Punch Drunk Movies


Punch Drunk Movies

I have come here to chew bubble gum and kick ass... and I'm all out of bubble gum.

quinta-feira, julho 06, 2006

Julho

Colocando em prática a idéia apresentada no post passado...



Total: 44 Filmes

Eles Vivem (They Live, 1988, John Carpenter) – *****

[Um dos filmes que mais tem diálogos e frases antológicas. Carpenter se sai bem sucedido em tudo o que deseja fazer: humor, ação, crítica social, etc. Tudo em uma embalagem nonsense maravilhosa.]

A Marcha dos Pingüins (La Marche de L'empereur, 2005, Luc Jacquet) – ***

[Jacquet demonstra ter um carinho enorme com os animais do título, devido ao modo cheio de ternura com que os filma. As imagens chegam a ser poéticas e o filme já merece méritos por não ter cara de Discovery Channel e dar grande humanidade aos animais (os pinguins já ganham a nossa simpatia). Não vejo problemas com o "excesso de fofura" dado a eles, já que funciona muito bem. O maior problema reside nas narrações em off que também são usadas como dublagens para os personagens. Isso dá um tom pueril completamente dispensável à produção: as imagens já se comunicam muito bem por si só.]

Domino (idem, 2005, Tony Scott) – bola preta

[Repeteco daquele experimento fracassado chamado Chamas da Vingança, só que o resultado é ainda pior. Tem aquela fotografia estouradona, edição afetadíssima e o mais insuportável é a vontade que o filme tem de ser cool. E o Scott tem que mostar discurso social em todo filme? Em Chamas da Vingança falava sobre os problemas da Cidade do México, e aqui ele ainda tenta abrir espaço para falar sobre o Afeganistão; impressionante.]


/Os Incompreendidos/ (Les Quatre Cents Coups, 1959, François Truffaut) - *****

[O Telecine Cult está com uma ótima mostra com filmes do Truffaut, e não pretendo perder nenhum. No último domingo aproveitei para rever esse "Os Incompreendidos" que se firmou ainda mais como obra-prima máxima. Me lembro que fiz um texto aqui no blog sobre ele, quando o vi pela primeira vez. Mantenho a mesma opinião, basicamente.]

Correpondente Estrangeiro (Foreign Correspondent, 1940, Alfred Hitchcock) – ****

[A primeira meia hora é um tanto decepcionante, visto que Hitchcock sabe fazer muito mais do que uma comédia bobinha com toques de romance (na maioria das vezes não gosto do Hitch se aprofundando muito na comédia, prefiro quando ele apenas "flerta" com ela, como em Trama Macabra). Mas depois vira um filmaço, tenso, envolvente, como todo bom Hitchcock. Tem cenas muito boas, filmadas à flor da pele, como a queda do avião.]

Caché (idem, 2005, Michael Haneke) – ****

[Tento, mas não consigo escrever sobre Caché; não me lembro de ter tido tanta dificuldade para escrever sobre um filme nos últimos tempos, sem brincadeira. Mas duas coisas: a cena da navalha (que nos pega completamente de surpresa) e o plano final (que mudou muito a visão que eu estava tendo sobre a história] são fenomenais.]

Ritmo de um Sonho (Hustle & Flow, 2005, Craig Brewer) – **

[Mais um daqueles filmes que fazem um discurso social completamente manjado. Mostra como a "vida no gueto" é difícil, e todas aquelas outras que já estamos acostumados a ver em alguns filmes. Impressionante como rebaixa os personagens a pobres coitados em certos momentos, fora os esteriótipos: o pobre cafetão que tenta correr atrás de seus sonhos, a prostituta grávida e esforçada. Enfim, mais um filme que sofre da falta de criatividade e que possui mensagens como "não desista dos seus sonhos" (e outras frases do gênero),
com o diferencial de estar em uma embalagem mais "malandra".]

Código Desconhecido (Code Inconnun, 2000, Michael Haneke) - ***

[Perde muito quando comparado a Caché, mas é um filme até que interessante. Acho as tramas bem construídas (como elas se cruzam, por exemplo), e Haneke compõe planos-sequencias e estáticos engenhosamente. O problema está em certos exageros no modo como Haneke trata dos conflitos étnicos, tem uma vontade de chocar que chega a incomodar, e o preconceito por vezes é tratado de modo infantil (as cenas envolvendo a mãe de Amandou são bem fraquinhas). E a trama das crianças surdas-mudas bem que poderia ganhar mais profundidade, já que é dona de uma bela cena inicial. Porém, duas outras coisas ótimas no filme: o intrigante plano final e, é claro, a Binoche.]

