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Punch Drunk Movies

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sexta-feira, maio 27, 2005

Teoria da Conspiração

A Intérprete (The Interpreter, 05)

Nicole Kidman and Sean Penn in Universal Pictures' The Interpreter

Ultimamente, um dos poucos thrillers de suspense que realmente me chamou a atenção foi o filmaço “Sob o Domínio do Mal”. Neste filme de Jonathan Demme, a trama é construída originalmente, fugindo de muitos dos clichês do gênero. E lembro-me que achava que “A Intérprete” seria mais um bom exemplo de ótimos filmes atuais que envolvem intrigas políticas. Afinal, o filme é dirigido pelo aclamado Sidney Pollack, tem um roteiro escrito pela mesma pessoa que escreveu “A Lista de Schindler” (que na minha opnião é um dos melhores filmes sobre o Holocausto já feito) e “Gangues de Nova York” (que acho um exclente filme do Scorsese), e tem dois atores competentes como protagonistas (Sean Penn e Nicole Kidman). Mas, infelizmente, eu estava enganado. Não que “A Intérprete” seja um filme ruim, mas tem erros (a maioria no roteiro) que quase acabam com a produção.

Silvia Broome (Nicole Kidman) trabalha como interprete na Organização das Nações Unidas (ONU). Certo dia, porém, ela ouve uma ameaça a um chefe de estado africano, que é pronunciado em um dialeto que somente ela e poucas pessoas sabem falar nas Nações Unidas. Assim, ela irá ficar sob a guarda de (Sean Penn), mas muitas reviravoltas vão acontecer na sua vida.

O roteiro escrito a seis mãos de Zaillian, Charles Randolph e Scott Frank não tem muito o que acrescentar no gênero de suspenses envolvendo conspirações. Infelizmente, como em muitos filmes, ele cai nas armadilhas das reviravoltas: em “A Intérprete”, estas vêm em grande escala, sem nenhuma necessidade, já que trama era inteligente o bastante; e isto faz uma confusão de idéias na cabeça do espectador (o mesmo mal que sofre o recente e apenas mediano “Spartan”). O fato da identidade da personagem de Kidman ser mudada várias vezes no decorrer da projeção também é infeliz, e chega a um ponto que cansa e se torna previsível (como o terceiro ato da história). Um dos poucos pontos fortes do roteiro é a ótima construção da cena que passa dentro de um ônibus: ao contrário do restante, ela é surpreendente.

Já a direção de Pollack é ótima. Ele se destaca na narrativa sempre tensa, e que poderia ser mais envolvente caso, como já falei, não fosse o fraco roteiro. Volto a citar agora a cena do ônibus, que possui uma ágil direção: além de deixar o espectador na ponta da cadeira (ansioso pelo o que está para acontecer), os atores são bem conduzidos.

As atuações também são boas. Nicole Kidman (que está linda; só que não mais que em “Moulin Rouge”) está carismáticas e desempenha bem o seu personagem (só que nada de excepcional). Já Sean Penn está fantástico. Ele, que é um ator fora de série, atua bem até em um papel que não exige muito dele (como este em “A Intérprete”). O filme vale a pena ser visto especialmente por ele.
Enfim, “A Intérprete” é apenas um bom filme. Pode não ter a pretensão de querer mudar as regras do cinema, mas é uma produção que no outro dia pode ser facilmente esquecida. Vale a pena mesmo somente por Sean Penn.
Cotação: 3/5 (6,5)
Até mais e abraços; Rodrigo
Ouvindo: Interpol - Slow Hands