Punch Drunk Movies


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I have come here to chew bubble gum and kick ass... and I'm all out of bubble gum.

segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Comentários sobre a 77ª edição do Oscar

Ocorreu ontem a premiação do Oscar, e, como a maioria está fazendo, vou publicar meus comentários a respeito da cerimônia:

O apresentador da festa neste ano foi o comediante Chris Rock. Infelizmente, ele não se saiu muito bem: ao longo da entrega dos prêmios, Rock fez piadas previsíveis, na maioria das vezes, sem graça, e, como de costume, grosseiras (leia-se: tentativa fracassada de obter um humor ácido). Aliás, os comentários do comediante foram parecidos com toda a cerimônia do Oscar: morna, mas não um completo desastre. Para começar, a Academia teve uma idéia não muito boa de fazer uma certa dinâmica à premiação: em alguns prêmios, os indicados subiam ao palco para lá mesmo fazer o seu discursso; em outros, os prêmios eram distribuidos de maneira tradicional: os indicados ficavam sentados em suas confortáveis poltronas, enquanto um artista fazia a entrega do prêmio ao vencedor; já em outros, os indicados recibiam seus prêmios em suas cadeiras, para lá mesmo fazerem os seus discurssos. Esta última, aliás, foi uma forma de "dar dinâmica" humilhante.

Mas agora chega de enrolação, e vamos aos comentários sobre os vencedores:

Em ator e atriz coadjuvante, o esperado aconeteceu: Morgan Freeman, por "Menina de Ouro", e Cate Blanchett, por "O Aviador" venceram. O primeiro não está excepcional em seu respectivo filme (apesar de ótimo), mas convenhamos de que já estava na hora dele ganhar uma estatueta dourada. Enquanto a segunda também foi merecido: considero Blanchett uma das atrizes mais talentosas da atualidade, e sua Katherine Hepburn está fantástica.

Em Ator e Atriz também não houve surpresas: Jamie Foxx ganhou por "Ray", e Hillary Swank por "Menina de Ouro". Infelizmente, não pude conferir o trabalho de Foxx, pois a cinebiografia de Ray Charles não estreou em minha cidade, mas me parece que seu Oscar foi bastante merecido (seu discursso também foi ótimo, quando ele se emocionou ao falar de sua avó). Já de Swank posso afirmar alguma coisa: sua atuação é um dos grandes pontos fortes de "Menina de Ouro", e, apesar de não ter conferido o trabalho de sua rival na categoria (Annette Bening, na qual apostei), gostei dela ter levado o prêmio para casa (ficaria feliz também se Kate Winslet tivesse ganho o Oscar, que, aliás, estava belíssima na festa).

Em Canção também errei ao apostar em Counting Crows, enquanto a canção de Diários de Motocicleta, a belíssima "Al Otro Lado Del Río" ganhou, merecedidamente. Talvez o discursso de Jorge Drexler pode não ter sido o melhor da noite, mas foi, sem dúvida, o mais interessante: curto, emocionante (um soco no estômago do produtor da Academia, e acho que vocês me entendem), e com direito até mesmo à um "tchau".

Em Roteiro Adaptado, "Sideways" foi mesmo o vencedor. Talvez o único roteiro que poderia tirar o Oscar das mãos de Jim Taylor e Alexander Payne era mesmo o de "Menina de Ouro", escrito por Paul Haggis, mas, como sabem, não foi o que ocorreu. Já em Roteiro Original quem saiu como vencedor foi mesmo o roteirista capaz de construir tramas mais loucas da atualidade: Charlie Kaufman. Apostei no roteiro de John Logan, mas fiquei extremamente feliz com a vitória do roteiro de "Brilho Etreno de uma Mente Sem Lembranças".

Mas a categoria que fez meu coração pular de ansiedade foi mesmo a de Diretor: Clint Eastwood Vs. Martin Scorsese. Quem iria sair como vencedor. Torcia com todas as forças para Scorsese, mas não foi o que ocorreu: o Dirty Harry, ou o "Homem Sem Nome", ou somente Clint Eastwood foi quem saiu vencedor. Sua direção é maravilhosa em "Menina de Ouro", mas Scorsese nunca ganhou e minha tristeza ao presenciar mais uma derrota sua foi inevitável. Mas espero que algum dia ele ganhe um Oscar com um filme tipicamente seu: aquele que tem um roteiro onde a história se situa no submundo de NovaYork. Porém, tenho que admitir uma coisa: a vitória de Eastwood foi merecida.

