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Punch Drunk Movies

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terça-feira, janeiro 18, 2005

E a Aranha Está de Volta

Homem-Aranha 2



Na maioria das vezes, os roteiros de filmes baseados em histórias em quadrinho se importam mais em mostrar ação, cenas de lutas do que os dramas vivido pelo protagonista. Sim, existem bons filmes baseados em quadrinhos que conseguem ter um resultado pelo menos satisfatório (como, por exemplo, os dois “X-Men”). Mas nestes falta um maior estudo do personagem central, o que impede que o espectador se identifique com o mesmo. Felizmente, nesta seqüência do bom “Homem-Aranha”, isto não acontece. Poucas vezes, o roteiro decide mostrar o herói do filme como um personagem complexo, e que possui crise de identidade. Isto me leva a crer que Peter Parker seja o super-herói mais normal da telona, o personagem mais fácil de se identificar.

Mas, tenho que admitir, um filme sobre um cara que salva pessoas e usa uma roupa de aranha não seria nada sem algumas cenas de ação. Não estou falando de cenas de ação estúpidas como as realizadas no ruim “O Pagamento”, filme dirigido pelo cada vez pior John Woo, e sim de seqüências que possuem uma ótima dinâmica e em que o espectador se interesse pelo destino do protagonista. E Sam Raimi, o diretor do filme, faz isto com grande e notável competência.

Peter Parker cursa uma faculdade, trabalha como fotógrafo para um jornal da cidade de Nova York, e de vez em quando trabalha em lugares, como uma pizzaria, para conseguir mais dinheiro e conseguir pagar o aluguel de seu apartamento. Uma pessoa normal? Por esta descrição, sim. Mas Parker possui uma outra identidade: ele foi picado por uma aranha há dois anos atrás, e deste então adquiriu poderes como soltar teias. Ele passa maior parte do seu dia socorrendo pessoas em perigo pelas ruas de Nova York. Mas isto também tem seu lado ruim: além de sempre estar cansado, Parker tem que suportar a paixão que este sente por sua Mary Jane, já que ninguém pode saber a sua outra identidade. Além disto, o rapaz é amigo de Henry, um jovem que teve o pai assassinado (o vilão do filme anterior) por Peter como o homem-aranha, e o mesmo terá que lutar contra um novo vilão: o Dr. Octopus, que depois de uma experiência cientifica que deu errado, utiliza quatro tentáculos para destruir seus inimigos.

Como falei no início desta crítica, o roteiro de Alvin Sargent consegue ser extremamente original em um certo aspecto: a construção dos personagens, principalmente do protagonista. Ele transforma Peter Parker em uma pessoa ambígua, extremamente complexa. E, felizmente, é fácil compreender os problemas do herói: antes de Parker sofrer a tal crise de identidade, o mesmo vai sofrendo grandes problemas (como o fato de sua amada está namorando outro homem) que justificam a crise que o personagem sofre. Outro grande ponto forte do roteiro de Sargent é que este impõe no mesmo algumas seqüências de ação sem exagerar na dose. As cenas dramáticas e cômicas são em maior escala do que as cenas de luta, o que também não deixa de ser original. Aliás, as seqüências cômicas presentes no roteiro são outros atrativos: Sargent cria uma trama séria com diálogos e situações inspiradas, como pro exemplo a cena do elevador que é, no filme, uma das minhas preferidas. Mas, estes diálogos que tentam ser reflexivos tornam-se às vezes muito repetitivo e moralista demais, mas isto não atrapalha a conclusão final do filme. O roteirista também consegue fazer um inteligente desenvolvimento da trama: Sargent, na maioria das vezes, põe os seus personagens em conflito com várias coisas (como por exemplo o porque de Peter Parker não ficar com Marie Jane, ou o motivo do Dr. Octopus para ir atrás do homem-aranha).

A direção de Sam Raimi também consegue, assim como o roteiro, ser bastante competente. O diretor de clássicos do anos 80, como, por exemplo, a trilogia “Uma Noite Alucinante”, consegue fazer de “Homem-Aranha 2” um filme bem superior do que o primeiro. A forma como ele dirige as cenas de ação é segura e eficaz. E isto fica comprovado na seqüência em que Dr. Octopus e o homem-aranha estão lutando em cima de um metrô: a cena pode até parecer um pouco “mentirosa”, mas é dirigida com maestria por Raimi. Ele também utiliza ao longo do filme ótimos enquadramentos, como em todas as cenas em que o homem-aranha está sobrevoando a cidade de Nova York. E estas cenas se tornam ainda mais plausíveis pelo fato do diretor fazer com que o espectador se sinta em cima dos grandes edifícios da cidade de Nova York sem utilizar a câmera em primeira pessoa. A estrutura narrativa adotada por ele também é ótima: o espectador se preocupa com o futuro de Peter Parker (mérito também do carisma do ator Tobey Maguire e novamente do roteiro que faz de Parker uma pessoa bastante vulnerável).

As atuações do filme não são brilhantes, mas a maioria consegue a simpatia do espectador. Maguire, como coloquei acima, está bastante carismático. O acho um ator talentoso (apesar dele, na maioria das vezes, fazer de seu personagem uma pessoa abobalhada), e aqui ele se saia muito bem. Kirsten Dunst também é outra atriz talentosa (fato comprovado no maravilhoso “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”) e aqui ela interpreta sua personagem fielmente, fazendo com que Mary Jane se torne uma pessoa que muitas pessoas poderão se identificar. James Franco também está bem, mas é, provavelmente, o mais fraco do elenco: às vezes ele transmite muito bem toda o ódio que o mesmo sente pelo homem-aranha, mas às vezes ele deixa se levar pelo exagero, fazendo caras e bocas. Alfred Molina está bem, interessante a sua performance, mas não chega a ser nada de excepcional. Mas, melhor atuação do filme é a de Rosemary Harris, interpretando a tia de Peter Parker, May. Ela está extremamente carismática e transmite a dor que ela sente pela perda do marido.

A conclusão final que se tem da seqüência de “Homem-Aranha” é que esta supera o original tanto nas cenas de ação quanto na inteligência do desenvolvimento da trama.


Cotação: 4/5 (Otimo)

Até mais e abraços; Rodrigo

Ouvindo: Hey Joe - Jimi Hendrix