Poseidon (idem, 2006, Wolfgang Petersen) - **

[Sofre das maiorias dos problemas de outros filmes do gênero, mas aqui o que se destaca mais é a falta de originalidade, e uma sensação de dejá vu que impera durante todo o filme, o que consequentemente diminui a tensão de inúmeras cenas. Os diálogos também são bem fracos, com piadinhas, gritos, frases já muito utilizadas, e ainda tem um alivio cômico desgraçado e dispensável que o roteiro simplesmente decide introduzir no meio da trama (acho que nem o ser humano mais insano teria condições de fazer brincadeirinhas no meio daquele desastre; nem se estivesse no mais alto nível de embriaguez). Porém, por maiores que sejam os problemas, por mais histéricos que os personagens sejam, é inegável que é um filme até que despretensioso e que acaba no momento certo; é curtinho, inofensivo, passa ligeiro, mas, bem, é esquecível também (ahn? Quem é que sobrevive no final mesmo?). Fraco, mas também não é uma bomba.]


Ensaio de um Crime (Ensayo de un Crimen, 1955, Luis Buñuel) - ****

[Primeiro Buñuel que vejo, e começo logo com um filmaço. É genial como ele traça um perfil psicológico dos mais completos sobre o protagonista; mostra como a educação que Archibaldo de la Cruz recebeu influenciou negativamente o resto de sua vida (sempre querendo se sentir poderoso). Tem muito humor também, presente principalmente em alguns diálogos, e funciona otimamente. O interessante de observar é que o protagonista não pratica nenhum dos crimes, mas ainda assim se sente culpado, já que teve a intenção de cometer todos, e isso é o que mais o assombra. Destaco também as cenas que mostram as "alucinações" do Archibaldo, dirigidas de inquietante por Buñuel (em uma delas o sangue parece escorrer pela tela). A cena final é linda, fica na memória.]

Terapia do Amor (Prime, 2005, Ben Younger) - ***

[Filme que foi vendido como uma mera comédia romântica, mas que mostra algo superior a isto. Tem lá seus erros, como a falta de originalidade em certos momentos, e erra na construção de alguns personagens: o amigo gay e o amigo "doidinho" são caricaturas insuportáveis e a personagem de Meryl Streep chega a irritar em vários momentos por causa do problema que tem com pessoas de religião não-judaica (o filme em várias vezes apela para este assunto). Porém, Younger impõe uma maturidade muito grande, e um humor extremamente refinado. É notável a influência que ele tem de Woody Allen; existem muitos momentos que o filme chega a lembrar Manhattan e a cena final lembra também Noivo Neurótico, Noiva Nervosa. Tem lá seus erros, mas está muito acima de qualquer outra comédia romântica medíocre produzida hoje em dia.]

Pecados de Guerra (Casualties of War, 1989, Brian De Palma) - *****

[De Palma é um gênio. Um dos diretores que mais controla a câmera com elegancia que eu já vi, sem brincadeira. Em Pecados de Guerra ele não faz diferente. Movimentos de câmera excelentes, e a câmera sendo usada em primeira pessoa é muito bem aproveitada e trabalhada, sem contar com os belos quadros e planos (aquele do estupro é de tirar o fôlego; sensacional). É interessante como mostra o protagonista tentando manter a sanidade em meio ao caos da guerra, e tentando não se corromper entre seus compnaheiros de guerra. Filme extremamente cruel, a até a câmera fica manchada de sangue, em certo momento. Ah, e é ótimo ver John Leguizamo, John C. Reily e Sean Penn em início de carreira (Michael J. Fox também, mas aí ele já tinha feito De Volta para o Futuro...). Obra-prima.]

Oliver Twist (idem, 2005, Roman Polanski) - **

[Pequena decepção esse aqui. Muita gente falou mal, mas também vi algumas opiniões a favor, e minha expectativa ficou com os últimos. É corretinho demais, completamente dentro dos padrões; fotografia ajeitadinha, figurinos também, mas faltou coragem. Acho também exagerada a contsrução dos vilões do filme, como o personagem do Ben Kingsley (que só quer roubar a cena, diga-se de passagem). Impressionante como Polansky faz de tudo para que o espectador tenha pena do personagem-título, e o ator que o interpreta, Barney Clark, não ajuda muito também; ator muito fraco. Porém até que gosto do clima pessimista que o Polanski dá ao filme em certos momentos. Mas é só isso.]

Um Só Pecado (La Peau Douce, 1964, François Truffaut) - ***

[Apenas o terceiro Truffaut que eu vejo, e graças ao Telecine. Não é melhor que Os Incompreendidos, mas comparar os dois é forçar a barra, já que o filme de 1959 era sobre um garoto, tentando se encontrar na vida, enquanto este Um Só Pecado é mais sobre a vida conjugal. Aliás, acho interessante como Truffaut traça o paralelo da vida do protagonista no casamento e com sua amante. No primeiro vemos um homem triste, visivelmente canasado, enquanto com sua amante ele fica mais feliz, apesar de parecer saber do risco que vive. Então Truffaut lança o dilema: escolher a segurança ou a aventura? Desde o início parece que estamos prevendo como será o final, já que a trilha sonora anuncia algo trágico. E que final!]