Depois da categoria de Diretor, veio a de filme, como sempre. E Clint saiu com mais um. Na verdade, o seu quarto prêmio (!!!). E achei merecido: "O Aviador" é excelente, assim como "Menina de Ouro"; então se qualquer um dos dois ganhasse eu ficaria feliz. Além, é claro, deu achar Eastwood um sujeito bem simpático.

E foi assim que terminou a cerimônia do Oscar. Clint exibindo seus trófeus orgulhosamente com um sorriso estampado no rosto, enquanto Scorsese saia novamente com as mãos vazias. Uma festa previsível, morninha, mas, o melhor de tudo: foi justa.

Até mais e abraços; Rodrigo

PS: Das 11 categorias em que apostei, acertei 7 delas e errei outras 4.

EDITADO: Ao escrever, me esqueci de falar sobre a categoria de Filme Estrangeiro, entõa gostaria de deixar uma pquena observação: "Mar Adentro" ganhou de maneira previsível, e aumentou ainda mais minha curiosidade em relação ao filme.

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Aposta para os vencedores do Oscar

A 77ª entrega dos prêmios Oscar ocorre neste domingo, e, como todos, vou colocar aqui minhas apostas, algumas previsíveis, mas outras arriscadas.

Melhor Filme:



Quem Ganha: O Aviador, de Martin Scorsese

Comentários: A briga aqui é entre “O Aviador” e “Menina de Ouro”. O primeiro surge como franco favorito, mas não podemos nos esquecer que o segundo faz mais o estilo dos membros da Academia. Adoro os dois, então caso “O Aviador” ganhe, ótimo. Caso “Menina de Ouro”, ótimo também.

Melhor Diretor:

Quem Ganha: Clint Eastwood, por Menina de Ouro

Comentários: A categoria mais disputada! Mas é somente entre duas pessoas: Martin Scorsese e Clint Eastwood. E é com uma dor no coração que digo: o segundo vai ganhar. Mas ficarei muito feliz se eu estiver errado.

Melhor Ator:

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Quem Ganha: Jamie Foxx, por Ray

Comentários: Ainda não vi “Ray” (não estreou em minha cidade), mas a performance de Foxx parece ser arrebatadora. Quem pode tirar o prêmio de suas mãos é somente Eastwood, mas não acredito muito.

Melhor Atriz:

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Quem Ganha: Annette Bening, por Being Julia

Comentários: “Being Julia” ainda não estreou aqui no Brasil, mas torço é para Hilary Swank ou Kate Winslet. Mas como a primeira tirou o Oscar de Bening em 1999, acho difícil que ela ganhe, e a segunda não é grande favorita. Uma pena.

Melhor Ator Coadjuvante:

Quem Ganha: Morgan Freeman, por Menina de Ouro

Comentários: Acho que Freeman é certeza. Acho que somente Clive Owen ou Alan Alda podem tirar o prêmio. Acho que o primeiro não leva por ser a sua primeira indicação, e, ao meu ver, o segundo só foi indicado mesmo pelo conjunto da obra (mas tem chances por ser veterano). E não creio que Haden Church seja o terceiro favorito.

Melhor Atriz Coadjuvante:

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Quem Ganha: Cate Blanchett, por O Aviador

Comentários: Tenho quase toda certeza que ela vai ganhar. Portman é novinha, não vão entregar o prêmio para ela. Quem pode tirar os prêmios das mãos de Blanchet é Virginia Madsen, mas notei que a Academia tem um certo preconceito com filmes independentes.

Melhor Roteiro Original:

Quem Ganha: John Logan, por O Aviador

Comentários: O roteiro do Logan é excelente, acho que vai ganhar, mas não quero que isto ocorra. Torço para Charlie Kaufman, que é um dos roteiristas mais geniais da atualidade. Dos filmes que assisti dele (só não vi “A Natureza Quase Humana”) achei todos excelentes (inclusive “Confissões de Uma Mente Perigosa”), e ele merece ganhar por “Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças”.


