Punch Drunk Movies


Punch Drunk Movies

I have come here to chew bubble gum and kick ass... and I'm all out of bubble gum.

sexta-feira, maio 27, 2005

Teoria da Conspiração

A Intérprete (The Interpreter, 05)

Nicole Kidman and Sean Penn in Universal Pictures' The Interpreter

Ultimamente, um dos poucos thrillers de suspense que realmente me chamou a atenção foi o filmaço “Sob o Domínio do Mal”. Neste filme de Jonathan Demme, a trama é construída originalmente, fugindo de muitos dos clichês do gênero. E lembro-me que achava que “A Intérprete” seria mais um bom exemplo de ótimos filmes atuais que envolvem intrigas políticas. Afinal, o filme é dirigido pelo aclamado Sidney Pollack, tem um roteiro escrito pela mesma pessoa que escreveu “A Lista de Schindler” (que na minha opnião é um dos melhores filmes sobre o Holocausto já feito) e “Gangues de Nova York” (que acho um exclente filme do Scorsese), e tem dois atores competentes como protagonistas (Sean Penn e Nicole Kidman). Mas, infelizmente, eu estava enganado. Não que “A Intérprete” seja um filme ruim, mas tem erros (a maioria no roteiro) que quase acabam com a produção.

Silvia Broome (Nicole Kidman) trabalha como interprete na Organização das Nações Unidas (ONU). Certo dia, porém, ela ouve uma ameaça a um chefe de estado africano, que é pronunciado em um dialeto que somente ela e poucas pessoas sabem falar nas Nações Unidas. Assim, ela irá ficar sob a guarda de (Sean Penn), mas muitas reviravoltas vão acontecer na sua vida.

O roteiro escrito a seis mãos de Zaillian, Charles Randolph e Scott Frank não tem muito o que acrescentar no gênero de suspenses envolvendo conspirações. Infelizmente, como em muitos filmes, ele cai nas armadilhas das reviravoltas: em “A Intérprete”, estas vêm em grande escala, sem nenhuma necessidade, já que trama era inteligente o bastante; e isto faz uma confusão de idéias na cabeça do espectador (o mesmo mal que sofre o recente e apenas mediano “Spartan”). O fato da identidade da personagem de Kidman ser mudada várias vezes no decorrer da projeção também é infeliz, e chega a um ponto que cansa e se torna previsível (como o terceiro ato da história). Um dos poucos pontos fortes do roteiro é a ótima construção da cena que passa dentro de um ônibus: ao contrário do restante, ela é surpreendente.

Já a direção de Pollack é ótima. Ele se destaca na narrativa sempre tensa, e que poderia ser mais envolvente caso, como já falei, não fosse o fraco roteiro. Volto a citar agora a cena do ônibus, que possui uma ágil direção: além de deixar o espectador na ponta da cadeira (ansioso pelo o que está para acontecer), os atores são bem conduzidos.

As atuações também são boas. Nicole Kidman (que está linda; só que não mais que em “Moulin Rouge”) está carismáticas e desempenha bem o seu personagem (só que nada de excepcional). Já Sean Penn está fantástico. Ele, que é um ator fora de série, atua bem até em um papel que não exige muito dele (como este em “A Intérprete”). O filme vale a pena ser visto especialmente por ele.
Enfim, “A Intérprete” é apenas um bom filme. Pode não ter a pretensão de querer mudar as regras do cinema, mas é uma produção que no outro dia pode ser facilmente esquecida. Vale a pena mesmo somente por Sean Penn.
Cotação: 3/5 (6,5)
Até mais e abraços; Rodrigo
Ouvindo: Interpol - Slow Hands