Dublê de Corpo (Body Double, 1984, Brian De Palma) - *****

[Dos filmes que vi do De Palma, neste aqui é que a influência que o diretor tem de Hitchcock fica muito mais explícita. A premissa logo de cara remete a Janela Indiscreta, mas Dublê de Corpo tem muito de Um Corpo que Cai também, principalmente na construção do protagonista, cheio de traumas e fobias. A condução da câmera continua impecável, porém o mais interessante é como De Palma a transforma em um objeto voyeurístico, principalmente nos planos em que a câmera permanece longe dos personagens (é como se alguém os estivesse observando). Outro fato interessante de se observar é como a imagem, em Dublê de Corpo, é prioritária. Em Um Tiro na Noite, por exemplo, o que criava todo o clima de suspense era o som, já em Dublê de Corpo os personagens parecem ter mais a necessidade de observar (uma cena que simplifica bem isso é o momento em que o protagonista prefere espiar umas das personagens ao telefonar para ela). E me impressiona como De Palma consegue criar com habilidade "dois filmes em um" (e ainda criando uma atmosfera de horror excelente). Filmaço.]

Separados pelo Casamento (The Break-Up, 2006, Peyton Reed) - ***

[Boa surpresa esse "Separados pelo Casamento". Diálogos muito bem estruturados, inteligentes, reais, ou qualquer outro adjetivo similar a estes. Surpreendentemente, os esteriótipos do típico machão vivido pelo Vince Vaungh e a moça corretinha interpretada pela Aniston funcionam muito bem, principalmente pela química dos dois (e individualmente falando, Vaungh brilha, enquanto Aniston está apenas ok). Interessante que o filma vai logo direto para a parte das brigas do namoro, das discussões, enquanto os momentos de felicidade nos são apresentados apenas por fotografias durante os créditos iniciais. Os ótimos momentos cômicos por vezes dão espaço a situações dramáticas, que funcionam muito bem, e vêm quase sempre embalados por uma bela trilha do Jon Brion.]

Blow Up - Depois Daquele Beijo (Blowup, 1966, Michelangelo Antonioni) - *****

[Antonioni cria um painel da Londres da década de 60. As festas, a trilha sonora, as passeatas; tudo isso mostrando-a como uma cidade triste, cansada. O protagonista da história não poderia ser mais típico do diretor: vive no ócio, vaga pelas ruas de Londres buscando por algo a fazer, se ocupa sendo arrogante com moças iludidas com o mundo da moda. A personagem de Redgraves é intrigante, misteriosa, complexa de se entender, assim como o próprio filme. É daqueles que uma imagem vale mais que mil palavras. Antonioni nos mostra a ambiguidade da fotografia, e mostra que os nossos olhos enxergam somente aquilo que queremos. O protagonista vê em uma montagem de fotos um assassinato, que talvez tenha ocorrido ou não. (Spoilers sobre o final do filme; não leia quem não o viu) Aquela cena final deixam as coisas mais "claras": mímicos jogam tês com bola e raquete imaginárias, mas o espectador acredita que lá ocorre um jogo. Isso ocorre também com a história do protagonista: talvez nem mesmo o assasinato tenha ocorrido, talvez seja tudo uma paranóia, mas com certeza os motivos do personagem de David Hemmings para investigar tudo aquilo seja o fato de que ele finalmente possa se ocupar com algo útil, alguma coisa realmente relevante, que adicione qualquer coisa à sua vida entediante.]

Tudo Sobre Minha Mãe (Todo Sobre Mi Madre, 1999, Pedro Almodóvar) - **

[A performance da Cecilia Roth é algo simplesmente extraordinária e a trilha sonora é bem boa e bonita, mas o filme não escapa de ser uma decepção. Almodóvar torna as coisas bem maiores do que o necessário, deixa tudo bem menos simples do que deveria ser, e exagera no melodrama. Introduz na trama vários personagens que por muitas vezes só servem para que o filme se desvie do seu tema central (a perda); puro fetiche de querer fazer "dois filmes em um". E tem momentos que Almodóvar faz um novelão irritante; a cena em que Lola, uma das personagens, aparece pela primeira vez em cena chega a ser constrangedora.]

Flores Partidas (Broken Flowers, 2005, Jim Jarmusch) - ****

[Se Tudo Sobre Minha Mãe é uma decepção, este Flores Partidas é uma pérola (no bom sentido da palavra). Tem uma construção maravilhosa do protagonista: um homem que convive com o vazio, que teve todas as mulheres possíveis, mas nunca conseguiu se apegar a nenhum, e agora é um homem solitário, amargurado. Precisa urgentemente de amadurecimento, de mostrar que cresceu, e a carta que ele recebe é o estopim para isso tudo. Jarmusch introduz uma dose forte de melancolia que impera por todo o tempo, apesar do humor que o filme tem (expresso principalmente por Winston, o melhor amigo de Murray no filme, e que ilumina a produção em determinados momentos, que conta ainda com ótima atuação do Jeffrey Wright). Aliás, Jarmusch coloca muita ironia na trama, principalmente nos nomes de alguns personagens: a menina safada é Lolita, e o protagonista é Don. Bill Murray está fantástico, como sempre; a cena no cemitário (que dura pouco, mas mostra toda a delicadeza do filme) é a comprovação disto. E sem falar na divertidíssima trilha sonora.]