Melhor Roteiro Adaptado:

Quem Ganha: Jim Taylor e Alexander Payne, por Sideways

Comentários: Jim Taylor e Alexander Payne já foram indicados no Oscar de 2000, nesta mesma categoria, por “Eleição”, e, também por isto, é o favorito. Mas Paul Haggis, por “Menia de Ouro”, pode tirar a sua vaga.

Melhor Filme Estrangeiro:

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Quem Ganha: Mar Adentro, de Alejandro Amenábar

Comentários: “Mar Adentro” é franco favorito ao prêmio, e acho difícil o filme não ganhar. Caso isto não ocorra será uma enorme zebra.

Melhor Animação:

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Quem Ganha: Os Incríveis, de Brad Bird

Comentários: Entre todos os outros indicados, “Os Incríveis” é o que eu mais gosto, além de ser favorito absoluto ao prêmio de Animação. E a sua indicação à Roteiro Original lhe dá uma força extra.

Melhor Canção:

Quem Ganha: Acidentally in Love, por Shrek 2

Comentários: Nos últimos dias confesso que ganhei uma certa simpatia por esta música, principalmente por ela ser bem agradável. Porém, não é por isto que optei por ela: acho muito difícil que a Academia deixe “Shrek 2” sair da premiação sem um único prêmio, e não vejo nenhuma outra canção que possa tirar a estatueta dourada de “Acidentally in Love”.

Então, é isto. Espero que eu tenha umbom número de acertos, mas, com certeza, erros vão vim.

Até domingo!

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Scorsese, definitivamente, está de volta.

O Aviador (The Aviator)



Martin Scorsese é um grande diretor, disto todos já estão cansados de saber. Não me arriscaria a dizer que a obra-prima “Os Bons Companheiros” é o melhor filme de gangsters desde “O Poderoso Chefão”. A maioria dos protagonistas de seus filmes são pessoas que se localizam à margem da sociedade (ver “Táxi Driver” ), presenciando todos os problemas da mesma. Aqui, em “O Aviador”, a coisa é completamente diferente: o personagem central do filme, o produtor de filmes Howard Hughes, vive no alto escalão da sociedade, namora com as maiores e mais belas estrelas do cinema, entre outras coisas. Mas isto é o seu exterior. Já seu interior, caso analisemos bem, é parecido com personagens como Frank Pierce (“Vivendo no Limite”), Travis Bickle (“Taxi Driver”), Henry Hill (“Os Bons Companheiros”), e até mesmo Billy, The Butcher (“Gangues de Nova York”). Lógico que Hughes não compartilha dos mesmos problemas dos citados acima, mas é tão complexo quanto os mesmos. E tenho que admitir uma coisa: o roteiro do medíocre John Logan, assim como a brilhante direção de Scorsese, é excelente.

O filme conta a história real de Howard Hughes (Leonardo DiCaprio), um milionário produtor de cinema. Ele namora as mais belas e talentosas atrizes de Hollywood (Ava Gardner e Katherine Hepburn são dois exemplos), e seus filmes sempre são grandes produções. Porém, esta não é a sua grande paixão: Hughes é um amante da aviação. A cada avião construído, o milionário nunca se contenta com o mais veloz,ele sempre quer mais. No entanto, Hughes tem que lutar contra o aperfeiçoamento de seu transtorno obsessivo compulsivo.

Como falei logo no primeiro parágrafo, o roteiro escrito pelo meu desafeto John Logan é excelente. Seus filmes anteriores sempre possuíam falhas na trama (com as inúmeras cenas de batalha) e, principalmente, com a construção do protagonista da história (o personagem de Tom Cruise em “O Ultimo Samurai”, por exemplo, seria perfeito para um estudo, mas Logan acabou desperdiçando a idéia). Já aqui, em “O Aviador”, isto não ocorre: Hughes, vamos dizer, não é o típico personagem de uma cinebiografia. Em outros filmes biográficos, o roteirista esconde algumas coisas da vida do protagonista; e aqui isto não ocorre. Muito pelo contrário: Logan se aprofunda em seus defeitos, mas também deixando claro que os momentos mais felizes de sua vida era quando ele estava dentro de um avião. E este talvez seja o maior ponto forte do roteiro: transformar uma pessoa “famosa” em uma pessoa ambígua. Logan também se sai bem ao retratar a política daquela época: um mundo onde a corrupção e a briga pelo poder impera; além, é claro, de mostrar muito bem à Hollywood daquela época (méritos também de Martin Scorsese).