domingo, maio 22, 2005

O Fim da Grande Saga

Star Wars: Episódio III - A Vingança dos Sith



Era uma vez... um homem chamado George Walter Lucas Jr. Ele, nascido em 1944, criou, somente com 33 anos (em 1977), uma das maiores sagas de todos os tempos. Se chamava “Star Wars”, e que, além de ter feito uma revolução no quesito de efeitos especiais, possuía uma trama das mais criativas. “Uma Nova Esperança”, o nome do primeiro filme da série, narrava uma história passada em uma galáxia muito distante, onde o bem (os Jedis) e o mal (O The Dark Side Of The Force) vivem uma intensa luta. Depois, Lucas deu uma (enorme) parada nos filmes. “O Império Contra-Ataca”, de 1980, ficou nas mãos de Irvin Kershner, que conseguiu fazer uma filme obscuro, se saindo excelentemente. Ainda parado, em 1983 foi a vez de Richard Marquand dirigir um Episódio da série, “O Retorno de Jedi”, que é também muito bom. E foi só em 1999 que Lucas foi voltar, com os dois primeiros episódios da série: “A Ameça Fantasma” (filme muito fraco) e “O Ataque dos Clones” (de 2002, e que é bom).

E no ano de 2005, com “A Vingança dos Sith” Lucas vem para finalizar a série, desta vez mostrando como e porque Anakin Skywalker viria a ser o Darth Vader. E o resultado não podia ser melhor. O roteiro escrito por ele se sai bem ao não deixar furos com relação ao filme que antecede este (“Uma Nova Esperança”), mostrando que tudo foi feito com bastante paciência e cuidado; as respostas para as dúvidas deixadas Também é interessante ver o estudo que ele faz em cima de Anakin: mesmo sendo um dos mais habilidosos Jedis, ele está sujeito a ir para o Lado Negro, dando, assim, mais humanidade ao personagem (e também aos Jedis em geral). Também é bem relatada a relação entre Anakin/Obi-Wan, e, principalmente, Anakin/Palpatine. A primeira já havia sido mostrada no episódio anterior, só que desta vez ela vem com mais intensidade; e a segunda mostra como o Darth Sidious (Palpatine) seduziu Anakin para ir para o outro lado. Porém, é claro que Lucas comete erros. Pequenos erros, na verdade. O mais grave de todos são alguns diálogos um tanto clichês, como o “Noooooooooooooooooo” dito por um dos personagens no parte final. Mas nada que atrapalhe o resultado final.

A direção de Lucas também é muito boa. Logo nos primeiros minutos vemos um espetáculo invadir a tela: Anakin e Obi-Wan tentam resgatar o Senador das mãos de Conde Dooku. Seqüências empolgantes e belos movimentos de câmera. Mas confesso que, até o começo do segundo ato, estava me sentido um tanto decepcionado. Estava achando um ótimo filme, mas não tudo o que estavam falando lá fora. Porém, depois desta parte que citei o filme melhora imensamente: a carga dramática da história ganha força, e a narrativa se torna até mesmo sombria. As lutas também são bem conduzidas, principalmente a tensa batalha entre Obi-Wan e Anakin, que é uma das melhores cenas do ano, até então.

As atuações também são ótimas. Natalie Portman, interpretando Padmé, está muito bem; fiel a sua personagem (além de estar linda, como sempre). Já eu continuo achando que Hayden Christensen não nasceu para o papel de Anakin Skywalker. Não que ele esteja terrível, mas existem outros atores jovens com bem mais talento. Sua atuação durante a primeira hora de filme não é grande coisa; está inexpressivo. Porém, depois, ele cresce de rendimento, ficando mais livre com seu personagem (gostei dele). A elogiada atuação de Ian McDiarmid, fazendo Palpatine, também é ótima: as facetas que seu personagem exige não vem de forma exagerada, e sim de forma natural. Porém, o melhor do elenco é mesmo Ewan McGregor. Percebe-se que ele se esforça muito, e consegue interpretar com emoção Obi-Wan Kenobi.