Festim Diabólico (Rope, 1948, Alfred Hitchcock) - ****

[Hitchcock vai direto ao ponto; o filme começa logo com uma muito boa cena de assassinato (fato em que a trama gira em torno). É engenhosíssimo, visto que é composto por inúmeros e longos planos-sequencias (todos muito bem feitos). Hitch vai fundo na mente dos assassinos, cria praticamente um perfil psicológico deles, e tudo é muito tenso. Os diálogos são geniais, e toda aquela discursão sobre assassinato e condição humana é altamente relevante. Há também cenas de mestre, que só Hitchock sabe fazer, como aquela "reconstrução" do assassinato feita por um dos personagens, só que a diferença é que não são usado personagens, mas a câmera faz questão de acompanhar todos os eventos. E ainda tem James Stewart, o melhor ator do mundo.]

Crianças Invisíveis (All The Invisible Children, 2005, Mehdi Charef [*], Emir Kusturica [**], Spike Lee [**], Kátia Lund [***], Jordan Scott & Ridley Scott [**], Stefano Veneruso [bola preta] e John Woo [bola preta]) - *

[Possui um didatismo e um moralismo insuportável, e tudo piora quando posa de "filme importante", "filme ecumênico". Como é dividido em sete segmentos, não há tempo suficiente para desenvolver tramas e personagens (alguns diretores parecem fazer o filme por obrigação). O melhor episódio é o da Kátia Lund (ou melhor dizendo: o único realmente bom) justamente por ser o mais simples e por parecer que ela é a única envolvida na produção que realmente se preocupou com resultado final disto aqui. O do Kusturica se esforça para ser o mais diferente, mas o tipo de humor que ele impõe não se adequa ao contexto temático. O Spike Lee, como sempre, desenvolve uma bela critica à sociedade norte-americana, mas peca pelo exagero dos diálogos (todos um tanto preguiçosos) e na construção de personagens como os pais viciados/aidéticos. O segmento dos Scott é simplesmente incompreensível; não sei se eles sabiam exatamente o que fazer ali, e parecem querer fazer o segmento mais poético. O do Charef poderia muito bem ser resumido em um panfleto, e tem momentos ridículos, como o garoto respondendo às questões do quadro-negro. Já o do Veneruso é algo amador, e tem falhas narrativas grotescas; parece fazer tudo pela obrigação apenas. Já o do John Woo se divide entre momentos patéticos e outros risíveis, e tem um paralelo muito mal feito entre a menina rica e a pobre; sem contar que parece com informe publicitário. Provavelmente, o pior do ano até o momento.]

Crime Verdadeiro (True Crime, 1999, Clint Eastwood) - ***

[Interessante e inteligente a discussão que faz sobre a pena de morte, sem cair no lugar comum. Acho fantástico que em meio a uma trama tão trágica, Clint ainda consiga introduzir um senso de humor excelente (mas também sem diexar de lado a sensibilidade, uma das maiores marcas do diretor em seus filmes). Aliás, ele está muito bem no filme como ator, e seu personagem é ótimo (amargurado, vive dividido entre seu emprego e sua família; é um "papai noel que trabalha sozinho"). Também gosto muito de toda a humanidade que dá ao personagem que está condenado à morte, e o seu intérorete, Isaiah Washington, está bem. Um belo filme.]

Beijos Proibidos (Baisers Volés, 1968, François Truffaut) - *****

[Truffaut faz com que a sensação de ver Beijos Proibidos seja algo mágico, único, indescritível. Doinel continua o mesmo cara perdido e sem saber o que fazer da vida de Os Incompreendidos, mas com a grande diferença de que aqui ele descobre o amor e as mulheres (e Truffaut retrata isto do melhor modo possível). Léaud se mostra que foi a escolha mais do que ideal para viver o protagonista; fantástico ele está. A trilha também é maravilhosa, e o que me impressiona é como Truffaut consegue fazer uma obra-prima dessas do modo mais simplório, sem nenhum tipo de pretensão. A cena em que Doinel e Christine se comunicam através de bilhetinhos é obrigatória em qualquer lista de melhores momentos do cinema.]

