Punch Drunk Movies


Punch Drunk Movies

I have come here to chew bubble gum and kick ass... and I'm all out of bubble gum.

quarta-feira, agosto 02, 2006

Agosto

Total: 25 filmes

c.: curta-metragem; //: revisão

Bob Esponja - O Filme (The SpogeBob SquarePants Movie, 2004, Stephen Hillenburg) - **

[Eu gosto do desenho, mas o filme não passa de só mais um episódio da série com duração aumentada, o que só o faz ficar ainda mais com cara de caça-níquel. Tem momentos engraçadinhos, divertidinhos e algumas boas piadas, é verdade, mas chega uma hora que tudo cansa, fica insosso e até perde a graça. Não é grande coisa.]

Terra Fria (North Country, 2005, Niki Caro) - *

[Tem todo aquele discurso metido a humanista, enlatado não só para ganhar prêmios como o Oscar, mas principalmente prêmios ecumênicos. Tem diálogos/frases que tentam tanto serem profundas que acabam por cair no ridículo. A Caro faz questão de esteriotipar cada um personagem que entra em cena, sem excessão e piedade: os homens em sua maioria são seres irracionais e asquerosos, usando suas roupas "xadrez" amarrotadas (mas é claro que ela tenta disfarçar esse problema, e para tentar resolvê-lo coloca personagens masculinos "bonzinhos"); já as mulheres são seres que querem estabelecer seus direitos, mas que por muitas vezes são mostradas como seres frágeis, que só querem mesmo ir para a cama com um homem no final das contas, o que é totalmente estranho para um filme que se apresenta feminista e "sem preconceitos". Muito ruim e mal feitos também são aqueles inserts do julgamento que ocorrem durante quase todo o filme, e que em consequencia quebram o ritmo da narrativa de forma impressionante. E a Caro devia aprender com a Lucrecia Martel em como filmar uma cena de assédio sexual, porque sem um pingo de sensibilidade não tem jeito, simplesmente.]

Fuga de Alcatraz (Escape From Alcatraz, 1979, Don Siegel) - ****

Pão e Rosas (Bread and Roses, 2000, Ken Loach) - ***

[A história em si é uma repetição de muita coisa que já foi dita sobre os imigrantes ilegais nos EUA: dificuldade para arranjar emprego/dinheiro, problemas em aceitação na sociedade, etc. Falta muita critividade ao Loach para apresentar ao espectador novos fatos sobre este problema; é tudo muito "mais do mesmo" demais. Porém o que eu gosto e muito aqui é como o Loach defende com unhas e dentes sua visão sobre o tema (apesar de que este já está desgastado), apresentando diálogos bastante ricos. O interessante é que ele consegue escapar da chatice de muitos filmes representativos no cinema político, e consegue colocar aqui ou ali uma cenas divertidas (e outras fortes, como aquele triste final). No final das contas é um filme até que de certo modo bastante competente e simpático, apesar de todos os problemas.]

A Estrada da Vida (La Strada, 1954, Federico Fellini) - ****

Jules e Jim (Jules et Jim, 1962, François Truffaut) - *****

[Truffaut impõe um ritmo frenético e alucinante do início ao fim, seguindo o modo como seus protagonistas vivem suas vidas. Tem um espírito libertário absolutamente encantador; não me lembro de ter visto um filme tão "cheio de vida" há muito tempo. Truffaut filma seus personagens com grande admiração; com certeza ele ama muito tanto Jules, Jim e Catherine (um trio inesquecível). Aqui as mulheres são mostradas como o "centro de tudo", o que move os personagens masculinos, e Jeanne Moureau é a representação disso tudo. Truffaut também brinca muito com a narração em off (extremamente rápida, ágil), com sua camêra (há inúmeros movimentos em praticamente toda cena) e com a estrutura narrativa (em certos momentos "homenageando" filmes mudo). Meu Truffaut favorito até o momento.]