A direção de Scorsese, como sempre, é fabulosa. Apesar de em “O Aviador” não ter uma das principais características do diretor com a câmera (os enquadramentos aéreos), a sua habilidade com a mesma é demonstrada: os enquadramentos são sempre charmosos, e as cenas que se passam com Howard Hughes voando em seus aviões são excelentes e possuem uma ótima dinâmica. Os movimentos de câmera também são notáveis em sua direção: em uma seqüência, por exemplo, o protagonista está se beijando com a personagem de Cate Blanchet (a atriz Katherine Hepburn): a câmera de Scorsese tira de foco o casal, vai “deslizando” pelo chão, chega à uma sala, a câmera vai girando lentamente pela mesma e focaliza, novamente, o casal, desta vez deitados no sofá. Uma ótima cena, sem dúvida. Os closes instáveis em certas coisas (algo que me fez lembrar “Vivendo no Limite”) também são abundantes em “O Aviador”. A narrativa adotada por Scorsese também é das melhores: durante o primeiro ato, principalmente, ela é sempre elegante, lembrando muito os filmes feitos na década de 50. Já o segundo e o terceiro ato possuem uma grande intensidade (fiquei boquiaberto com a seqüência em que um avião atinge uma casa). Muitos alegaram, também, que a narrativa do diretor era sem alma, sem emoção. Não vou mentir, ela é. Porém, há um grande motivo para ela ser deste jeito: Howard Hughes não era uma pessoa feliz. Ele tinha as mais belas mulheres e uma grande quantia em dinheiro, só que por dentro ele era vazio (também por causa de seu transtorno obssessivo compulsivo, que, de certa forma, atrapalhou a sua vida).

As atuações do elenco também são ótimas. A grande surpresa foi em relação à Leonardo DiCaprio: antes de assistir à este “O Aviador” eu não poderia afirmar nada: gostei muito do rapaz em “Prenda-me se for Capaz”, mas, por outro lado, o detestei em “Gangues de Nova York”. A confirmação de que ele é ou não um ator talentoso vinha somente com este “O Aviador”. E, surpreendentemente, ele se sai excelente: interpretando com grande fidelidade seu personagem, DiCaprio se encontra livre em seu papel, nota-se que ele se esforça bastante. E, felizmente, ele consegue. Já Cate Blanchet, comprovando ser uma das melhores atrizes da atualidade (além de ser uma das minhas favoritas, também), ela constrói uma Katherine Hepburn sempre carismática, e fazendo um sotaque perfeito e elegante. Já a outra “Cate” (desta vez com “K”, e com o sobrenome Beckinsale) não mostra à que veio: ela não está um desastre, mas o grande problema é que a moça não tem nenhuma expressão. Já Alan Alda não se destaca muito. Talvez a sua indicação ao Oscar seja mesmo pelo conjunto da obra, já que neste “O Aviador” ele não está nada de excepcional, mas, ainda assim, bem.

“O Aviador” é, enfim, uma pequena homenagem ao cinema. Scorsese, como um cinéfilo, dirige este filme com uma grande paixão. A briga no Oscar fica entre ele e Eastwood, entre “O Aviador” e “Menina de Ouro”. No segundo, se um destes dois ganhar fico feliz; afinal ambos são excelentes. Mas, no primeiro, convenhamos, já está na hora de Scorsese ganhar uma estatueta dourada.

Cotação: 5/5 (9.0)

Até mais e abraços; Rodrigo

sábado, fevereiro 19, 2005

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sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Um Pequeno Comentário sobre um Filme de Scorsese

Como ainda não assisti ao “O Aviador” (muito provavelmente irei ver amanhã), vou colocar aqui no blog um pequeno comentário sobre um dos primeiros filmes de Scorsese, e que, assim como
tantos outros deste maravilhoso diretor, é brilhante.


