Punch Drunk Movies


Punch Drunk Movies

I have come here to chew bubble gum and kick ass... and I'm all out of bubble gum.

quinta-feira, março 31, 2005

Eleição

Election (99)



Wes Anderson, Paul Thomas Anderson, Quentin Tarantino, Michael Mann, e para citar um mais antigo, Martin Scorsese. Estes são nomes que seriam presenças confirmadas na minha de “melhores diretores da atualidade”. Porém, sempre teve um nome que nunca chegou a estar presente na lista: Alexander Payne. Deste diretor só havia visto um filme de seu curto currículo (o excelente “As Confissões de Shimidt”); e ao contrário dos quatro primeiros nomes, não conhecia muito seu trabalho nem mesmo a sua capacidade de colocar um humor um tanto peculiar em seus projetos, assim como Wes Anderson.

Então, acho que este foi o principal motivo para eu alugar “Eleição”. Muitos falam deste filme, se saiu muito bem de crítica, e também de público; mas foi, realmente, a curiosidade de conhecer o trabalho tão falado de Payne. E, para meu espanto, descobrir, ao final de “Eleição”, que Payne é um diretor (e roteirista) que possui um enorme talento e competência: o seu roteiro, escrito juntamente escrito com Jim Taylor, é bastante inteligente, possui um humor fantástico; a sua direção também é, assim como o roteiro, excelente: a narrativa que ele impõe ao filme é de extrema competência, e envolve o espectador.

Jim McAllister (Matthew Broderick) é um professor popular, que já ganhou três prêmios de “professor do ano” ensinando no colégio Carver. Ele adora sua profissão de professor, educador, adora “ajudar os adolescentes na difícil época da puberdade”. Porém ele mantém um ódio, em especial, por uma aluna, chamada Tracy Flick (Reese Wisterpoon). Jim possui este ódio à Tracy principalmente por um motivo: ela teve um caso com o professor, e também melhor amigo de Jim, Dave Novotny. Com este fato, Dave foi expulso de casa por sua mulher, Linda, que logo depois pediu o divórcio. E para aumentar ainda mais os problemas de Jim, Flick resolve se candidatar à presidente do Conselho Estudantil. Como só existe ela concorrendo ao cargo, Jim se desespera; até que ele possui uma grande idéia: convencer algum aluno a entrar na disputa presidencial. E o aluno que ele convida é Paul Metzler (Chris Klein), um rapaz que admira profundamente Jim,; e isto gera grande revolta em Tracy. Mas as coisas não param por aí: a irmã de Paul, Tammy Metzler, decide se eleger ao cargo, dizendo que vai abolir o Conselho Estudantil. Porém, este não é o motivo pelo qual Tammy decide concorrer, na verdade, ela concorre por vingança: seu irmão Paul está namorando a ex-namorada de Tammy (que, como vocês acabaram de ler, é lésbica).
E isto é só o começo das coisas...

O roteiro, como falei no início desta crítica, é escrito por Alexander Payne e Jim Taylor. Este possui um humor refinado e inteligente; um fato que merece ser aplaudido. Mas o humor do filme não está presente somente nas situações em si, como também nos diálogos (observe a fala inicial de Tracy Flick, sobre o destino). Outro ponto forte do roteiro escrito por Payne e Taylor, é o modo como ele foi construído: inicialmente, nós presenciamos uma história de duas pessoas que se odeiam, porém depois nós presenciamos a história de pessoas que chegam no fundo do poço, simplesmente por causa de uma eleição colegial. Também vale destacar a originalidade do filme, que chega, em ser ponto, a ser bizarro.

A direção é feita por Alexander Payne. Tão original quanto o roteiro, Payne impõe ao filme uma narrativa fantástica, envolvendo, excelentemente, o espectador. E esta narrativa, Payne a envolvente, também faz com que o espectador se importe com o que vai acontecer na tela, e, o mais importante: ele se preocupa com o destino de seus personagens. Personagens, aliás, bastante complexos. Porém, graças à hábil direção de Payne, não se torna difícil compreender certas atitudes dos personagens (como, por exemplo, o ódio que Jim sente por Tracy): na seqüência inicial, Payne recorre ao recurso de flashback para explicar melhor o que ocorre na vida de cada um dos personagens (é nesta seqüência que Payne parece “congelar” a imagem, para recorrer ao uso de flashback).