Enfim, “Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith” é um excelente filme. Não achei uma obra-prima (talvez porque eu não seja um fã, apesar de gostar bastante), mas Geroge Lucas conseguiu finalizar com competência, fazendo, ao lado de “O Império Contra-Ataca”, o melhor filme da série.


Cotação: 5/5

Até mais e abraços; Rodrigo

Ouvindo: David Bowie - Rebel, Rebel

terça-feira, maio 17, 2005

Em Busca do Ouro

Três Reis (Three Kings, 99)



Curiosamente, tive várias oportunidades de assistir “Três Reis”. E não assisti por, respectivamente, duas coisas: 1) não estava com nenhum interesse em relação ao filme e 2) não conhecia o diretor David O. Russel. São duas razões absolutamente normais quando se trata de um filme; porém com “Três Reis” é diferente: após o termino da projeção, senti que eu era um absurdo; não pela razão “1”, mas pelo meu desconhecimento do diretor David O. Russel; que todos devem procurar conhecer melhor seu estilo, pois talvez a originalidade do diretor talvez possa surpreender qualquer pessoa, como eu me surpreendi.

É março de 1991, a Guerra do Golfo chega ao fim. Todos os soldados norte-americanos estão comemorando sua volta para casa. Até Archie Gates, Troy Barlow, Chiefe Elgin e Conrad Vig; quer dizer, até certo momento, pois Troy, Conrad e Chiefe descobrem um mapa entre civis iraquianos. Analisando este, os três descobrem que o mapa mostra um caminho para encontrar o ouro que Saddam Hussein roubou do Kuwait. Além de Troy, Chiefe e Conrad, Archie Gates se junta ao grupo ao ouvir rumores entre os soldados deste mapa. Porém os quatro soldados não estão sozinhos nesta disputa: a repórter Adriana está louca para escrever uma matéria sobre o ocorrido.

O roteiro é escrito por David O. Russel. Ele mostra grande competência ao escrever o roteiro, tornando-o extremamente original, o que me leva a crer que o filme foi injustiçado na categoria “Roteiro Original” no Oscar. Ainda mostrando competência, Russel não coloca em seu roteiro somente cenas com humor ou com uma carga de comédia, como também mostra a realidade das pessoas no Iraque, tanto civis quanto soldados (em uma cena, O. Russel mostra uma criança armada, o que é uma realidade). Ele também retrata muito bem os grupos de rebeldes existentes ali, as pessoas que lutam contra o governo de Saddam. Outro bom ponto no roteiro é o desenvolvimento deste; que faz uma certa crítica à guerra, e ao governo tanto americano quanto Iraquiano. Russel também nos presenteia com seqüências brilhantes, que falarei mais detalhadamente a seguir.

A direção do filme também é feita por David O. Russel. Ele impõe ao filme um humor absolutamente fantástico, pouco visto em filmes atualmente. Porém, demonstrando competência não só no roteiro como na direção, em cenas que tem que possuir uma carga emocional grande, ele faz desta uma cena dramática, mas se a cena tiver que ter um humor, ele também a faz. Mas na sua direção, O. Russel também presenteia o espectador com seqüências excelentes e originais; como por exemplo, a cena em que o personagem de George Clooney mostra como é uma bala entrando dentro de uma pessoa; nesta mesma seqüência, o personagem de George Clooney mostra como os personagens Mnark Wahlberg, Ice Cube e Spike Jonze devem enfrentar à segurança do lugar secreto onde o ouro está guardado: nesta cena, o espectador é surpreendido com uma explosão excelente. Bom, mas existem outras seqüências memoráveis, que não saem da minha cabeça, e estas seqüências tornam a direção de David O. Russel ainda mais excepcional.