Mean Streets (1973) PosterCaminhos Perigosos (Mean Streets, 73)

Comentário: “Caminhos Perigosos” é um típico filme de Scorsese. O tema do filme é passada no submundo de Nova York (cidade tão amada pelo diretor); fala sobre a máfia; existe lá a briga pelo poder; e, como de costume, tem Robert De Niro. Tudo isto poderia ser o maior dos clichês caso a história não fosse muito bem desenvolvida pelo roteiro (escrito pelo próprio Scorsese e Mardik Martin) e com um protagonista construído perfeitamente (interpretado excelentemente por Harvey Keitel). Um anti-herói religioso que, de vez em quando, questiona a própria fé. Já a direção de Scorsese é impecável: utilizando na maioria das vezes a câmera na mão (que dar um ar bem “filme independente”), Scorsese coloca enquadramentos perfeitos (sejam eles aéreos ou apenas “comuns”). A sua narrativa também é espetacular: ele introduz um ar nostálgico e incômodo ao filme, mas também empolgante e com muito estilo (toda a seqüência de uma festa situada em um bar é um bom exemplo para este último). Ah, não posso me esquecer: De Niro está excepcional. Sem falar na excelente trilha sonora.

Cotação: 5/5 (95)

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Mo Cuishle!

Menina de Ouro (SEM SPOILERS)



Este “Menina de Ouro”, de Clint Eastwood, surgiu de repente. Confesso que antes de ser anunciado o trailer do filme, não sabia nada sobre o mesmo, muito menos que Eastwood era o diretor. E assim, este novo projeto do diretor virou um dos mais fortes concorrentes ao Oscar, conseguindo até mesmo, como todos sabem, uma indicação (merecida) para o eterno “Homem Sem Nome” (ou seja: Eastwood). E todos, entre críticos e público, estavam falando muito em relação à uma suposta reviravolta que ocorreria durante o terceiro ato. Não vou mentir, parte da minha ansiedade era devida a isto. Não sabia o que imaginar: seria uma coisa maluca, como uma invasão de extraterrestres ao planeta, ou seria uma coisa, não previsível, e sim humana, porém ainda que fosse surpreendente. Bem, não vou entrar em maiores detalhes para não estragar a surpresa de quem ainda não viu o filme. Mas posso afirmar uma coisa: “Menina de Ouro” é maravilhoso. Fico feliz em dizer que Clint Eastwood atingiu seu ápice tanto na sua atuação como na direção, e criou o filme que pode ser considerada sua obra-prima.

Frankie Dunn (Eastwood) é um treinador de boxe que, juntamente com seu amigo Scrap (Morgan Freeman), comanda uma academia destinada ao mesmo esporte. Ao final de uma luta, Dunn se encontra com Maggie Fitzgerald (Hilary Swank), uma aspirante à boxeadora que sonha em se tornar profissional. Dunn diz que não aceita treinar mulheres, mas acaba por se render ao talento da moça. Dunn, assim, vai tentar de todas as maneiras romper as barreiras para que o sonho de Maggie seja realizado.

O roteiro escrito por Paul Haggis não fala somente sobre boxe, o que muitos podem pensar quando forem assistir ao filme. É muito mais do que isto: é uma história sobre esperança, amizade e superação. Os dois filmes presentes em “Menina de Ouro” (o antes da reviravolta, e o depois da mesma) falam sobre exatamente isto que acabei de colocar. Mas, o “segundo” filmes (na qual não vou entrar em muitos detalhes) possui algo maior do que o “primeiro” (apesar deste último também ser excelente): Haggis testa os limites dos seres humanos lá, o que faz com que os personagens entrem em conflito com os seus ideais. Personagens, aliás, construídos com competência pelo roteiro: Dunn, Maggie e Scarp, são todos complexos e não são felizes por completo. O primeiro tem que se contentar com o fato de nunca mais ter visto a sua família; a segunda com o fato de não ter tido oportunidades para realizar se sonho; e o terceiro não pode realizar sua luta de número 110. O roteiro também se sai bem pelo fato do filme ser narrado em off pelo personagem de Freeman: ensina muitas lições, às vezes usando o boxe como uma metáfora para a vida. No começo do filme, por exemplo, ele diz que “se nós andarmos para trás em uma luta, nós poderemos perde-la”. Não foi necessariamente nestas palavras, porém é, ainda assim, uma lição.