Enquanto ao elenco, quem se destaca mais é Matthew Broderick e Reese Wisterpoon. Os dois estão excelentes: Wisterpoon demonstra que possui talento, interpretando, com bastante fidelidade, a garota ambiciosa Tracy Flick; e Matthew Broderick interpreta otimamente o professor popular Jim McAllister, demonstrando muito bem o contraste de vida de seu personagem antes e depois da eleição (em certo momento Jim chega a afirmar: “minha vida era perfeita antes desta droga de eleição”). O resto do elenco está razoável, o pior é o famoso canastrão Chris Klein, mas até que em “Eleição” sua performance não está terrível.

Se mostrando um excepcional diretor e roteirista, Alexander Payne acaba de entrar na minha lista de “melhores diretores da atualidade”, seu talento é bastante similar ao do também excelente Wes Anderson. Enfim, um filme onde a simplicidade e originalidade (tanto do roteiro quanto da direção) caminham de mãos atadas.

Cotação: 5/5

Até mais e abraços; Rodrigo

sábado, março 26, 2005

Antes do Pôr-do-Sol

Before Sunset



Em 1994 dois estranhos, chamados Jesse e Celine, se encontram por acaso em um trem que vai para Viena. Os dois descem na cidade e vivem uma linda história de amor em uma única noite, porém depois se separam e prometem um ao outro se encontrarem, seis meses depois, na mesma cidade. Mas isto não ocorre. Porém, nove anos depois, ele, Jesse, está a promover seu livro (um grande sucesso nos EUA e que narra o encontro dele com Celine) em Paris. Por meio do acaso, novamente, eles se encontram e tem somente poucas horas para conversar, já que Jesse tem que voltar para os Estados Unidos. E lá, na França, viverão mais uma história de amor.

O roteiro escrito por Julie Delpy, Ethan Hawke e Richard Linklater poderia muito bem cair na armadilha das continuações: fazer um filme apenas para fazer com que os fãs do primeiro filme (o maravilhoso “Antes do Amanhecer”) fossem ao cinema (digo “os fãs”, porque este “Antes do Pôr-so-Sol não é uma produção que atende os pedidos do “grande público”). Mas isto não foi o ocorrido. Assim como no filme de 1996, o roteiro continua tendo diálogos brilhantes: Jesse e Celine filosofam sobre a vida, o amor, e as decisões erradas que tomaram, e, agora que estão mais amadurecidos, conversam normalmente sobre o sexo. Mas o grande mérito da obra escrita por Delpy, Hawke e Linklater (aliás, se não me engano, eles fizeram a trama durante um bate-papo) é mesmo o casal de protagonistas: é notável que “Antes do Pôr-do-Sol” (e também “Antes do Amanhecer”) não seria 1/3 do que é caso os personagens fossem pessoas desinteressantes. E o mais triste de tudo é que o espectador sabe que eles não poderão ficar juntos, e que os dois não são tão felizes amorosamente.

A direção fica por conta de Richard Linklater, que eu considero um dos diretores mais versáteis da atualidade (dificilmente encontraremos um diretor que faça comédia ou romance tão bem). Um dos maiores pontos positivos de sua direção é que ele consegue fazer um filme de romance sem cair nos clichês do gênero, fazendo com que este “Antes do Pôr-do-Sol” seja uma produção feita para um público mais selecionado. A estrutura narrativa adotada por ele também é impecável: até agora não sei como defini-la: sensível? Apaixonante? Simplória? Talvez seja tudo isto junto, sendo adicionada uma magia (a melhor palavra para definir) impressionante (a carga emocional da cena em que a personagem de Julie Delpy canta a belíssima “A Waltz for a Night” para o perosnagem de Ethan Hawke é impressionante). Também é interessante que Linklater utilize enquadramentos que lembrem cenas do filme anterior: a cena em que Jesse e Celine estão dentro de um carro, por exemplo, me lembrou a sequencia que os dois estão dentro de uma carroça, em “Antes do Amanhecer”, por exemplo.

Já Julie Delpy (mais bonita do que no filme anterior) e Ethan Hawke continuam espetaculares: a química entre o casal é assustadora, por vários momentos achei que estava presenciando realmente Jesse e Celine graças à naturalidade da interpretação dos dois. Também é admirável que nenhum dos dois queiram aparecer mais do que o outro, deixando o filme ainda bem mais agradável.

Ao final de “Antes do Pôr-do-Sol” tirei uma conclusão: este, juntamente com “Encontros e Desencontros”, é o melhor romance da atualidade. Afinal, um filme que emocione sem querer arrancar-lágrimas ou que é mágico por natureza é tudo o que nós precisamos. Enfim, um filme brilhante e inesquecível.