A Vingança de um Pistoleiro (Ride in the Whirlwind,1965, Monte Hellman) - ****

Amador (Amator, 1979, Krzysztof Kieslowski) - ****

Zuzu Angel (idem, 2006, Sérgio Rezende) - **

[Me surpreendeu por não ser tão novelesco quanto eu esperava, mas é didático demais, o tema da ditadura já tá ficando desgastado (mas existem excessões, como é o caso de Cabra-Cega), e em Zuzu Angel é tudo feito meio que sobre encomenda, formalmente demais. Tem diálogos horrendos (esses sim dignos de serem chamados de novelescos, ou qualquer outra coisa similar a isto) e isto fica comprovado naquela cena do tribunal (argh!). A personagem-título é uma caricatura até não poder mais: mulher forte, batalhadora e todo aquele ruim e velho blá-blá-blá (isso me lembra tanto Terra Fria...). E a edição é um tanto esquizofrênica (pra que tanto flasback!?). Muito fraco.]

Retratos de Família (Junebug, 2005, Phil Morrison) - ***

Armações do Amor (Failure to Launch, 2005, Tom Dey) - *

A Doce Vida (La Dolce Vita, 1960, Federico Fellini) - *****

O Invasor (idem, 2002, Beto Brant) - ****

[Brant coloca um ritmo frenético e sufocamente desde aquela primeira sequencia, filmada em primeira pessoa. Traz um triste painel do modo selvagem como os seres humanos tem de resolver todos os seus problemas, além de todo aquele tratado e discurso sobre oportunismo e o modo feroz como o Brant retrata o meio urbano. Todo o elenco está muito bem mesmo, com atenção especial ao Paulo Miklos (que bela surpresa, ein?!) e ao Marco Ricca (esse aqui tem a melhor performance). E se tratando de cenas isoladas, há um número muito grande de cenas ótimas, como aquele momento em que o personagem do Miklos fala diretamente com a câmera e aquela batida de carro.]

A Noiva Estava de Preto (La Mariée était en noir, 1968, François Truffaut) - ***

c.Antoine et Collete (idem, 1962, François Truffaut) - ****

/A Última Noite/ (25º Hour, 2002, Spike Lee) - *****

[Algumas horas eu me vejo perguntando se algum diretor conseguirá fazer um discurso tão sincero e comovente sobre a sociedade norte-americana como Spike Lee o fez. Cada cena de A Última Noite possui uma melancolia enorme, e menções de extrema sutileza sobre os atentados, como os créditos iniciais (a bela paisagem da cidade de Nova York à noite, mas umas luzes substituem algo que desapareceu) e a metáfora com o cachorro, logo no início ("eles o feriram e os deixaram ali, sofrendo"). O protagonista da história (Monty), vivido brilhantemente pelo Edward Norton, é o reflexo de todo o sofrimento, e a cena em que ele "explode" frente ao espelho serve como desabafo de um homem que não aguenta mais, que está cansado de tudo e de todos. A sequencia final, com o pai de Monty (Brian Cox), falando como ele poderia fazer para se livrar da situação complicada em que está e ir viver a vida perfeita, um verdadeiro sonho americano é maravilhosa, ainda mais porque Lee trata de nos mostrar,depois, uma face toda esmurrada, cheia de hematomas (a verdadeira cara daquela cidade, daquele país).]

V de Vingança (V For Vendetta, 2005, James McTeigue) - ***

[em breve.]

Brick (idem, 2005, Rian Johnson) - ****

[Eu realmente torço para que essa pérola (no melhor sentido da palavra) estreie nos cinemas daqui. A idéia já é uma maravilha por si só: unir filme noir com uma trama envolvendo colegiais, e o resultado é ainda melhor. Interessante que o Johnson, que aqui debuta em longas-metragens, não se deixa cair em nenhuma das armadilhas que a sua própria premissa planta: ele poderia ter feito um flme bobinho sobre colégio ou então um filme que se esforça para tentar ser "clássico", transpor na tela um ambiente de década de 40, por exemplo. Porém, ao invés disso, Johnson nos apresenta um ambiente escolar obscuro, com personagens marginalizados e transpõe perfeitamente o noir para os tempos atuais. Há um número muito grande de cenas geniais, como aquela perseguição nos corredores, onde o som dos sapatos ganham destaque, ou então aquela briga no estecionamento. Uma maravilha.]