A direção de Clint Eastwood, tenho que dizer, nunca esteve tão inspirada. Além de deixar seus atores livres para atuar, o diretor impõe ao filme uma estrutura narrativa excelente: sem nunca ser apressada, Clint coloca em “Menina de Ouro” um tom de grande sensibilidade; o transforma em um filme cheio de sentimentos. A narrativa também consegue se sair bem quando a mesma consegue transmitir emoção sem querer arrancar lágrimas (algo que, infelizmente, não ocorreu com “Em Busca da Terra do Nunca”, que sempre tem que parecer bonito, ao contrário deste filme de Eastwood). Outro ponto forte de sua direção é a habilidade de Clint com a câmera: os movimentos da mesma e os enquadramentos perfeitos me lembraram o projeto anterior do diretor (o brilhante, porém inferior à este, “Sobre Meninos e Lobos”) que possui estas mesmas características. Mas, tenho que admitir, a direção de Clint (juntamente com o roteiro do filme), cresce durante o terceiro ato). A narrativa ganha um tom sombrio, porém ainda com grande sensibilidade. O roteiro de Haggis também se mostra mais inteligente (apesar de antes da reviravolta também ser), abordando questões reflexivas, como já falei.

As performances também são um outro grande ponto alto do filme. Freeman, Eastwood e Swank estão excepcionais (principalmente os dois últimos). O primeiro faz de seu personagem um sujeito extremamente carismático. Sua atuação é simples, e, por este mesmo motivo, excelente. O segundo talvez tenha a melhor interpretação de sua carreira (falo isto sem exageros). Em outros filmes no qual atua, o diretor/ator sempre interpreta um cara durão. Verdade que aqui em “Menina de Ouro” isto se repete (e o melhor de tudo é que ele não se esforça para parecer simpático), mas ele faz de seu personagem uma pessoa triste, mas que tem grandes sentimentos. Já a terceira também está maravilhosa. Ainda não assisti ao filme “Being Julia”, que tem como protagonista Annette Bening , a outra favorita ao Oscar, mas acho que Swank merece levar a estatueta para. Ela faz de sua personagem uma pessoa sempre carismática e a interpreta com grande emoção.

Nostálgico, cru, realista, reflexivo e com um final bem ao estilo “soco no estômago”, “Menina de Ouro” pode ter alguns clichês do gênero, porém isto não impossibilita do filme ser excepcional, contando com atuações excelentes, um ótimo roteiro, e, é claro, a melhor coisa do filme: a maravilhosa direção de Clint. Um dos melhores do ano até agora!

Cotação: 5/5 (9.0)

Até mais e abraços; Rodrigo

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

"Entrando numa Fria Maior Ainda" Faz Jus ao seu Título.

Meet The Fockers



O filme que antecede esta continuação, “Entrando Numa Fria”, abusava de todos os clichês do gênero comédia: o sogro do protagonista era superprotetor com a noiva do mesmo e tudo dava errado para o protagonista. Porém, “Entrando Numa Fria” conseguia cumprir o que os chamados “filmes-pipoca” devem ser: divertido. Esta continuação, “Entrando Numa Fria Maior Ainda”, tinha, desde o começo, tudo para seguir a linha da primeiro filme: esta continuação tem o encontro entre os pais da noiva com os do protagonista (e, seguindo a linha “filmes para toda a família”, os pais de ambos iriam se desentender). Mas, “Entrando Numa Fria Maior Ainda” não consegue ser original em nenhum momento: é um filme bastante parecido com o primeiro. Assim como em “Entrando Numa Fria”, a maioria dos personagens deste segundo filme insistem em fazer piadinhas com o nome do protagonista (Gaylord Focker; que é um nome criativo, mas a piada acabou se tornando manjada). E além de tudo, “Entrando Numa Fria Maior Ainda” é apelativo, e vive de fazer piadas em relação ao sexo. E o pior de tudo: consegue irritar o espectador.

Gaylord Focker (mais conhecido como Greg) é um enfermeiro que está noivo de Pam (Teri Pollo), uma professora. Como o casamento dos dois se aproxima, os mesmos tem a idéia de passar o fim de semana na casa dos pais de Greg, levando também os pais de Pam (Jack Byrnes, interpretado por De Niro; e Dina Byrnes, interpretada por Blythe Danner). Os últimos fazem mais o estilo convencional, enquanto os primeiros são dois hippies e que são mais liberais. Como era de se esperar, os pais de Greg e Pam começam a se desentender, criando, conseqüentemente, inúmeras confusões.