Cotação: 5/5

Até mais e abraços; Rodrigo


Ouvindo: Jon Brion - Here We Go; e Julie Delpy - A Waltz for a Night

terça-feira, março 22, 2005

A Supremacia Bourne: ação de uma maneira diferente

The Bourne Supremacy



É incontável o número de blockbuster que chegam anualmente aos cinemas. Filmes sobre o fim do mundo; sobre o golpe perfeito, mas que no final tudo acaba de forma errada; e, como não podia faltar, os filmes sobre o agente-secreto que fica com todas as mulheres, possui um carro que fica invisível e tem como inimigo os vilões mais inescrupulosos. E este “A Supremacia Bourne” poderia muito bem seguir a linha deste último; mas Paul Greengrass (o diretor) e Tony Gilroy (o roteirista) foram mais espertos: conseguiram produzir um filme que pode ser considerado “adrenalina pura”, porém que tem o que muitas películas que se encaixam nas características citadas acima não possui: inteligência.

Jason Bourne (Matt Damon) é um homem que sofre de amnésia e que, depois que uma série de acontecimentos para ele inexplicáveis ocorrem em sua vida (ele passa a ser perseguido por agentes da CIA), muda-se para a Índia. Lá, ele vive com sua namorada, mas, atrapalhando toda a sua tranqüilidade, um homem chega para mata-lo, fazendo com que ele, novamente, fique na mira de outros agentes. Agora, Bourne terá que correr contra o tempo e tentar descobrir a sua verdadeira identidade.

O roteiro escrito por Tony Gilroy não possui um típico protagonista de um filme de ação por exatamente duas coisas: 1) Bourne não é um homem por qual todas as mulheres ficam apaixonadas e que não tem um relógio movido a laser ou outras coisas do gênero; e 2) ele é uma pessoa humana. Em produções como a da série James Bond (que foi ficando cada vez mais falha durante os anos) ou “Missão: Impossível” (este aqui não é um completo desastre, mas também não é nenhuma maravilha, apesar de divertir) fica claro que o que importa para os produtores, roteiristas ou diretores é a ação, e não os personagens. E é por isto mesmo que o roteiro de Gilroy se sai destacando: o protagonista da história é um sujeito cheio de problemas (e que, por este fato, se torna extremamente interessante), e que não é uma pessoa das mais simpáticas (e não há esta intenção). Mas, às vezes, Gilroy cai no clichê de alguns diálogos, mas isto é epnas um minúsculo ponto negativo.

A direção de Paul Greengrass também representa uma certa inovação no quesito de filmes de “agente-secreto”: ele (que é diretor do aclamado “Domingo Sangrento”, que, infelizmente, nunca tive a oportunidade de assistir) filma as cenas de ação de uma maneira não muito convencional, optando, na maioria das vezes, por uma câmera na mão. E, com isto, Greengraass faz com que as cenas de luta sejam extremamente tensas (uma delas me chamou a atenção pois não há nenhuma trilha sonora, fazendo com que as emoções do espectador saiam naturalmente). A estrutura narrativa adotada pelo diretor também é ótima: o ritmo é frenético (e porque não pop?), e as 1:40 de filme passam quase que despercebidas em meio a tanta diversão (aquela última perseguição me deixou boquiaberto).

Agora vamos falar das atuações: Brian Cox (um ator sempre competente) se sai bem em seu papel; Franka Potente pouco aparece (o que me deixou um tanto surpreso, já que esperava que ela fosse uma das protagonistas); Joan Allen também se sai bem, mas sem grande destaqu. Porém, o melhor de todos é mesmo Matt Damon: como seu personagem, o ator (não me arrisco a dizer) não abre poucos sorrisos, faz de seu personagem um homem frio e confuso (assim como o roteiro exige), e o mais plausível de tudo isto: faz de Jason Bourne um homem carismático.

“A Supremacia Bourne” é, enfim, um ótimo filme. Não chega a ser excelente, mas proporciona ao espectador 108 minutos de muita diversão...com inteligência!