Enquanto as atuações, estas estão boas. O quarteto principal (formado por Ice Cube, Mark Wahlberg, George Clooney e Spike Jonze) está muito bem: Cube foi uma surpresa, principalmente pelo fato dele não ser ator, mas sua atuação foi até um pouco acima do que eu esperava; Wahlberg também está muito bem, ele faz de seu personagem, Troy, uma pessoa humana que se preocupa com sua família; Clooney também está ótimo, seu personagem conseguiu ganhar minha simpatia; e, por fim, chega Spike Jonze (sim, este Spyke Jonze é o mesmo cara que dirigiu “Quero Ser John Malkovich” e “Adaptação”), que assim como Ice Cube, me surpreendeu. Achei que ele só tinha talento na direção, mas ele provou que é um bom ator (porém ele continua sendo melhor na direção). Outros do elenco que merecem destaque são Nora Dunn, interpretando a ambiciosa repórter Adriana Cruz; e Cliff Curtis, interpretando o líder da rebelião, Amir Abdullah.

“Três Reis” é um filme, em todos os aspectos, surpreendente. Não esperava que a direção de David O. Russel fosse tão eficiente, que o roteiro fosse tão original e que as atuações fossem tão convincentes. E a conclusão final é: “Três Reis” é um filmão. Imperdível.

Cotação: 5/5

Até mais e abraços; Rodrigo

Ouvindo: New Order - Crystal

PS: No fim de semana que passou fui ver "A Intérprete". Bom filme, mas bem fraquinho. Estou fazendo um texto.

quarta-feira, maio 11, 2005

Michael Winterbottom tenta ser alguma coisa em um filme sobre...o nada.

Código 46 (Code 46, 03)



Ao assistir “Código 46”, filme dirigido por Michael Winterbottom, é inevitável não pensar em um filme que fala sobre a escassez do amor no futuro: “Dogma do Amor”, de Thomas Vitenberg (que é ruim, só que não a grande porcaria que muitos alegaram). Mas não as duas produções se igualam não somente neste sentido: tanto no filme de Vitenberg quanto no de Winterbottom a falta de amor que nos atinge hoje em dia é tratado de uma forma um tanto metafórica. No primeiro, o assunto é representado pela doença que congelava corações, e no segundo pelo tal código que dá nome ao filme. E “Código 46”, infelizmente, também sofre do mesmo problema de “Dogma do Amor”: a trama principal não é explorada.

William (Tim Robbins) é um detetive capaz de ler o pensamento das pessoas que é enviado a Xangai para investigar falsificações de passaportes. Chegando lá, ele descobre que quem falsificou foi Maria Gonzalez (Samantha Morton); porém tudo se complica quando William se vê apaixonado pela moça. Juntos, eles correm o risco de violar o código 46, que consiste em que pessoas com DNA com no mínimo 25% de igualdade não poderão ter relações entre si.

O maior problema do roteiro escrito por Frank Cottrell Boyce (que já havia trabalhado com Winterbottom em ‘A Festa Nunca Termina”) é o fato deste não possuir uma trama concreta. No começo do filme, se fala sobre a falsificação de passes, mas isto não é explorado. E o mais frustrante de tudo: isto poderia ser uma interessante visão das pessoas que saem de suas terras natal para ir aos Estados Unidos, atravessando a fronteira. Mas, depois, Boyce decide falar sobre o tal código 46, que poderia fazer uma interessante metáfora sobre a falta de amor nos dias de hoje (mas tudo vai por água, como podem perceber);e tudo isto torna o roteiro em uma grande confusão. Outra coisa um tanto indigesta no roteiro é que Boyce mistura palavras em inglês com palavras em árabe, espanhol, italiano. Ao longo dos 93 minutos de projeção vemos palavras como dinero (dinheiro) e palabra (senha).

A direção de Michael Winterbottom também não é muito admirável. Acho que ele utilizou o filme apenas para fazer um exercício de estilo: o diretor exagera em planos em slowmotion, que acabam se tornando nonsense e pretensiosos, sempre querendo ser poético, mas não passam nada ao espectador. Além disto, outra maneira de tentar obter estilo imposta por Winterbottom é, às vezes, utilizar seqüências com câmera na mão ou câmera digital. As cenas de sexo também são muito explicitas, com closes nos genitais e tudo, querendo somente chocar. Porém, ele acerta na trilha sonora, no visual futurista do filme (com muitas luzes e prédios enormes) e na caracterização do deserto. Mas, infelizmente, só isto não é o bastante: a sua direção, ainda assim, continua contendo bem mais erros do que acertos (e estes vem em menor escala).