A Viagem de Chihiro (Sen to Chihiro no kamikakushi, 2001, Hayao Miyazaki) - ***

[Gosto muito como Miyazaki aperfeiçoa os pequenos detalhes, que passariam despercebidos por um diretor mais despreocupado. Dá um tom lírico que funciona excelentemente, e tem uma narrativa muito bem construída, de forma com que pareça que os personagens e o próprio espectador estejam envoltos em um sonho, com os elementos mais surreais possíveis. É um filme bonito, feito com todo o carinho do mundo, mas não consegui achar uma obra-prima, como muitos por aí afirmam (tá longe disso, aliás). Mas isso não me deixa sem vontade de conhecer mais a fundo o cinema do Miyazaki; muito longe disso.]

Pickpocket (idem, 1959, Robert Bresson) - ****

[Minha primeira experiência com Bresson, O Processo de Joana D'Arc, não foi das melhores. Acho o filme muito bom (como não achar? Tem tantos acertos por lá...), mas senti que não estava tão preparado para um debut com o diretor. Já Pickpocket serviu para que eu conseguisse quebrar esse certo "trauma" que tinha com a obra do diretor, pois este filme de 59 é algo realmente genial. Gosto muito do modo como Bresson traça um panorama da nossa sociedade; fala como os mais marginalizados vivem tentados pela criminalidade, induzidos ao mundo do furto. Michel, o personagem principal, não é uma excessão: bate carteiras porque se sente obrigado (mesmo que não tenha ninguém o forçando a cometer tal ato), mas principalmente porque assim ele se sente poderoso, dono do mundo. O dinheiro aqui é mostrado como uma ferramenta para se chegar ao poder, ao topo, porém tudo com um olhar irônico. Todas as cenas em que Michel e o chefe da polícia conversam acrescenta muito coisa interessante à discursão que Bresson propõe ("Até um homem extraordinário pode furtar?", pergunta ums dos personagens). Uma grande filme.]

Os Produtores (The Producers, 2005, Susan Stroman) - *

[Stroman cria um filme tão corretinho, tão formal, tão calculado para atingir a perfeição e tão sem ousadia, que a experiência toda se torna algo muito sem graça. Parece, na verdade, mais uma peça teatral do que com cinema, principalmente pelo tipo de humor adotado e pela narrativa do filme. O pior de tudo, porém, é a histéria que assola por todo o filme; existem momentos em que os atores não falam nem cantam, eles simplesmente berram por todos os cantos da tela (e a chegada do Will Farrel mais ou menos nos 40/50 minutos de filme não ajuda em muita coisa, convenhamos, e também porque seu personagem é uma caricatura irritante de um neo-nazista). Ao menos, os personagens gays rendem momentos até que divertidos (confesso que gosto daquela "desmunhecada" do Hitler durante a peça), mas não é o suficiente para salvar isto aqui de ser uma porcaria. Nem mesmo a Uma Thurman consegue...]

Wolf Creek (idem, 2005, Greg McLean) - **

[É impressionante como o próprio McLean tem a capacidade de assassinar (sem trocadilhos) seu próprio filme com mais ou menos uma hora de projeção. Até lá, vemos um filme experimental, com cara daquelas produções trash da década de 70, com um clima todo retrô, câmera na mão, e tudo o mais. Também estava gostando do modo como ele filmava certas cenas "à flor da pele", com uma tensão monstruosa (sem contar que ele havia conseguido trabalhar muito bem alguns clichês do gênero, como as luzes fortes em um ambiente escuro, o caminhoneiro, etc.). Porém, depois de um certo tempo, notamos que McLean parece não ter mais o que falar; a trama se esgota por completo, e nos deparamos com um filme vago (ah, então quer dizer que o filme é sobre xenofobia? Interessante, não?). Também não entendo que tipo de sentimento o diretor quis provocar no espectador ao fazer com que os seus personagens tomassem as atitudes mais estúpidas possíveis (convenhamos que voltar ao local do crime para pegar um carro não seja um ato dos mais sensatos). O sadismo doentio também é algo que me incomoda muito (tudo bem que é normal em filmes de terror um pouco de sadismo, mas colocar um cara pregado numa cruz é atestado de insanidade. Muito triste ver um filme que estava sendo tão bom em sua primeira parte, decair tanto de rendimento. Chega a ser deprimente.]

Austin Powers - 000: Um Agente nada Discreto (Austin Powers: International Man of Mystery, 1997, Jay Roach) - ***

[Satiriza brilhantemente a Londres da década de 60, com suas festas, as modelos, etc. A brincadeira com a série James Bond é interessante, mas o melhor de tudo é esse painel criado para a Inglaterra (os créditos iniciais são divertidíssimos). Meyers está fantástico, se sai muito bem na criação de cada "caras e bocas". O problema está em certas piadas que o filme insiste em repetir, o que mostra um pouco de falta de criatividade em alguns momentos, mas o resultado final é bem acima da média.]