Até mais e abraços; Rodrigo

Cotação: 4/5

sexta-feira, março 18, 2005

Loucos e Originais

Quero Ser John Malkovich (Being John Malkovich, 99)

Catherine Keener and John Cusack in USA Films' Being John Malkovich

Considero Charlie Kaufman um dos roteiristas mais inventivos e originais de sua geração. Sempre colocando conteúdo inovador em seus roteiros, em “Quero Ser John Malkovich” (seu primeiro roteiro, diga-se de passagem), ele já demonstra ser um gênio: Craig Schwartz (John Cusack) é um titereiro que trabalha nas ruas para sustentar sua mulher, Lotte Schwartz (Cameron Diaz). Ela, Lotte, pede para Craig procurar um emprego para eles dois viverem melhor economicamente. Seguindo o pedido de sua esposa, Craig procura um emprego, achando um como arquivista da empresa LesterCorp, localizada no edifício Martin flemmer. Logo de cara ele é aceito pelo chefe da empresa, Lester (Orson Bean), e vai trabalhar em um pequeno escritório localizado no andar 7 ½. Acidentalmente, Craig se surpreende ao encontrar um portal que leva qualquer pessoa à mente do ator John Malkovich, por 15 minutos, para depois ser despejado em uma auto-estrada. Ele logo conta a novidade para sua colega de trabalho, Maxine (Catherine Keener), por quem ele se vê apaixonado. Os dois decidem sair lucrando com isto, e o que eles decidem fazer é montar um negócio onde cada pessoa, por 200 dólares, pode alugar o corpo do ator.

O roteiro é escrito por Charlie Kaufman. Este, o roteiro, é um dos mais criativos da década de 90 (como você pode ter percebido pela premissa), e talvez o melhor de 1999 (junto com o também excepcional roteiro de “Magnólia”). Tudo o que o espectador vê na tela é digno de aplausos: a originalidade da trama, a construção desta surreal possível pode ser compreendido com a maior facilidade. Impressiona como Kaufman surpreende o espectador ao longo da história: é praticamente impossível prever o que irá acontecer na tela. Porém, não é só na construção da trama e a sua originalidade que Kaufman se destaca: a construção de seus personagens e a complexidade destes são fatos visíveis no roteiro escrito por ele. Vale também lembrar uma seqüência que considerei memorável, que foi a cena em que o próprio John Malkovich decide entrar no portal: a cena é, com certeza, uma; e depois disso, nós somos levados ao incrível mundo de Charlie Kaufman, onde o fato mais das mais divertidas do filme. Outro ponto forte que chama a atenção no roteiro escrito por Kaufman, são duas seqüências em especial: a primeira é a cena que se passa dentro do subconsciente de John Malkovich, a idéia dela é extremamente criativa e o seu desenvolvimento é genial; e a segunda, é o final do filme: é uma coisa totalmente maluca, talvez nunca vista antes; é praticamente um resumo de todo o roteiro de Kaufman: é bizarra, doentia, complexa, criativa e genial.

A direção é feita por Spike Jonze. Não, ela não é tão inventiva quanto o roteiro escrito por Charlie Kaufman mas ainda assim consegue ser exccelente. Jonze envolve o espectador de uma fantástica maneira. Diretor melhor que ele para dirigir este projeto seria difícil achar: é impressionante a química entre o roteiro de Kaufman e a sua direção, e o mai surpreendente é que os dois naquela época eram apenas dois novatos, e isto torna a experiência de assistir “Quero Ser John Malkovich” ainda mais interessante; os dois se encaixam perfeitamente. Outro ponto forte da direção de Jonze é a habilidade que ele possui com a câmera, sempre a movimentando com a admirável competência. Jonze também se destaca na exploração de seus personagens: é fácil compreender as ações destes, por mais bizarra que esta seja; ficando também fácil compreender o porque que todas as pessoas sonham em ser John Malkovich: estas pessoas, simplesmente, querem uma vida melhor, e perfeita, que, aparentemente, é a vida do ator do John Malkovich.

As atuações também são outras atrações a perte: todos estão exclente em seus respectivos papéis. Catherine Keener brilha no papel de Maxine, que se vê disputada pelo casal Lotte e Craig Schwartz. Outro que está excelente é John Cusack. Seu personagem, Craig, ganha facilmente a simpatia do espectador, e muitos podem até mesmo se identificar com ele, pois ele sofre por amor, e, com certeza, isto já aconteceu com qualquer pessoa. Cameron Diaz também está muito bem. Ela interpreta fielmente sua personagem, a esposa de Craig; outro que se destaca é John Malkovich, que está impecável, talvez tão bom quanto John Cusack e Catherine Keener. Outro que merece destaque é Orson Bean. Seu personagem, Dr. Lester, é sempre divertido e carismático.