As atuações de Tim Robbins e Samantha Morton foram uma pequena decepção para mim. Não tenho antipatia pelo primeiro como muitos (até gosto dele), mas Robbins está com pouco carisma. Já a segunda vem se demonstrando uma grande atriz; suas performances em, por exemplo, “Minority Report” e “Terra dos Sonhos” são excelentes. Aqui em “Código 46” ela está muito bem, mas não do porte de suas interpretações nos filmes citados acima (apesar de eu ter gostado dela). Porém, são os dois atores que não combinam, o que é péssimo, já que dificulta a química entre eles, e o que me leva a crer ambos não foram bem escalados.

Enfim, “Código 46” é um filme bem irregular. Não é o desastre que, ultimamente, muitos vêm afirmando; tem uma bela fotografia e trilha sonora, um visual futurista interessante, e uma ótima atuação de Samantha Morton. Mas o resto é o que dificulta um melhor resultado final. Uma pena!

Cotação: 2/5

Até mais e abraços; Rodrigo

Ouvindo: Seu Jorge - Te Queria

sexta-feira, maio 06, 2005

No Limite da Paciência

Bridget Jones: No Limite da Razão (Bridget Jones: The Edge os Reason, 04)

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Ás vezes fico com medo de estar sendo exigente demais com um filme de comédia. Alguns deles não tem vergonha de admitir que são feitos somente para divertir; porém existem outros que insultam com a nossa preciosa inteligência. Se me pedissem um exemplo de filme que se encaixasse no primeiro padrão citado diria “Entrando Numa Fria” (a primeira parte, porque a segunda me deixou indignado com a falta de criatividade dos roteiristas); e se me pedissem um exemplo do segundo diria sem pensar duas vezes: “Bridget Jones: No Limite da Razão”, que, aliás, não apresenta nenhum motivo para ter existido.

Bridget Jones era uma mulher solteirona, viciada em cigarros, e infeliz. Mas tudo isto muda quando ela conhece o bem-sucedido advogado Mark Darcy. Eles, agora, namoram e estão felizes. Porém, Bridget tem que conviver com o possível fato de seu namorando está a traindo com sua secretária, e a volta do mulherengo Daniel Cleaver na sua vida, que havia vivido um triangulo amoroso com ela antes.

O roteiro escrito por Andrew Davies, Adam Brooks, Helen Fielding (que também escreveu o livro que o filme foi baseado) e Richard Cutis (só que não notei nenhuma influência sua aqui) opta por um humor completamente diferente do primeiro filme: ao invés das piadas engraçadas e situações criativas, os dois colocam nesta segunda parte situações pastelonas. Um bom exemplo são as seqüências em que Bridget sai para esquiar (simplesmente sem graça). Os quatro roteiristas também erram ao colocar na história um dos maiores clichês do gênero de comédia: o fato de que sempre tem acontecer alguma coisa para que a protagonista não complete seus objetivos ou seja alvo de risadas (ou também outras coisas so gênero). A construção de Bridget também não é das melhores: se no primeiro filme era fácil gostar dela (graças, também, a ótima interpretação de Renée Zellweguer), neste segundo filme ela se torna extremamente ciumenta (quase chega a irritar). O triângulo amoroso entre ela, Mark e Daniel também soa forçado, principalmente pelo fato de que este último personagem parece ter sido acrescentado ao filme para este se tornar mais longo, e também para recriar a famosa cena em que ele e Mark brigam no primeiro filme (só que desta vez, a cena é constrangedora).