Os Sem-Florestas (Over the Hedge, 2006, Tim Johnson & Karey Kirkpatrick) - ***

[Segue aquela mesma fórmula de filmes de animação com animais (que já está ficando chata, cá entre nós), e é muito politicamente correto, com aquelas mensagens típica. Porém, o que não torna o filme mais um Madagascar são seus personagens bastante simpáticos e uma crítica muito relevante ao mundo moderno, com seus fast foods e problemas ambientais. Notei também uma semelhança entre a cena em que os animais vêem aquele enorme muro pela primeira vez com o momento de 2001, do Kubrick, em que os macacos vêem também pela primeira vez o monolito: tem todo a clima de fascinação e estranheza, de se deparar com algo completamente diferente (será que viajei demais nessa comparação?). É um filme bem inofensivo, bonitinho, com boas piadas, e que deve perder ao ser visto dublado (como eu o vi).]

Oito e Meio (Otto Mezzo, 1962, Federico Fellini) - *****

[Se eu fizesse um lista com os melhores filmes da década de 60 hoje, Oito e Meio apareceria lá no topo (assim como provavelmente também apareceria no topo de uma lista minha de filmes favoritos). Não me lembro de ter tido um debut tão bom com um diretor. Depois eu escrevo mais, com mais calma.]

Superman - O Retorno (Superman Returns, 2006, Bryan Singer) - ***

[Singer, novamente, esbanja segurança e paixão pelo seu projeto por muitos momentos (algo que também está presente nos dois primeiros X-Men e que faltou ao Retner na terceira parte, diga-se de passagem). Filma algumas cenas de modo espetacular (a corrida no milharal e aquela do avião, por exemplo), mas cai de nível quando parece deixar seu projeto ir no piloto automático, fazendo um filme por muitas vezes banal. A construção do Lez Luthor é ótima, e Clarck Kent ganha momentos de humanidade principalmente quando está com Lois Lane, mas se torna pouco crível quando está como super-herói. O ator que o interpreta, Brandon Routh, é simpático, mas não é lá grande coisa (começa muito mal, pra falar a verdade, mas depois melhora muito), assim como a Kate Borsworth. Filme de altos e baixos, mas o resultado é positivo.]

Sra. Henderson Apresenta (Mrs. Henderson Presents, 2005, Stephen Frears) - **

[Peca principalmente pelo excesso de formalidade (como Os Produtores, por exmeplo), o que é curioso vindo de um filme que tenta tanto se mostrar liberal ou ousado. A trama é uma confusão só; não se decide se é um drama de guerra, uma espécie de ode à nudez ou um filme sobre a relação de dois velhos ranzinzas (e o modo frio com que o Frears conduz a trama não ajuda em nada). A performance da Judi Dench é muito boa em alguns momentos, mas ela interpreta uma personagem repetitiva em sua carreira, o que diminui o encanto (assim como o Hoskins). Quem dá a luz necessária ao filme por muitas vezes (apesar de não salvar a podução) é a Kelly Reilly, que é linda e ótima atriz. Filme enlatado, enfim, com fotografia, direção de arte e figurinos Ok, mas é apenas isso.]

Firewall (idem, 2006, Richard Loncraine) - **

[Não há muito o que falar sobre Firewall. É um filme sem nenhuma critividade, medíocre, com um Harrisson Ford velho demais para o papel, com diálogos horrendos e cenas risíveis. Sem contar com aquela estúpida construção da típica família norte-americana feliz, e todas as cenas envolvendo pai, mãe e filhos são constrangedoras. Bem, é um filme que não é suficientemente irritante para levar uma estrelinha, mas esquecível o suficiente para passar longe de ser sequer uma diversão passageira.]

Domicílio Conjugal (Domicile Conjugal, 1970, François Truffaut) - ****

[Logo na primeira cena de Domicilio Conjugal, o espectador fica sabendo da condição civil de Antoine Doinel por uma única frase dita por Christine: "Senhorita, não, Senhora". Com o casamento, Doinel acorda para a maturidade, se vê com responsabilidade, mas isso não faz com o personagem perca a graça, de modo algum. Aliás, creio que o Doinel seria uma presença garantida em qualquer lista minha de "personagens inesquecíveis", e as interpretações do Léaud entrariam facilmente em listas minhas de "atuações favoritas" (no mínimo, extremamente carismáticas). Continuo impressionado com a capacidade que Truffaut tem de fazer seus filmes com a maior simplicidade do mundo, e neste filme de 1970 ele faz um belo retrato da vida conjugal (as brigas, discussões, mas também os inúmeros momentos de felicidade). O humor aqui também é muito bem trabalhado (existem cenas realmente engraçadas) e a parte dramática também é sólida, garantem momentos emocionantes. Não é uma obra-prima como Os Incompreendidos e Beijos Proibidos, mas só por causa disto não deixa de ser maravilhoso.]