“Quero Ser John Malkovich” com certeza ficará marcado em qualquer pessoa. É uma obra-prima, injustiçada extremamente no Oscar de 1999, e que, com certeza, merece a atenção de cinéfilos. Até agora o filme não me sai da cabeça, e quero revê-lo logo, pois quero ter o prazer de me deparar novamente com o maravilhoso roteiro de Charlie Kaufman e a excelente direção de Spike Jonze.

Cotação: 5/5

Até mais e abraços; Rodrigo

quarta-feira, março 16, 2005

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segunda-feira, março 14, 2005

Contos de Tubarão

O Espanta Tubarões (Shark Tale)

OBS: Este texto foi feito quando "O Espanta Tubarões" estreou no cinema. Ou seja: filmes como "Os Incríveis" ainda não haviam sido lançado.




É muito difícil eu não gostar de um filme de animação. Por este motivo fui ansioso ao Cinema, para dar uma conferida neste “O Espanta Tubarões”. Afinal, este ano já se mostrou bom em animação, pois já tivemos “Shrek 2”, e ainda teremos, no final do ano, o filme “Os Incríveis”.
Mas, não é só este ano que está bom em relação à este gênero, nos últimos anos todos os cinéfilos (e também não-cinéfilos) foram presenteados com filme como “Toy Story” e “Monstros S.A”, sem falar no recente “Procurando Nemo”. Então, é por este motivo, que “O Espanta Tubarões”, chega nos Cinemas de todo o mundo com um gostinho de decepção.


Oscar (Will Smith), é um peixe que trabalha em lava-jato para baleias, e que tem como sonho morar no alto do Recife. Seu chefe, é Sykes (Martin Scorsese), um peixe que é ligado ao chefão da Máfia, Don Lino (Robert De Niro). O peixe Oscar está devendo 5 mil ao seu chefe, que terá que pagar esta quantia à Don Lino. Como Oscar está sem dinheiro, ele recebe ajuda de Angie (Renée Zellweguer), que lhe dá este dinheiro. Porém, Oscar acaba apostando em uma corrida de cavalos marinhos, mas o cavalo no qual ele apostou, perde no último minuto. Sem poder pagar a quantia, o peixe é levado pelos capangas de Sykes, para um lugar deserto, onde o movimento de tubarões é grande. Mas, Oscar escapa mais uma vez. Quem está passando é Lenny, um tubarão gay (ou vegetariano), na companhia de seu irmão Frankie, filhos do chefão da máfia de tubarões, Don Lino. Neste momento, quando Frankie começa a persegui-lo, este é atingido por uma âncora. Como ninguém viu o que está acontecendo, Oscar decide assumir o crime, pois, desse jeito, todos irão gostar dele, e ele, finalmente, poderá ter seu sonhado apartamento no Recife, porém o peixe não imagina as conseqüências dessa mentira.

O roteiro é escrito por quatro pessoas: Rob Letterman, Damian Shannon, Michael J. Wilson e Mark Swift. Assim como “Shrek”, o filme também possui certas alusões à filmes, e estas, acreditem ou não, são um dos maiores pontos fortes do roteiro. Sempre inteligentes, os roteiristas decidem fazer brincadeiras à filmes como “Seabiscuit – Alma De Herói”, “O Chamado”, “Titanic”, entre outros; e até mesmo brincam com frases antológicas como “Say Hello To My Little Friend”, de “Scarface” e “The Horror, The Horror”, frase dita por Marlon Brando ao final de “Apocalipse Now”. Porém, o roteiro perde uma grande chance de ser excelente, quando peca em seus diálogos; eles podem até serem inteligentes, porém poucas vezes engraçados, deixando a parte engraçada para as situações ocorridas (um erro já que os dois deveriam ser engraçadas). Aliás, é por conta das situações que o roteiro tem seu ponto forte; principalmente quando o filme mostra a máfia de tubarões: um retrato fiel aos filmes sobre a máfia, como a trilogia “O Poderoso Chefão”. Porém, quando o filme chega ao seu final, o espectador sente que o roteiro poderia ter sido melhor.

A direção de “O Espanta Tubarões” é feita por Bibo Bergeron, Rob Letterman e Vicky Jenson. Nas direções de filmes de animações, estas tem que, principalmente, envolver e divertir o espectador com a história, nem que ela seja boba e nada criativa (o que não acontece em “O Espanta Tubarões”). Bom, os diretores cumprem bem a sua função: eles divertem e envolvem o espectador com a história de uma ótima maneira. Porém, o que mais se destaca na direção é o aspecto técnico apresentado; mas o mérito não é somente dos três diretores, como também da equipe técnica que se mostrou muito hábil.