O roteiro escrito à quatro mãos por James Herzfeld e John Hamburg utiliza dois dos maiores clichês da comédia pastelão: a briga de dois casais de pais e construção caricatural dos mesmos. E o que não poderia faltar: eles são totalmente diferentes. Os pais de Greg são os típicos personagens “engraçados”, e o roteiro os constroem de forma amalucada, numa tentativa desesperada de arrancar o riso (um ponto negativo, também, da direção de Jay Roach). A dupla de roteiristas também se sai mal no desenvolvimento do protagonista: assim como no primeiro filme, Greg é uma pessoa desastrada, que vive fazendo as coisas nas horas erradas. Porém, acho que Hamburg e Herzfeld não notaram uma coisa: eles fizeram o mesmo na primeira parte. Outro ponto negativo do roteiro está na repetição de piadas, como, por exemplo, o neto dos pais de Pam (que também aparece bastante no filme) tem como sua primeira palavra dita a palavra “babaca”; além da outra coisa que coloquei no primeiro parágrafo. Porém, um dos maiores erros dos dois roteiristas é quando eles criam uma sub-trama ridícula: parece que Hamburg e Herzfeld só criaram aquilo para achar um cara parecido com Ben Stiler, e, principalmente, para alongar o filme.

Já a direção de Jay Roach não traz nada de especial. Não é medíocre como o roteiro, mas também não é boa. Os pontos negativos desta é que Roach impõe no filme um humor rasteiro; fazendo mais o estilo “filmes besteirois” do que “filmes com inteligência”. Porém, o maior erro da sua direção é fazer com que o espectador não se interesse pelos protagonistas. Sim, a sua narrativa faz de “Entrando Numa Fria Maior Ainda” seja um filme agradável, porém poucas vezes interessantes. Mas sua direção também é composta por acertos, que apesar de vir em menor escala do que a de erros, merecem destaque. Uma delas é que Roach deixa Dustin Hoffman e Barbra Streisand (as únicas coisas realmente boas do filme) livres para atuar, o que infelizmente não acontece com Ben Stiler. Ele também consegue se sair bem ao apostar, em algumas cenas (poucas, é verdade) no humor físico. Um exemplo disto é uma cena em que o neto dos pais de Pam passa cola nas mãos e prega as mesmas em uma garrafa de rum.

Já as performances foram uma das coisas que mais me decepcionaram. Dustin Hoffman e Barbra Streisand estão excelentes. Os dois dão a impressão de que eles estão se divertindo a todo momento. Mas, o mesmo não pode ser dito em relação à Benn Stiler e Robert de Niro. O primeiro repete o mesmo estilo do primeiro filme. Porém, o mesmo veio embalado com um bônus extra: caras e bocas o tempo todo. E isto é uma coisa que definitivamente não me agrada. Já o segundo, esquecendo seus excelentes tempos no passado, constrói um personagem insuportável. Além, é claro, do astro de “Táxi Driver” está totalmente desconfortável em seu papel, o que dificulta ainda mais a identificação do espectador com o personagem. Já o resto do elenco, como Teri Pólo interpretando a noiva de Greg, não se destacam em seus papéis.

“Entrando Numa Fria Maior Ainda” é mais um filme à entrar para a lista de “seqüências que destruíram o filme original”. Não é uma completa bomba. Aposta em um humor rasteiro que derruba parte do filme. Tem alguns momentos engraçados (raros, é verdade), mas, ainda assim, não escapa da mediocridade.

Cotação: 2/5 (4.5)

Até mais e abraços; Rodrigo

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

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segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Brincando de Ser Criança

Em Busca da Terra do Nunca

Finding Neverland Movie Stills: Johnny Depp, Kate Winslet, Julie Christie, Marc Forster

Antes de tudo, é bom saber de uma coisa: “Em Busca da Terra do Nunca”, dirigido por Marc Forster, que anteriormente, de mais conhecido, só havia feito o drama “A Ultima Ceia”, não é uma cinebiografia do dramaturgo James Barries. Sim, logicamente que o filme o tem como protagonista, mas a idéia central aqui é mostrar o seu relacionamento com a família que o inspirou a escrever a sua mais conhecida peça, “Peter Pan”. Caso o roteiro do filme, escrito por David Magee, optasse pela primeira opção não me restariam dúvidas que “Em Busca da Terra do Nunca” seria um filme bastante irregular (apesar de eu ter achado que o roteirista errou ao não se aprofundar muito no protagonista). Porém, felizmente, Magee escolheu a segunda opção.