Piratas do Caribe 2: O Baú da Morte (Pirates of the Caribbean, 2006, Gore Verbinsky) - **

[Possui uma necessidade tão grande de ser sombrio ou engraçadinho que, consequentemente, parece não se dar conta da trama sem graça e infantalóide que tem em mãos. O Depp, que esteve muito bem no primeiro, não impressiona tanto (apesar de que acho que Jack Sparrow já é personagem antológico, inevitavelmente), e o Orlando Bloom não ajuda em nada, aliás. O número excessivo de subtramas e personagens transforma a estrutura narrativa em uma confusão só; sem falar do fetiche que o Verbinsky (ou melhor, o Bruckeheimer, porque, convenhamos, isso aqui é filme de produtor) tem de encher a trama de piratas do dente podre e uma porrada de tribal pintado de preto. O que o filme pretende com isso? Nos botar medo ou nos enojar? Seja qual for a opção, Piratas do Caribe se sai fracassado.]

Os Boas-Vidas (I Vitelloni, 1953, Federico Fellini) - ****

[Fellini se sai muito bem principalmente no modo como caracteriza os boas-vidas do título: pessoas imaturas, que desconhecem a palavra "trabalho" de seu vocabulário, e que não possuem nenhuma responsabilidade (e quando eles tem que possui-la, acham que a única solução é fugir, mas nem sempre isso é possível). Mas isso não impede que os personagens sejam seres que esbanjam simpatia (mérito também de seus intérpretes, todos muito bem). Tem um espírito nostálgico delicioso e se sai muito bem ao retratar a amizade. A trilha sonora do Nino Rota é apaixonante, assim como o próprio filme.]

O Açougueiro (Le Boucher, 1970, Claude Chabrol) - ****

[Chabrol brinca com zooms quase o tempo todo, usa e abusa deles, e apresneta um controle da câmera simplesmente impecável. Os diálogos são ótimos, e a condução da trama e a construção dos personagens é feita sem pressa, com tranquilidade. Chabrol introduz uma atmosfera de tensão durante todo o tempo e quebra alguns clichês de filmes de suspense, faz com que o espectador suspeite durante todo o tempo que um certo personagem cometeu aqueles crimes, e nós esperamos que Chabrol frustre essas nossas espectativas, que nos engane (e isso ocorre, só que de um modo diferente). O Açougueiro ainda ganha muito em sua parte final, que é composto de inúmeras cenas memoráveis. Mas o melhor momento do filme se encontra em sua metade: uma menina come um simples pão, durante um passeio na gruta, até que vemos... sangue! Sensacional.]

Amnésia (Memento, 2000, Christopher Nolan) - **

[Olha, eu realmente não sei qual a intenção do Nolan ao fazer esse Amnésia. Muito provavelmente, querer fazer a revolução no cinema, mas o filme se transforma em uma confusão generalizada (graças, principalmente, ao modo como o filme é montade, indo de trás para frente, e que foi, quase certamente, o motivo pelo qual tanta gente saiu babando ao ve-lo). A história em si é completamente ordinária, tão simples, mas o Nolan tinha que complicar mais as coisas. O personagem principal é bem construído, não há dúvidas, mas, às vezes, eu sinceramente acho que ele fica em segundo plano, já o maior astro aqui é a edição (para comprovar isso, é só tentarmos imaginar o filme feito em uma estrutura convecional, e aí ele perderia os seus "atrativos"). E aquela subtrama sobre um tal de Sammy é realmente necessária? Só faz com que o filem se desvie de sua trama central (e deixam as coisas ainda mais confusas). Um grande exercício de estilo, e nada mais que isso.]

O Matador (The Matador, 2005, Richard Shepard) - ***

[Delícia de filme. Brosnan ironizando o papel que lhe troouxe tanto sucesso (o de agente secreto) está ótimo mesmo, e o seu perosnagem em si é muito bem desenvolvindo (um homem frio e solitário). O personagem interpretado pelo Kinnear é uma caricatura do "homem bem bem de vida", e isso seria um defeito caso isso não fosse bem aproveitado e caso o Kinnear não estivesse tão excelente em cena. A química entre os dois não podia ser melhor, rende momentos extremamente divertidos, e outros emocionantes (como a cena em que o Brosnan ensina o Kinnear a matar). O Shepard também consgeue introduzir um sarcasmo muito bem vindo, presente principalmente nos diálogos. Pode ser até mesmo um filme esquecível, mas rende deliciosos momentos.]

Valentin (idem, 2002, Alejandro Agresti) - ****

[Agresti introduz aqui uma sensibilidade impressionante, e faz um muito interessante estudo sobre a perda e a morte. Adoro o modo como ele apresenta a esperteza e a ingenuidade do personagem-título, um menino que vive em sua própria realidade porque o mundo real não lhe reserva grandes esperanças. Os diálogos são brilhantes, assim como a narração em off, e o Rodrigo Noya, interpretando Valentin, e a Carmen Maura, interpretando sua avó, estão simplesmente fantástico. De encher os olhos.]

