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Punch Drunk Movies

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quarta-feira, maio 11, 2005

Michael Winterbottom tenta ser alguma coisa em um filme sobre...o nada.

Código 46 (Code 46, 03)



Ao assistir “Código 46”, filme dirigido por Michael Winterbottom, é inevitável não pensar em um filme que fala sobre a escassez do amor no futuro: “Dogma do Amor”, de Thomas Vitenberg (que é ruim, só que não a grande porcaria que muitos alegaram). Mas não as duas produções se igualam não somente neste sentido: tanto no filme de Vitenberg quanto no de Winterbottom a falta de amor que nos atinge hoje em dia é tratado de uma forma um tanto metafórica. No primeiro, o assunto é representado pela doença que congelava corações, e no segundo pelo tal código que dá nome ao filme. E “Código 46”, infelizmente, também sofre do mesmo problema de “Dogma do Amor”: a trama principal não é explorada.

William (Tim Robbins) é um detetive capaz de ler o pensamento das pessoas que é enviado a Xangai para investigar falsificações de passaportes. Chegando lá, ele descobre que quem falsificou foi Maria Gonzalez (Samantha Morton); porém tudo se complica quando William se vê apaixonado pela moça. Juntos, eles correm o risco de violar o código 46, que consiste em que pessoas com DNA com no mínimo 25% de igualdade não poderão ter relações entre si.

O maior problema do roteiro escrito por Frank Cottrell Boyce (que já havia trabalhado com Winterbottom em ‘A Festa Nunca Termina”) é o fato deste não possuir uma trama concreta. No começo do filme, se fala sobre a falsificação de passes, mas isto não é explorado. E o mais frustrante de tudo: isto poderia ser uma interessante visão das pessoas que saem de suas terras natal para ir aos Estados Unidos, atravessando a fronteira. Mas, depois, Boyce decide falar sobre o tal código 46, que poderia fazer uma interessante metáfora sobre a falta de amor nos dias de hoje (mas tudo vai por água, como podem perceber);e tudo isto torna o roteiro em uma grande confusão. Outra coisa um tanto indigesta no roteiro é que Boyce mistura palavras em inglês com palavras em árabe, espanhol, italiano. Ao longo dos 93 minutos de projeção vemos palavras como dinero (dinheiro) e palabra (senha).

A direção de Michael Winterbottom também não é muito admirável. Acho que ele utilizou o filme apenas para fazer um exercício de estilo: o diretor exagera em planos em slowmotion, que acabam se tornando nonsense e pretensiosos, sempre querendo ser poético, mas não passam nada ao espectador. Além disto, outra maneira de tentar obter estilo imposta por Winterbottom é, às vezes, utilizar seqüências com câmera na mão ou câmera digital. As cenas de sexo também são muito explicitas, com closes nos genitais e tudo, querendo somente chocar. Porém, ele acerta na trilha sonora, no visual futurista do filme (com muitas luzes e prédios enormes) e na caracterização do deserto. Mas, infelizmente, só isto não é o bastante: a sua direção, ainda assim, continua contendo bem mais erros do que acertos (e estes vem em menor escala).

As atuações de Tim Robbins e Samantha Morton foram uma pequena decepção para mim. Não tenho antipatia pelo primeiro como muitos (até gosto dele), mas Robbins está com pouco carisma. Já a segunda vem se demonstrando uma grande atriz; suas performances em, por exemplo, “Minority Report” e “Terra dos Sonhos” são excelentes. Aqui em “Código 46” ela está muito bem, mas não do porte de suas interpretações nos filmes citados acima (apesar de eu ter gostado dela). Porém, são os dois atores que não combinam, o que é péssimo, já que dificulta a química entre eles, e o que me leva a crer ambos não foram bem escalados.

Enfim, “Código 46” é um filme bem irregular. Não é o desastre que, ultimamente, muitos vêm afirmando; tem uma bela fotografia e trilha sonora, um visual futurista interessante, e uma ótima atuação de Samantha Morton. Mas o resto é o que dificulta um melhor resultado final. Uma pena!

Cotação: 2/5

Até mais e abraços; Rodrigo

Ouvindo: Seu Jorge - Te Queria