Depois do fracasso de crítica da sua última peça, o dramaturgo James Matthew Barries (Johnny Depp) passa por um momento sem inspiração. Todos os dias ele passeia com o seu cachorro pelo parque, e lá lê seu jornal. Por acaso, ele encontra uma família, e logo vira amigo da mesma. Ela é formada por quatro crianças e uma mãe, Sylvia Davies, que ficou viúva recentemente. Barries está sempre com eles, e vive fazendo brincadeiras. E é nesta família que o dramaturgo encontra inspiração para escrever a sua história de maior sucesso: a fábula sobre um garoto que não queria crescer, denominada “Peter Pan”.

O roteiro de David Magee possui uma coisa escondida: o mesmo não conta somente a história de Barries, e também não é somente a história da relação do mesmo com a família que inspirou sua maior peça; é, na verdade, uma história sobre o medo da transição da infância para a fase adulta. Um tema que não é somente tratado neste “Em Busca da Terra do Nunca”, como também em “Peter Pan”. E tanto as duas histórias possuem isto escondido por meio de um pano de fundo, porém ambas falam sobre a mesma coisa. Outro ponto positivo do roteiro é que este funde perfeitamente imaginação com realidade. Todo o primeiro ato, juntamente com parte do segundo, é dedicado mais à imaginação de grandes aventuras. Já a outra parte do segundo, juntamente com todo o terceiro, também possui um pouco de imaginação, mas dedica-se mais a realidade, e aos dramas familiares. Porém, Magee não cria um roteiro perfeito: é notável os inúmeros clichês que aparecem durante os 104 minutos. E, confesso, não me agradaram muito.

A direção de Marc Forster possui altos e baixos. Os altos é que ele se demonstra aqui um brilhante diretor de elenco: ele sempre deixa seus atores livres para atuar. Em cenas, como a que se passa em um navio pirata, Forster faz com que atores adultos pareçam que são crianças (o que, conseqüentemente, acontece com o próprio espectador). Forster também se sai bem ao impor uma narrativa às vezes surreal, e ao dirigir seqüências a que o personagem de Depp dança com um urso: a sua câmera gira rapidamente, dando, à cena, tudo o que ela precisa: um tom de imaginação. Por outro lado, a narrativa do filme se perde um pouco quando ela cai no melodrama, e, com isto, a mesma tenta a todo momento arrancar lágrimas do espectador. O que não transforma a sua direção em um desastre, porém, ainda assim, um pequeno ponto negativo.

As interpretações do filme também estão excelentes. KateWinslet, vivendo Sylvia Davies, está fiel a sua personagem; transmitindo muita emoção. Porém, os melhores do elenco são justamente Johnny Depp e Freddie Highmore, interpretando Peter. O primeiro se demonstra um ator extremamente talentoso. Não tinha muita simpatia por ele, mas, depois de ver suas excelentes performances em “Ed Wood” e “Piratas do Caribe”. Em “Em Busca da Terra do Nunca”, Depp encarna perfeitamente James Barries, fazendo até mesmo um sotaque britânico. Já Freddie Highmore foi a grande surpresa: o garoto transmite carisma e emoção ao mesmo tempo. A cena final do filme é um grande exemplo disto.

“Em Busca da Terra do Nunca” é, enfim, um ótimo. Consegue ser fiel, não aos fatos presentes em “Peter Pan”, mas sim na mensagem do segundo. Porém, ao sair da sala do cinema, senti que o filme poderia ter sido bem mais. Mas, acabou sendo somente um ótimo filme, porém que poderá ser facilmente esquecido.

Cotação: 4/5 (7.0)

Até mais e abraços; Rodrigo

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Os 10 Filmes Que Estou Com Mais Vontade de Assistir em 2005

Ou: Os 10 Filme Que Quando Fiz Esta Lista Não Estavam Tão Perto de Estrear:

Como estou sem nada para fazer vou publicar aqui no blog minha lista dos dez filmes que mais espero:

1 – I ♥ Huckabees

2 – The Life Aquatic With Steve Zissou

3 – Sideways

4 – Menina de Ouro

5 – O Aviador

6 – Garden State

7 – Kinsey

8 – A Fantástica Fábrica de Chocolates

9 – Hotel Rwanda

10 – Sin City

Até mais e abraços; Rodrigo