Sob o Domínio do Mal
The Manchurian Candidate (o4)
Não costumo me interessar, atualmente, por filmes que falem sobre intrigas políticas por duas coisas: 1) Estas produções, na maioria das vezes, perdem-se no desenvolvimento da história, quando estas tentam ser complexas demais (como isto fosse sinônimo de inteligência); e 2) O tema já está desgastado, e uma premissa pelo menos um pouco inovadora é difícil de se encontrar (apesar de, logicamente, não ser impossível). Talvez por isto fiquei um tanto desconfiado deste “Sob o Domínio do Mal”, refilmagem do clássico homônimo que tem Frank Sinatra como protagonista. Mas fui surpreendido por três pessoas: Jonathan Demme, o diretor (que andava desaparecido) e Daniel Pyne e Dean Georgaris, os roteiristas.
Na época da guerra do Golfo, soldados são vítimas de uma emboscada, que faz com que dois deles sejam mortos. Porém o que os livra da morte é a coragem de um homem chamado Raymond Shaw, que anos após o fato ocorrido está indicado à vice-presidência dos Estados Unidos. Mas o sargento Ben Marco (que também fazia parte do pelotão), fica tendo sonhos a todo momento com o que ocorreu na guerra. Todos acham que ele está passando pelo trauma-pós guerra, mas ele tem certeza que ele, juntamente com Shaw, passaram por um tratamento de lavagem cerebral.
O roteiro escrito por Daniel Pyne e Dean Georgaris (como já disse no primeiro parágrafo) me surpreendeu bastante. Tramas que tem como ponto de partida a lavagem cerebral, na maioria das vezes, acabam por se tornarem bobas e sem sentido, mas aqui em “Sob o Domínio do Mal” a coisa é bem diferente: o desenvolvimento da história vai se demonstrando inteligente e criativo, quando a aparentemente simples premissa se torna mais complexa do que o esperado, se transformando em um suspenseque brinca com as emoções de seus personagens e que foge dos clichês do gênero. Personagens que, aliás, são interessantíssimos: Marco, por exemplo, se demonstra uma pessoa ambígua quando o espectador chega a se questionar se tudo aquilo que ele pensa é verdade, ou não passa de uma paranóia de uma mente visivelmente cansada. Pyne e Georgaris também não caem nas armadilhas das reviravoltas (presentes em tantos filmes de suspense), o que é plausível.
A direção de Jonathan Demme também consegue merecer destaque. O ritmo que lê impõe ao filme é alucinante: com um clima sempre tenso, Demme envolve de uma maneira admirável o espectador, que leva a sério a trama. Ele também se sai bem na criação de cenas nonsense, como, por exemplo, a cena em que o personagem de Washington está em um trem e vê na testa da mulher que conversa com ele um pequeno ponto escorrendo sangue. A característica principal do diretor também está presente: como em outras produções, Demme usa e abusa de closes, que nunca parecem ser novelescos demais, e sim transmite as emoções dos personagens.
As atuações também são outro grande ponto positivo do filme. Denzel Washington, um ator sempre competente, cumpre com fidelidade seu personagem: o desgaste de Marco é visto somente pela expressão facial do ator. Liev Schreiber, fazendo Raymond Shaw, foi a minha maior surpresa. Ele faz de Shaw uma pessoa sensível, o que faz com que o espectador logo goste dele (graças, também, ao seu carisma). Já Meryl Streep está excelente, fazendo a mãe do personagem de Liev: ela consegue ciar uma mãe preocupada com o filho sem nenhum exagero, muito menos sem transforma-la em uma figura estereotipada.
Enfim, “Sob o Domínio do Mal” é um filme criativo e emocionante sem beirar no melodrama. Demme conseguiu criar não somente um mero passatempo, e sim um suspense inteligente.
Cotação: 4/5
Até mais e abraços; Rodrigo
Não costumo me interessar, atualmente, por filmes que falem sobre intrigas políticas por duas coisas: 1) Estas produções, na maioria das vezes, perdem-se no desenvolvimento da história, quando estas tentam ser complexas demais (como isto fosse sinônimo de inteligência); e 2) O tema já está desgastado, e uma premissa pelo menos um pouco inovadora é difícil de se encontrar (apesar de, logicamente, não ser impossível). Talvez por isto fiquei um tanto desconfiado deste “Sob o Domínio do Mal”, refilmagem do clássico homônimo que tem Frank Sinatra como protagonista. Mas fui surpreendido por três pessoas: Jonathan Demme, o diretor (que andava desaparecido) e Daniel Pyne e Dean Georgaris, os roteiristas.
Na época da guerra do Golfo, soldados são vítimas de uma emboscada, que faz com que dois deles sejam mortos. Porém o que os livra da morte é a coragem de um homem chamado Raymond Shaw, que anos após o fato ocorrido está indicado à vice-presidência dos Estados Unidos. Mas o sargento Ben Marco (que também fazia parte do pelotão), fica tendo sonhos a todo momento com o que ocorreu na guerra. Todos acham que ele está passando pelo trauma-pós guerra, mas ele tem certeza que ele, juntamente com Shaw, passaram por um tratamento de lavagem cerebral.
O roteiro escrito por Daniel Pyne e Dean Georgaris (como já disse no primeiro parágrafo) me surpreendeu bastante. Tramas que tem como ponto de partida a lavagem cerebral, na maioria das vezes, acabam por se tornarem bobas e sem sentido, mas aqui em “Sob o Domínio do Mal” a coisa é bem diferente: o desenvolvimento da história vai se demonstrando inteligente e criativo, quando a aparentemente simples premissa se torna mais complexa do que o esperado, se transformando em um suspenseque brinca com as emoções de seus personagens e que foge dos clichês do gênero. Personagens que, aliás, são interessantíssimos: Marco, por exemplo, se demonstra uma pessoa ambígua quando o espectador chega a se questionar se tudo aquilo que ele pensa é verdade, ou não passa de uma paranóia de uma mente visivelmente cansada. Pyne e Georgaris também não caem nas armadilhas das reviravoltas (presentes em tantos filmes de suspense), o que é plausível.
A direção de Jonathan Demme também consegue merecer destaque. O ritmo que lê impõe ao filme é alucinante: com um clima sempre tenso, Demme envolve de uma maneira admirável o espectador, que leva a sério a trama. Ele também se sai bem na criação de cenas nonsense, como, por exemplo, a cena em que o personagem de Washington está em um trem e vê na testa da mulher que conversa com ele um pequeno ponto escorrendo sangue. A característica principal do diretor também está presente: como em outras produções, Demme usa e abusa de closes, que nunca parecem ser novelescos demais, e sim transmite as emoções dos personagens.
As atuações também são outro grande ponto positivo do filme. Denzel Washington, um ator sempre competente, cumpre com fidelidade seu personagem: o desgaste de Marco é visto somente pela expressão facial do ator. Liev Schreiber, fazendo Raymond Shaw, foi a minha maior surpresa. Ele faz de Shaw uma pessoa sensível, o que faz com que o espectador logo goste dele (graças, também, ao seu carisma). Já Meryl Streep está excelente, fazendo a mãe do personagem de Liev: ela consegue ciar uma mãe preocupada com o filho sem nenhum exagero, muito menos sem transforma-la em uma figura estereotipada.
Enfim, “Sob o Domínio do Mal” é um filme criativo e emocionante sem beirar no melodrama. Demme conseguiu criar não somente um mero passatempo, e sim um suspense inteligente.
Cotação: 4/5
Até mais e abraços; Rodrigo
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