Já a direção de Beeban Kidron não há nada a declarar. Apenas mesmo que a narrativa imposta por ele é bobinha; não envolve o espectador. Além disto, o humor do filme é pastelão e sem graça. Fora isto, sua direção não tem nada a acrescentar; acho que também pelo fato do roteiro ser um absurdo.

As atuações também são grandes destaques. Reneé Zellweguer (que concorreu ao Globo de Ouro, sem nenhuma razão aparente) não está tão carismática como no primeiro filme. Sua performance é um tanto apática e sem graça. Colin Firth também é outro apagado em cena: gosto dele como ator, mas nesta segunda parte de “Bridget Jones” ele, assim como Zellweguer, está sem carisma e, o pior de tudo, inexpressivo. Mas o melhor do elenco é realmente Hugh Grant: dificilmente desgosto de seu trabalho em alguma produção (a sua melhor interpretação, na minha opinião, é nem “Um Grande Garoto”), e aqui ele é o único que se salva entre os atores, sempre muito simpático (pena que o seu personagem não tenha razão para aparecer, como disse no terceiro parágrafo).

Enfim, com um roteiro horrendo, uma direção que quase passa despercebida e atuações ruins (onde somente Grant se salva), “Bridget Jones: No Limite da Razão” não tem nenhum motivo para ter existido, principalmente pelo fato da primeira parte nunca ser necessitada de uma continuação. E que não venha a terceira parte!

Cotação: 2/5

Até mais e abraços; Rodrigo

Ouvindo: David Bowie - Rock N' Roll Suicide

domingo, maio 01, 2005

Esplendor Americano

Anti-Herói Americano (American Splendor, 04)



Você já pensou se poderia ser um personagem de uma história em quadrinho? Certamente não. Talvez porque você seja uma pessoa pessimista, gorda, e que é um fracasso em suas relações matrimoniais. Mas não desanime, você ainda pode ser protagonista de um gibi, caso este for seu sonho. Se você não acreditar é só ir assistir à este “Anti-Herói Americano”, que certamente você acreditará. Pois é, o protagonista deste filme que comento possui todas as características que citei acima, e, mesmo não parecendo ser uma espécie de “Superman” ou “Batman”, o personagem central de “Anti-Herói Americano” consegue, surpreendentemente, ser um herói.

Harvey Pekar (Paul Giamatti) é uma pessoa solitária, que já passou por dois fracassados casamentos. Ele sempre se achou uma pessoa desprezível, e trabalha como arquivista em um hospital. Fã de jazz, um dia Pekar vai à um lugar onde está vendendo vinis deste gênero de música, e lá encontra Robert Crumb (James Urbaniak), um jovem que possui um grande talento e para criar histórias inovadoras. Harvey passa a maior parte do tempo com Crumb, até que ele vai embora e vira uma pessoa famosa. E Harvey continua com sua rotina, até que ele decide escrever sua própria história em quadrinhos: não é um gibi sobre um super-herói, mas sim sobre o próprio Harvey e seu dia a dia, denominada “American Esplendor”. Ele não consegue nem ao menos fazer uma linha reta (como o personagem chega a afirmar durante o filme), então ele pede para seu amigo Robert (e depois outras pessoas) que façam a ilustração de seu gibi. Muitas pessoas começam a gostar da revista (principalmente seus colegas de trabalho, que sempre gostam de ver se eles entraram na nova edição da “American Splendor”), mas Harvey continua o mesmo, e com seu mesmo dia a dia, e, cada vez mais, ele se preocupa se ele continua sendo o Harvey Pekar de sempre, ou se este é só mais um personagem.