A Conversação (The Conversation, 1974, Francis Ford Coppola) - *****

[O filme já valeria somente por aquela sequencia inicial no parque, que é um primor só, filmada com perfeição. Mas depois disso só vemos mais momentos que comprovam que A Conversação é uma obra-prima de mão cheia. Aquela câmera que por muitas vezes se comporta como uma observadora é genial e o filme em si é um belo representante da explosão criativa do cinema norte-americano da década de 70. Outro grande mérito é todo o estudo que se faz sobre a solidão e paranóia que envolvem o protagonista, um sujeito que se preocupa tanto com seu trabalho e que consequentemente transforma sua vida pessoal é um tremendo desastre. É interessante de observar também como que por quase uma hora Coppola ainda deixa sua trama como uma verdadeira icógnita. E a parte final contém um número impressionate de cenas memoráveis. Incrível.]

Carne Trêmula (Carne Trémula, 1997, Pedro Almodóvar) - **

[Além dos problemas já habituais do Almodóvar, como o excesso quase que insuportável de melodrama em certos momentos (a cena entre David e Victor, envolvendo uma arma de brinquedo, tem diálogos horrendos) e também o fato de que ele sempre tem que colocar uma reviravolta na trama, esse Carne Trêmula também peca pela perda de foco: Almodóvar lança vários temas na tela (sexo, vingança, etc.), mas não se aprofunda em nenhum. Também não gosto da sequencia inicial, não faria diferença na trama, é só pra complicar mais as coisas (ah, tá certo, o filme é um panorama de Madri...). Mas tem uam outra cena isolada muito boa (aquele envolvendo Ensaio de um Crime, do Buñuel, é genial), e o elenco é muito regular, com destaque para o Javier Bardem, que é ótimo ator.]

Atirem no Pianista (Tirez Sur le Pianiste, 1960, François Truffaut) - *****

[Aquele jogo de luzes da cena inicial, quando um personagem corre entre o claro e o escuro, já anuncia o que Truffaut vai fazer a seguir: um filme onde ele mais exercita sua câmera, cheio de movimentos de câmera habilidosos, e, como de hábito, cria planos lindos, emocionantes (aquele na neve por exemplo). Truffaut por muitas vezes faz de Atirem no Pianista uma história de amor, em outros, um ensaio sobre a timidez e nervosismo, além de todo o discurso sobre identidade, é claro. Porém, também gosto de pensar que o filme fala principalmente sobre um homem que sabe melhor se comunicar com sua música, com seu piano, do que com as pessoas a sua volta. Truffaut ainda rechea a trama com ótimos diálogos, alguns com muito humor (a cena em que o garoto duvida que um relógio é feito de aço japonês é excelente). Um grande filme, mais uma para entrar entre as obras-primas de Truffaut.]

Lola (idem, 1981, Rainer Werner Fassbinder) - ***

terça-feira, julho 04, 2006

Mudança + Filmes de Junho

Este blog virará um log, ao menos provisoriamente. Talvez somente até o fim das minhas férias, mas se eu gostar da idéia continuo e faço tudo de um modo mais organizado.

Mas antes de colocar o meu primeiro post já como log, eis os filmes de Junho:

Filmes revistos entre "//" (e só o nome do diretor ao lado; to com preguiça; me acomodei muito nos últimos meses, em relação ao blog)

X Men: O Confronto Final (de Brett Ratner) - **
Dizem por Aí (de Rob Reiner) - *
Frenesi (de Alfred Hitchcock) - *****
Verdades e Mentiras (de Orson Welles) - ****
Cruzada (de Ridley Scott) – *
Contatos Imediatos do Terceiro Grau (de Steven Spielberg) – *****
Soldado Anônimo (de Sam Mendes) – **
Uma Vida sem Limites (de Kevin Spacey) – **
Gritos e Sussurros (de Ingmar Bergman) – *****
Nós que nos Amávamos Tanto (de Ettore Scola) - *****
Arizona Nunca Mais (dos Irmãos Coen) - ****
A Dama de Honra (de Claude Chabrol) - ***
Lua de Papel (de Peter Bogdanovich) - ****
Quando Explode a Vingança (de Sergio Leone) – *****
Team América (de Trey Parker) – **
Impulsividade (de Mike Mills) – *
Rastros de Ódio (de John Ford) – *****
/Ponto Final/ (de Woody Allen) - *****
Martha (de Rainier Werner Fassbinder) - ****
O Código Da Vinci (de Ron "Argh" Howard) – *
Fora de Rumo (de Mikael Håfström)– **
Stalker (de Andrei Tarkovski) - *****
Syriana (de Stephen Gaghan)– ***
Trama Macabra (de Alfred Hitchcock) - ****

O Inocente (de Luchino Visconti) - ****

Ouvindo: The Polyphonic Spree - Move Away and Shine