Persona (idem, 1966, Ingmar Bergman) - *****

A Sombra de uma Dúvida (Shadow of a Doubt, 1943, Alfred Hitchcock) - ****

Miami Vice (idem, 2006, Michael Mann) - ****

[Michael Mann poderia muito bem transformar esse filme em uma espécie de "revival dos anos 80" (um filme que série "órfão" dessa década, digamos assim), mas ele competente o suficiente para transpor todo aquele contéudo para essa nova década (algo que o Rian Johnson fez com o noir em Brick, para ficarmos em uma comparação um tanto pitoresca). Fico sempre admirado e pasmo com a facilidade com que ele filma planos abertos, relatando o submundo (como Scorsese fez em "Taxi Driver" ou "Caminhos Perigosos") com realidade; os noturnos, em especial, sempre guardam uma espécie de melancolia. O Mann também consegue trabalhar perfeitamente uma ação psicológica, destacando a relação entre seus personagens; as mulheres, por exemplo, tem muita importância dentro da trama. E há um número muito grande, enorme mesmo, de momentos geniais, como aquela cena do resgate e o tiroteio final. Aliás, vemos na tela também um Jamie Foxx e um Colin Farrel (que, depois de Alexandre, vem escolhendo bem seus papéis) inspiradíssimos, com ótima química. Só não é o melhor do Mann porque ele já fez a obra-prima "Fogo Contra Fogo", mas esse, acreditem, não fica muito atrás.]

Capote (idem, 2005, Bennett Miller) - **

[Gosto muito de como a relação entre Capote e os dois assassinos é mostrada (de modo muito humano), mas o filme por muitas vezes se afasta com pequenos detalhes dessa trama que podia muito bem ser o centro de tudo. Por muitas vezes o Miller se sente na obrigação de exaltar a excentricidade (e às vezes até mesmo o homossexualismo) de seu protagonista, como aquela cena no trem ou então quando vemos Capote indo rumo a um bar supostamente gay (tem até um cara na rua que flerta com ele nesse momento, vejam só). Então fiz a pergunta: o filme é sobre a personalidade do escritor ou sobre como ele escreveu a história de "A Sangue Frio"? Existem também muitos momentos em que a produção se transforma naquele típico caso de "filme de ator"; e é impressão minha ou algumas cenas só existem para o Phillip Seymour Hoffman "brilhar"? Aliás, ele está muitíssimo bem aqui, completamente possuído, sem exageros. No geral, é um resultado bem fraquinho, que se alterna em momentos interessantes (todas as cenas em que Capote entrevista o assassino são ótimas) e outros bem sem graça.]

Não Amarás (Krótki Film o Milosci, 1988, Krzysztof Kieslowski) - *****

Três Enterros (Three Burials of Melquiades Estrada, 2005, Tommy Lee Jones - ****

[É muito amargo em certos momentos, mas o Jones consegue, por mais incrível que pareça, introduzir aqui um humor um tanto quanto sarcástico, corrosivo (tudo de modo muito sutil). É como se ele tirasse sarro dos seus próprios personagens, da vida miserável e entediante que levam; são pessoas que vivem presas em um buraco localizado em algum lugar do Texas, perto da fronteira com o México (o filme, aliás, aproveita para falar de modo interessante sobre os imigrantes), em uma verdadeira terra de ninguém.O protagonista, vivido muito bem pelo Jones, parece ser a única pessoa que tem algo de honrável para fazer: a única coisa que ele quer é que seu melhor (e único e verdadeiro) amigo seja enterrado com dignidade. Talvez ele, junto com aquele velhinho cego, seja o que representa todo aquele lugar sem esperanças, sem justiça. Vale destacar, também, uma cena em que uma menina toca uma música desafinadíssima no piano. Ótimo filme.]

Fahrenheit 451 (idem, 1966, François Truffaut) - **

[Me parece um Truffaut bem inseguro aqui. Amanhã eu escrevo algo sobre.]