As dublagens dos personagens estão excelentes. Talvez maior surpresa, entre estas, seja a dublagem de Will Smith, como o protagonista: ele demonstra muito bem a ambição de Oscar, em relação aos seus sonhos. Ale, disso, Smith está divertido. Robert De Niro está bem; como ele já havia trabalhado em filmes sobre a máfia (como “Os Bons Companheiros” e “O Poderoso Chefão 2”), ele interpreta fielmente o chefão da máfia, Don Lino, porém não de um jeito sério, mas cômico. Porém, “O Espanta Tubarões” não chega como a sua consagração ou redenção. Renée Zellweger e Angelina Jolie são as piores dublagens, mas, mesmo assim, estão bem. Mas, as melhores vozes ficam por conta de Jack Black, interpretando Lenny, e Martin Scorsese, interpretando Sykes: seus personagens são os mais divertidos e engraçados do filme. Scorsese e Black, fazem de seus personagens o mais carismáticos possíveis; e Black ainda convence o espectador de que seu personagem é realmente “vegetriano” (outro fato criativo do roteiro, já que ser vegetariano para um tubarão, é a mesma coisa dele assumir que é homossexual).

Bem, “O Espanta Tubarões” é um bom filme. Ele chega aos cinemas com um gosto de decepção, pois o espectador sente que o filme poderia ser mais, principalmente pelo roteiro fraco. Mas, ele serve como uma boa diversão, com alguns momentos engraçados, porém é uma pena que não seja mais do que isto.

Cotação: 3/5

Até mais e abraços; Rodrigo

quinta-feira, março 10, 2005

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terça-feira, março 08, 2005

Los Angeles - Cidade Proibida

Colateral (Collateral, 04)


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Considero Michael Mann, que, como todos sabem, é o diretor deste “Colateral”, um dos melhores da atualidade. O que mais me agrada em seus filmes é uma de suas principais características: a câmera sempre na mão. Com isto, Mann impõe em seus filmes um estilo documental, e que fazem dos mesmos mais reais. E em “Colateral”, isto se repete. E, me arrisco a dizer, esta sua característica nunca funcionou tão bem. Principalmente pelo fato do roteiro de Stuart Beattie falar sobre uma coisa que poderia acontecer com qualquer um. Não me refiro ao fato em si, e sim na forma como as coisas acontecem de repente. E este talvez seja o maior trunfo de “Colateral”, somados, é claro, à uma espetacular direção de Mann.

Max (Jamie Foxx) é um homem que trabalha há 12 anos (e “temporariamente”, como chega a falar o personagem) como taxista pelas ruas de Los Angeles. Ele tem o sonho de montar uma agência de aluguel de carros (da marca Mercedes-benz, para ser mais preciso), e para que isto ocorra, ele tem o emprego como taxista. Milhares de pessoas, todas com diferentes problemas e frustrações, passam pelo táxi dirigido por Max. É uma noite comum para ele, até que um homem, chamado Vincent (Tom Cruise), entra em veículo. O último diz que tem cinco paradas a fazer durante a noite. Max reluta, mas pelo dinheiro oferecido pelo passageiro acaba por aceitar a proposta. Quando o homem faz a sua primeira parada, Max se assusta a ver que o mesmo matou um homem; descobrindo, assim, que Vincent é um matador de aluguel. Sem poder fazer nada, Max continua a dirigir o veículo, e tudo pode acontecer durante uma noite aparentemente normal.

Como falei no início, o roteiro de Beattie consegue arrancar um de seus maiores trunfos por causa, principalmente, da premissa. Não a trama em si (como também cheguei a falar), mas, na verdade, o fato de que as vidas de cada um podem tomar rumos diferentes e decisivos quando tudo está aparentemente normal. É como se nós estivéssemos andando pela rua, nossa barriga começasse a roncar, e parássemos na lanchonete ao lado para comermos. Sendo que na outra esquina acontece uma batida de carros, e você poderia estar no meio dela. Outro ponto positivo do roteiro é que o personagem de Foxx nunca se pergunta (por exemplo): “Se eu tivesse feito outra coisa, não estaria aqui com este assassino”. Max se contenta com o que está acontecendo. Não acha uma coisa boa, logicamente. Porém não fica se culpando pelo o que está acontecendo. Beattie também acerta no desenvolvimento de seus personagens: os dois protagonistas da história são pessoas ambíguas; o que transforma o filme, rapidamente, em um jogo de gato e rato. Max é uma pessoa frustrada por não realizar o seu sonho: montar um pequeno negócio. E Vincent se mostra ao longo do filme uma pessoa sem nenhum sentimento; totalmente fria.

