Punch Drunk Movies


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I have come here to chew bubble gum and kick ass... and I'm all out of bubble gum.

terça-feira, junho 05, 2007

Junho

Última Atualização (05/07): Shrek 3; Dreamgirls; Flandres




170. Zodíaco (Zodiac, 2007, David Fincher) - ***

[Principalmente se comparado a Clube da Luta, um avanço dos mais impressionantes. Fincher finalmente parece conseguir conciliar um senso estético extremamente apurado à dramaturgia da obra. Os artifícios técnicos utilizados não estão presentes exclusivamente para que o diretor exercite um estilo e sim para recriar a atmosfera de uma determinada época: é um filme extremamente retrô, clássico, de modo que chega a lembrar produções policiais da década de 70 (e, neste sentido, Zodíaco parece ser um filme – posso estar sendo equivocado - estranhamente cinéfilo – o cartaz de Dirty Harry em um cinema soa mais como homenagem do que qualquer outra coisa), mas sempre parecendo ser um produto bastante moderno (ou seja, não é uma bobagem nostálgica). Fincher consegue ser expressivo sem querer reinventar a roda, e a prova disso são as cenas que reconstituem os assassinatos, com destaque especial para aquela do campo, de uma secura enorme (será que eu vi um filme do David Fincher mesmo?). O mais surpreendente, no entanto, á atenção reservada aos personagens, o de Jake Gyllenhall, especialmente: é construído, incialmente, como um garoto correto, trabalhador, um “escoteiro”, mas vai logo se destruindo pela obsessão que tem com o caso do Zodíaco (o mesmo também acontece com os personagens de Mark Ruffalo e Robert Downey Jr., ambos excelentes). Gosto muito de como não há a necessidade de conceder ao espectador explicações redondinhas a respeito da trama; é, como muito já disse, uma espécie de anti-thriller, trabalhando perfeitamente com seu anti-clímax, uma cena final apropriadamente abrupta. Aliás, o filme todo parece se basear nessa espécie de quebra de expectativa; posso citar duas cenas: uma é aquela em que o protagonista vai à casa de um suposto amigo do assassino-título; a outra, retrata o interrogatório do principal suspeito de ser o tal serial killer. Estes dois momentos talvez representem o amadurecimento que muitos vêm constatando na mise-en-scene de Fincher: ambas constroem sua tensão através da palavra, da rápida troca de diálogos (e de ângulos de câmera também), da espontaneidade do texto. É, certamente, um progresso, um excelente progresso.]

171. Pauline na Praia (Pauline à la Plage, 1981, Eric Rohmer) - ***

172. Asas do Desejo (Der Himmel über Berlin, 1987, Wim Wenders) - ***

173. Três Mulheres (3 Women, 1977, Robert Altman) - **

174. Tempo de Guerra (Les Carabiniers, 1963, Jean-Luc Godard) - **

175. Procurando Encrenca (Flirting with Disaster, 1996, David O. Russell) - ***

176. Um Casal Perfeito (An Perfect Couple, 1979, Robert Altman) - * [quase bola preta]

177. Short Cuts (idem, 1993, Robert Altman) - ****

178. Imitação da Vida (Imitation of Life, 1934, John M. Stahl) - *

179. Um Lobisomem Americano em Londres (An American Werewolf in London, 1981, John Landis) - ****

180. Memórias de um Assassino (Salinui Chueok, 2003, Boog Joon-Ho) - ***

181. Não por Acaso (idem, 2007, Philippe Barcinski) - *

182. O Virgem de 40 Anos (The 40 Year Old Virgin, 2005, Judd Apatow) - ***

183. El Dorado (idem, 1967, Howard Hawks) - ****

184. Doze Homens e Outro Segredo (Ocean's Twelve, 2004, Steven Soderbergh) - ***

185. A Morte do Demônio (Evil Dead, 1981, Sam Raimi) - **

186. Um Casal Admirável (2002, Lucas Belvaux) - *

187. Quatro Irmãos (Four Brothers, 2005, John Singleton) - ***

188. Perseguidor Implacável (Dirty Harry, 1971, Don Siegel) - ***

189. Enigma do Poder (New Rose Hotel, 1998, Abel Ferrara) - ***

[Estranhíssimo e excessivo, como muita gente diz, mas também é algo fascinante. Exercício com a montagem, cheia de elipses, planos sobrepostos, etc., dá impressão de que tudo aqui é estruturado como se fosse um sonho. É também uma grande crítica ao mundo corporativo, nos mostrando personagens com vidas vazias, regadas simplesmente a ganância e a luxúria, mas a surpresa é que todo o sexo aqui (nunca explícito) é mostrado com uma sensibilidade e ternura impressionantes, principalmente devido ao modo como Ferrara filma a mulher, Asia Argento, em especial (figura quase que mítica dentro do filme). Me interessa muito também todo o terceiro ato, que se sustenta quase todo nas recordações (pelo que eu entendi, é claro) que Willem Dafoe guarda da personagem de Asia. Muito ainda a se comentar (escreverei mais quando organizar melhor meus pensamentos e quando estiver em um momento mais propício à escrita), mas a conclusão que fica é que New Rose Hotel deve ser um dos filmes mais subestimados da década passada (não duvido que se revele uma obra-prima na revisão).]

190. O Amigo Americano (Der Amerikanische Freund, 1977, Wim Wenders) - ***

191. Shrek Terceiro (Shrek The Third, 2007, Chris Miller e Raman Hui) - *

192. Dreamgirls (idem, 2006, Bill Condon) - *

193. Flandres (idem, 2006, Bruno Dumont) - *

Foto: El Dorado, de Howard Hawks