O roteiro é escrito por Robert Pulcini e Shari Springer Berman. Indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, o casal de roteiristas se destacam, principalmente, na caracterização do personagem: como falei no início desta crítica, Harvey Pekar é um sujeito gordo, pessimista, e que é um fracasso em relações matrimoniais, mas, mesmo assim, ele é um herói. Talvez, principalmente, pelo fato de Pekar ser uma pessoa normal, e talvez por isto muitas pessoas o considerem uma pessoa exemplar. Mas, o roteiro de “Anti-Herói Americano”, é claro, não se destaca somente pela caracterização do personagem central, mas também pela construção da trama ser bastante original e inovadora. E uma coisa que achei bastante original em “Anti-Herói Americano” é que às vezes ele funciona como um documentário: em vários momentos do filme, o espectador presencia imagens dos sets de filmagens, onde o Harvey Pekar real comenta sobre a sua vida, e às vezes nós vemos o Harvey Pekar real e o Harvey Pekar do filme, interpretado por Paul Giamatti. E além disto ser original, também funciona para o espectador conhecer mais sobre o próprio Harvey Pekar, o que não deixa de ser bastante interessante. Outro ponto positivo do roteiro são alguns momentos em que, vamos dizer, desenhos aparecem junto de pessoas reais; como por exemplo, a cena em que Harvey está decidindo qual fila irá pegar, no supermercado.

A direção também é feita por Robert Pulcini e Shari Springer Berman. Um dos pontos fortes desta direção, talvez seja a sua estrutura narrativa: ela ganha grande participação do roteiro, que, como nas histórias em quadrinhos, mostra, na maioria das vezes no alto da tela, coisas como “Enquanto Isso...”; “Segundos Depois...”; ou outras coisas do gênero; e, além disto, a narrativa do filme sempre é interessante, sempre envolvendo o espectador. Outro ponto forte da direção de Pulcini e Berman é a exploração dos personagens. Na verdade, a exploração de um personagem me pareceu mais interessante, e, como vocês já devem ter adivinhado, é a de Harvey Pekar: a dupla de diretores mostra extrema competência ao não mostrar Pekar como um gênio, pois isto poderia comprometer a direção dos dois neste aspecto; na verdade, Harvey Pekar é um sujeito fascinante: amante do jazz, Pekar não é um gênio, e sim uma pessoa extremamente original, e que, também por causa a performance de Paul Giamatti, acabou ganhando minha simpatia.

Enquanto as atuações, estas estão ótimas. Hope Davis está muito bem como a mulher de Harvey, Joyce. Sua personagem é uma pessoa excêntrica, mas que na maioria das vezes é uma pessoa gentil; Davis também faz de sua personagem uma pessoa carismática, fazendo com que ela ganhe a simpatia do espectador. Outro que se destaca, e foi, provavelmente, a maior surpresa em relação às atuações, é o ator Judah Friedlander, interpretando o “CDF Genuíno” Toby Radloff. Friendlader prova, aqui em “Anti-Herói Americano” ser um ator de talento, e que merece atenção. Mas a melhor performance fica por conta de Paul Giamatti. Seu Harvey Pekar é uma pessoa que, logo numa de suas primeiras seqüências, ganha a simpatia do espectador. Achei que ele merecia concorrer ao Oscar de Melhor Ator, pois sua interpretação de Harvey Pekar é espetacular, mas, como era de se esperar, ele acabou não concorrendo.

Enfim “Anti-Herói Americano” é um excelente filme. E Harvey Pekar, mesmo não tendo a mesma força física de um Batman ou um Superman, pode ser considerado tão “super-herói” quanto os próprios, somente pelo fato de ele ser como qualquer outra pessoa.

Até mais e abraços; Rodrigo

Ouvindo: The Smiths - Panic

PS: Oba! "Kinsey" estreou em minha cidade. Me parece ser um dos filmes mais interessantes do ano. Aliás, por falar em cinema, preciso tirar um atraso com aquela tela gigante. Se tudo corre como o esperado, neste mês irei ver "A Interprete", "Casa de Areia", "Star Ward: Episódio III" e "The Life Aquatic With Steve Zissou" (este aqui tem muitas chances de estrear limitadamente; tomara que não!).