A direção de Michael Mann, como sempre, é excepcional. Sempre impondo uma narrativa extremamente tensa ao filme, o diretor consegue envolver o espectador a todo momento, sem nunca cansa-lo. Isto se deve novamente à narrativa de Mann, que é sempre empolgante. A boa e velha característica de Mann (como já falei) é marca registrada em “Colateral”. O filme ganha um tom mais real, o que torna, conseqüentemente, a história e seu desenvolvimento (outro ponto alto do roteiro) mais crível. Outro ponto forte da direção de Mann são seus sempre excepcionais enquadramentos. Na maioria das vezes, o diretor enquadra as cenas de maneira aérea, mostrando a Los Angeles durante a noite. E o mais admirável disto é que o espectador conhece a cidade sem precisar “entrar” nela, apenas vendo suas ruas na maioria das vezes engarrafadas e seus altos edifícios. Mann também oferece ao filme uma ótima dinâmica às cenas de ação: a minha preferida é aquele que se passa dentro da boate: sem utilizar muitos movimentos de câmera, o diretor consegue fazer da seqüência uma das mais eletrizantes do filme (e olha que eu nem precisei falar da cena em que ocorre uma batida envolvendo um carro).

As performances do filme também é outro ponto positivo. Tom Cruise convence surpreendentemente como o vilão do filme: ele constrói Vincent como uma pessoa ameaçadora e sempre fria (assim como o roteiro desenvolve o personagem). Porém o maior destaque do filme em relação às interpretações é Jamie Foxx. O mesmo começara como ator cômico em um programa ao estilo do “Saturday Night Live”. Agora, fazendo um papel que exige mais dele, Foxx se sai excelente. Merecidamente, ele conseguiu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por este filme que comento (arrancando ainda uma indicação na mesma premiação, interpretando o músico Ray Charles, mas desta vez, como todos sabem, na categoria de Ator Principal). Foxx cria um Max confuso, e inseguro à media em que o tempo vai passando (já que a angustia de estar com um assassino é imensa). A química entre Cruise e Foxx também consegue ser excepcional: existem certos filmes em que tudo depende da relação em que os atores tem (como, por exemplo, no maravilhoso “Antes do Amanhecer”), e “Colateral” se sai muito bem neste quesito.

“Colateral” é, sem dúvida, um excelente filme. Não é somente um completo estudo de Vincent e Max, mas também da selvagem Los Angeles atual. E Michael Mann, juntamente com Stuart Beattie, faz isto beirando a perfeição.

Cotação: 5/5 (8.5)

Até mais e abraços; Rodrigo

sexta-feira, março 04, 2005

Impossível de esquecer

Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind, 04)



Amor. Este é o tema principal a ser tratado aqui em “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”, novo filme roteirizado por Charlie Kaufman. Na verdade, não sei como começar este texto. Kaufman abordou de uma maneira espetacular um dos temas que é menos abordado pelos filmes: o amor. Se algum filme falar sobre este tema, provavelmente será de uma maneira boba, infantil, e não será tratado de uma maneira tão profunda e bela, como ocorre aqui. Em “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”, a maioria dos personagens sofrem por amor em suas relações: Joel e Clementine; Dr. Howard e Mary; e Patrick e Clementine. E todos estes são retratados fantasticamente por Kaufman, juntamente com o diretor Michel Gondry.

Joel (Jim Carrey) é um rapaz solitário, que não gosta de seu trabalho, e que está passando por um tumultuado romance. Até que ele conhece Clementine (Kate Winslet), uma jovem espontânea, um tanto diferente dele. Eles começam a se conhecer, e começam um namoro. Tudo corre muito bem, até que um dia, por causa de uma séria briga, eles terminam. Joel fica desesperado, e tenta encontrar Clementine de qualquer forma. Como de previsto, ele não consegue. Um dia, ele descobre que Clementine participou de um processo para apaga-lo de sua memória, através de um médico chamado Dr. Howard (Tom Wilkinson). Sabendo do ocorrido, Joel decide fazer o mesmo. Já no meio do processo, sendo supervisionado por dois assistentes da clínica de Howard, Joel começa a se arrepender do que fez, e começa a tentar fazer com que Clementine, sua antiga amada, não seja esquecida por ele.

