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segunda-feira, janeiro 31, 2005

A Vingança é um Prato que se Come Frio

Kill Bill Volume 1

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Demorou um grande tempo, mas, finalmente, assisti à “Kill Bill Volume.1”. De Tarantino conhecia “Cães de Aluguel”, de 1992, e “Jackie Brown”, de 1997. Não vi o filme que é considerado sua obra-prima, “Pulp Fiction”, mas posso afirmar que, antes de assistir à esta primeira parte de “Kill Bill”, já era grande admirador do diretor. Seus projetos são recheados de diálogos brilhantes. Tarantino escreve em seus roteiros conversas de pessoas normais, que falam sobre qualquer coisa. E olha que nem falei da utilização da violência exagerada para obter humor. Aqui em “Kill Bill” não há os clássicos diálogos, mas, para compensar, há muito sangue jorrando. E isto me fez tirar uma conclusão: “Somente Tarantino consegue transformar a violência em algo divertido”.

Uma mulher está grávida e faz parte de uma máfia assassinos. Ela está prestes a se casar com líder de sua associação, Bill. Ela fica à espera de seu noivo, quando é surpreendida depois que o mesmo, junto com quatro amigos que também fazem parte da máfia (Vertina; O-Ren; Budd; e Elle Driver), fazem uma chacina dentro da igreja, matando todos dentro do lugar. Porém, o alvo principal do grupo não é atingido: a noiva. Ela é espancada pelos quatro, levando, ainda, um tiro na cabeça de seu ex-noivo. “A Noiva”, como fica conhecida depois da chacina pois ninguém sabe seu nome, passa quatro anos em coma, e de repente acorda. A mesma descobre que perdeu a filha durante a chacina, e seu desejo é único: matar as quatro pessoas que a deixaram em coma e que assassinaram a filha dela.

A idéia central de “Kill Bill”, como podem perceber, não é nada original: uma típica história sobre vingança. Porém o que a diferencia das outras é a sua construção: ao incluir diversas lutas durante a projeção, Tarantino faz uma bela homenagem aos filmes de samurai. A construção da personagem central é outro ponto forte do roteiro que Tarantino consegue se sair bem: “A Noiva” não é uma pessoa “boazinha”, e sim impiedosa. E o diretor/roteirista nunca afirma durante o filme que o que ela está preparando (no caso, a sua vingança) é certo; por outro lado ele também não diz que é errado. Tarantino simplesmente torna compreensível a saga da protagonista, e isto já é o suficiente. Também existe, em “Kill Bill”, uma personagem que só aparece por volta do terceiro ato e que pode ser considerada como uma jogada de mestre: Bo-bo, guarda-costas de O-Ren, é, por trás da ingênua roupa de colegial, uma assassina fria, que pode matar uma pessoa sem nenhum motivo.

Porém, é a direção de Tarantino que consegue se destacar (apesar do roteiro também ser ótimo). Aqui, o diretor consegue fazer uma excelente mistura entre: estilo; referencias à cultura pop; e muita, mas muita violência. Violência que, aliás, não choca o espectador, já que Tarantino impõe, propositalmente, uma violência cômica e exagerada (afinal, nunca vi o braço de uma pessoa ser cortado e jorrar sangue para todos os lados feito uma mangueira). A narrativa do filme também é excelente: “Kill Bill” nunca é cansativo ou bobo, e sim empolgante. Isto se deve também, à dinâmica que Tarantino coloca nas cenas de luta: sem nunca perder o estilo, o diretor impõe na maioria destas seqüências enquadramentos aéreos (como na cena em que “A Noiva” vai matar Vernita Green, mais precisamente a que se passa na cozinha). Também é mostrada a habilidade de Tarantino com a câmera em uma cena em que Elle Driver entra no hospital vestida de enfermeira: enquanto o diretor vai seguindo a personagem, a mesma entra em uma sala; porém, Tarantino continua deslizando a câmera pelo corredor e chega ao quarto onde “A Noiva” está hospitalada, e logo em seguida o diretor utiliza a “tela dupla”. Agora, vamos falar um pouco de uma seqüência que me chamou a atenção pela sua genialidade: A luta entre “A Noiva” e os “88 Loucos”. A dinâmica desta cena é de grande competência; o estilo presente nela é maravilhoso (que também serve para deixar o espectador empolgado); a trilha sonora também (outra marca registrada do diretor); e a fotografia em preto-e-branco servem para transformar esta cena em uma das melhores do ano que passou. Sem falar, é claro, daquela genial seqüência em anime, que tem uma direção intensa de Tarantino e que é outra cena que merece destaque.

As atuações não são os maiores destaques do filme, pois, afinal, Uma Thurman rouba a cena interpretando “A Noiva”. Depois da muito bem sucedida parceria com Tarantino em “Pulp Fiction”, Thurman esbanja talento em “Kill Bill Volume 1”. Em algumas horas, “A Noiva” é uma pessoa fria (como na cena em que ela vai se vingar de Vernita Green), porém em outras demonstra ter sentimentos (como na cena em que ela descobre que perdeu o bebê). Além, é claro, de estar fiel a construção de sua personagem, pelos motivos que coloquei nas linhas acima. O resto do elenco não está tão bem quanto Thurman, mas consegue render interessantes atuações, como a jovem atriz que interpreta Bo-bo.

“Kill Bill Volume 1” é, sem dúvida, um dos melhores filmes do ano que passou. Seria bem melhor caso não tivesse sido dividido em duas partes. Sim, o filme ficaria com mais ou menos 4 horas de duração, mas se as duas partes juntas fossem como este primeiro filme (empolgante, pop, e que contasse com uma belíssima homenagem aos filmes de samurai e dos de Sergio Leone), as quase 4 horas de filme passariam voando, e, conseqüentemente, não cansariam.

Cotação: 5/5 (9.5)


Até mais e abraços; Rodrigo

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