Bryce Dallas Howard, filha do diretor Ron Howard (que considero apenas regular). A garota interpreta fielmente Ivy. Ela faz da mesma uma pessoa que o espectador facilmente aprende a gostar, graças ao carisma da jovem, e que é extremamente sensível. Outro que está ótimo é Adrien Brody, interpretando o jovem que tem problemas mentais, Noah Percy. Felizmente, parece que Brody é realmente um ator talentoso, e que não é uma pessoa de um papel só (no caso o protagonista do emocionante “O Pianista”). Ele faz de Percy uma pessoa de grande sensibilidade, além de interpretar fielmente e sem exageros o personagem. Outros do elenco que estão bem, são Joaquin Phoenix, interpretando o corajoso Lucius Hunt, e o ganhador do Oscar por “O Beijo da Mulher-Aranha”, William Hurt.
Enfim, quando ‘A Vila” chega ao seu final a sensação é que o filme poderia ser bem melhor. Poderia ter sido, sem dúvida, um dos melhores do ano que passou, e até mesmo ter feito jus à “O Sexto Sentido”; mas, ainda com seu notáveis furos no roteiro, é um ótimo filme e de, surpresa, grande sensibilidade.
Cotação: 4/5
Até mais e abraços; Rodrigo
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