O roteiro é escrito por Charlie Kaufman. Ele já demonstrou ser dono de um talento enorme com produções como os excepcionais “Quero Ser John Malkovich” e “Adaptação”, mas aqui ele se supera: Kaufman faz de seu roteiro uma verdadeira viagem ao subconsciente humano. E, com isto, ele faz de seu roteiro extremamente inovador e, como sempre, original. O seu roteiro também é um verdadeiro estudo de personagens: a caracterização destes, faz com que todos os personagens sejam sempre interessantes ao olhar do espectador, nunca parecendo bobos ou clichês. Mas, o que mais me agradou no seu roteiro, foi o que falei logo no início deste comentário: ele retrata brilhantemente o amor. A todo o momento, o espectador se vê deparado com pessoas que amam. Mas tudo isto poderia não possuir a mesma importância, caso Kaufman não o retratasse de uma maneira tão bela. Enquanto o espectador está “viajando” pelas memórias de Joel, nós presenciamos tanto os altos quanto os baixos do relacionamento entre Joel e Clementine. E Kaufman faz com que o espectador retire uma mensagem disto tudo, que é um pouco clichê, mas funciona bastante: nós devemos nos lembrar tanto dos momentos ruins quanto os bons de um relacionamento, e de que como o amor é importante. Outro ponto forte de seu roteiro são alguns diálogos que, além de inspirados, alguns são refletivos, mas sempre são bastante inteligentes, como, por exemplo, a narrativa em off que ocorre logo na seqüência inicial: lá é expresso tudo o que Joel pensa do amor.

A direção é feita por Michel Gondry. Esta, talvez, foi a maior surpresa do filme. Ele dirige com maestria o roteiro extremamente complexo de Charlie Kaufman, é notável a química entre estes dois. Um dos maiores pontos positivos de sua direção é a estrutura narrativa: mostrando grande competência, Gondry faz uma diferenciação de narrativa entre as seqüências passadas no subconsciente e as seqüências passadas, vamos dizer, no “tempo cronológico”. Mas, talvez o grande atrativo da direção de Michel Gondry, são as seqüências que mostram a memória de Joel sendo apagada: é impressionante o que Gondry faz com a câmera, pois ele fez tudo sem o auxílio de efeitos especiais, o que torna a sua direção ainda mais admirável. Mas, entre várias ótimas e bem feitas seqüências passadas no subconsciente, uma me chamou mais a atenção: em certa parte do filme, Joel e Clementine estão em uma casa na praia, e, quando esta memória de Joel está sendo apagada a casa na praia vai sendo destruída: é impressionante a competência de Michel Gondry ao realizar esta seqüência. Enfim, a direção de Gondry não é melhor que o roteiro de Charlie Kaufman, mas, ainda assim, é excepcional.

Enquanto ao elenco, tanto os coadjuvantes quanto os dois protagonistas estão excelentes. Jim Carrey faz, em “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”, uma performance maravilhosa. O seu Joel é uma pessoa solitária, que tem uma vaga visão do que é o amor, até que ele conhece Clementine: é notável o contraste que Carrey faz entre o “Joel sem Clementine” e “Joel com Clementine”, e ambas estas versões da performance de Jim Carrey são plausíveis. Outra que esta excelente é Kate Winslet. Ela comprova ser uma atriz bastante talentosa, e aqui ela interpreta sua personagem com grande fidelidade: a sua Clementine é uma personagem espontânea, alegre, mas que às vezes perde o controle diante de certas situações. O resto do elenco também está muito bem: Kirsten Dunst prova que é uma atriz bastante talentosa; outro que está ótimo é Tom Wilkinson; de início o espectador acha que sua atuação não vai ser nada mais do que convincente, mas depois ele demonstra uma boa performance; Elijah Wood, assim como Kirsten Dunst, me pareceu ser bastante talentoso, ele merece uma chance em filmes tão bons quanto “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”, principalmente por ele fazer o personagem Frodo na trilogia “O Senhor Dos Anéis”; outro que está bem é Mark Ruffalo; nunca havia assistido à nenhum filme dele até este na qual comento, e por isto ele me surpreendeu, talvez ele seja o pior entre os atores secundário do filme, mas ainda assim está ótimo.

“Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças” é um filme excepcional. Fiquei bastante feliz com a vitória do genial Charlie Kaufman no Oscar e com a indicação de Kate Winslet. Mas, é um pena que a Academia o tenha esquecido em Melhor Filme; Melhor Diretor; e Melhor Ator. Mas, com ou sem indicações, “Brilho Etreno de uma Mente Sem Lembranças” é um filme impossível de se esquecer.

Cotação: 5/5 (10)

Até mais e abraços; Rodrigo.