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Punch Drunk Movies

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sábado, março 26, 2005

Antes do Pôr-do-Sol

Before Sunset



Em 1994 dois estranhos, chamados Jesse e Celine, se encontram por acaso em um trem que vai para Viena. Os dois descem na cidade e vivem uma linda história de amor em uma única noite, porém depois se separam e prometem um ao outro se encontrarem, seis meses depois, na mesma cidade. Mas isto não ocorre. Porém, nove anos depois, ele, Jesse, está a promover seu livro (um grande sucesso nos EUA e que narra o encontro dele com Celine) em Paris. Por meio do acaso, novamente, eles se encontram e tem somente poucas horas para conversar, já que Jesse tem que voltar para os Estados Unidos. E lá, na França, viverão mais uma história de amor.

O roteiro escrito por Julie Delpy, Ethan Hawke e Richard Linklater poderia muito bem cair na armadilha das continuações: fazer um filme apenas para fazer com que os fãs do primeiro filme (o maravilhoso “Antes do Amanhecer”) fossem ao cinema (digo “os fãs”, porque este “Antes do Pôr-so-Sol não é uma produção que atende os pedidos do “grande público”). Mas isto não foi o ocorrido. Assim como no filme de 1996, o roteiro continua tendo diálogos brilhantes: Jesse e Celine filosofam sobre a vida, o amor, e as decisões erradas que tomaram, e, agora que estão mais amadurecidos, conversam normalmente sobre o sexo. Mas o grande mérito da obra escrita por Delpy, Hawke e Linklater (aliás, se não me engano, eles fizeram a trama durante um bate-papo) é mesmo o casal de protagonistas: é notável que “Antes do Pôr-do-Sol” (e também “Antes do Amanhecer”) não seria 1/3 do que é caso os personagens fossem pessoas desinteressantes. E o mais triste de tudo é que o espectador sabe que eles não poderão ficar juntos, e que os dois não são tão felizes amorosamente.

A direção fica por conta de Richard Linklater, que eu considero um dos diretores mais versáteis da atualidade (dificilmente encontraremos um diretor que faça comédia ou romance tão bem). Um dos maiores pontos positivos de sua direção é que ele consegue fazer um filme de romance sem cair nos clichês do gênero, fazendo com que este “Antes do Pôr-do-Sol” seja uma produção feita para um público mais selecionado. A estrutura narrativa adotada por ele também é impecável: até agora não sei como defini-la: sensível? Apaixonante? Simplória? Talvez seja tudo isto junto, sendo adicionada uma magia (a melhor palavra para definir) impressionante (a carga emocional da cena em que a personagem de Julie Delpy canta a belíssima “A Waltz for a Night” para o perosnagem de Ethan Hawke é impressionante). Também é interessante que Linklater utilize enquadramentos que lembrem cenas do filme anterior: a cena em que Jesse e Celine estão dentro de um carro, por exemplo, me lembrou a sequencia que os dois estão dentro de uma carroça, em “Antes do Amanhecer”, por exemplo.

Já Julie Delpy (mais bonita do que no filme anterior) e Ethan Hawke continuam espetaculares: a química entre o casal é assustadora, por vários momentos achei que estava presenciando realmente Jesse e Celine graças à naturalidade da interpretação dos dois. Também é admirável que nenhum dos dois queiram aparecer mais do que o outro, deixando o filme ainda bem mais agradável.

Ao final de “Antes do Pôr-do-Sol” tirei uma conclusão: este, juntamente com “Encontros e Desencontros”, é o melhor romance da atualidade. Afinal, um filme que emocione sem querer arrancar-lágrimas ou que é mágico por natureza é tudo o que nós precisamos. Enfim, um filme brilhante e inesquecível.

Cotação: 5/5

Até mais e abraços; Rodrigo


Ouvindo: Jon Brion - Here We Go; e Julie Delpy - A Waltz for a Night