Punch Drunk Movies


Punch Drunk Movies

I have come here to chew bubble gum and kick ass... and I'm all out of bubble gum.

sábado, julho 30, 2005

Juventude Transviada

Os Incompreendidos (Les Quatre Cents Coups, 59)



Meu primeiro contato com o cinema de François Truffaut ocorreu a poucos dias. Na verdade, acho que foi meu debut com os clássicos filmes europeus. E nada melhor do que começar assistindo a um dos primeiros do famoso movimento nouvelle vague.

"Os Incompreendidos" narra a história da juventude transviada em Paris. O protagonista dela, Antoine Doinel, é um criador de casos, e que tem uma mãe que não liga para ele e um pai (padrasto, na verdade), e que passa a fazer coisas como cometer pequenos delitos ou matar aula.

Uma das coisas mais legais do roteiro é multidimensionalidade dada ao protagonista (vivido excelentemente por Jean-Pierre Léaud). É renegado e ingnorado por todos; uma certa cena, por exemplo, o seu professor pergunta porque ele havia faltado aula no dia anterior: Doinel, sem saber o que falar, diz: "Minha mãe morreu". Uma frase que não é mentirosa, aliás. Fisicamente, a mãe dele ele está vivinha, mas presentemente na vida do garoto falando, ela já está no túmulo. Outra coisa que merece destaque é a construção de alguns personagens secundários, como a mãe de Doinel e seu melhor amigo.

A direção de Truffaut é também excelente. Ele procura concentrar seus planos no meio urbanos, e não em lugares fechados, como apartamentos (no filme há belas tomadas mostrando a Paris noturna). São concebidos também belos enquadramentos, como quando Truffaut mostra, em uma tomada aérea, alunos matando aula de educação física. Também não se pode deixar de mencionar o lindo final. Doinel chega ao seu limite, no final, não há mais para onde correr.

Enfim, meu primeiro contato com o cinema de Truffaut foi maravilhoso. Espero que quando ver mais filmes dele a maioria possa ser ao menos tão bom quanto esse "Os Incompreendidos".


Cotação: 5/5 (9.5)

PS: Ainda nessa semana publico um texto sobre "Sin City".

PS 2: Sim, agora eu dou cotação numérica, e não somente "estelar". As notas variam de 0-10 com meios. As notas 10 e 9.5 podem vir em menor número, pois são destinadas a filmes mais "especiais". As notas 9.0 e 8.5 serão mais usadas, e são destinadas a filmes quase excelentes (8.5) e a filmes que podem ser chamados de excepcionais (ou excelentes mesmo) (9.0). Enfim, aí vai as legendas para o sistema atual de cotação (que eu não sei se vai durar, mas vamos ver...):


5 Estrelas: 8.5 a 10
4 Estrelas: 7.0 a 8.0
3 Estrelas: 5.5 a 6.5
2 Estrelas: 4.0 a 5.0
1 Estrelas: 0 a 3.5

Até mais e abraços; Rodrigo

segunda-feira, julho 25, 2005

Kung-Fusão

Gong Fu (2004)

Fighting in Sony Pictures Classics' Kung Fu Hustle

Stephen Chow, diretor, roteirista, ator e produto deste “Kung-Fusão”, tem tudo para que, futuramente, seja um novo Jackie Chan em Hollywood. Não, não estou dizendo que ele virá a fazer bombas como “O Terno de 2 Bilhões de Dólares”, mas que ele pode fazer sucesso (seja de público ou de crítica) lá nos Estados Unidos. Em “Kung-Fusão”, Chow faz uma mistura de ação, comédia, gangsteres, e uma trama com um pouco de romance, e o resultado dessa fórmula é um ótimo filme.

Sing (Stephen Chow) é um rapaz desastrado que deseja fazer parte da “Gangue dos Machados”, que amedronta a cidade. Quando Sing tenta roubar um dos moradores do conjunto habitacional periférico “Curral do Porco”, ele descobre que vários moradores do local são mestres de Kung-Fu, e a Gangue dos Machados acaba por entrar em conflito com a periferia.

O roteiro escrito por Chow abusa do non-sense. Durante as horas de projeção, vemos machados e pessoas voando, e personagens incríveis. Dois que chamam grande atenção é a proprietária do “Curral do Porco”, que solta um grito monstruoso, e um garoto que vive com a bunda de fora. E também existem outros que chamam a atenção, como o melhor amigo de Sing. Outro ponto forte do roteiro são as alusões a outros filmes, como “Homem-Aranha” e “O Iluminado”, e a desenhos animados (aquele do Papaléguas, por exemplo). Chow também consegue criar situações criativas e extremamente engraçadas: uma que merece destaque é a que Sing sem querer acaba se auto-esfaqueando.

A direção de Chow é outro espetáculo a parte. Elegante, com espírito dos filmes de kung fu da década de 70, clima de filmes de gangsters e de western spaghetti, e ainda é imposto uma ritmo alucinante as cenas de luta (um bom exemplo é a seqüência da primeira luta entre o “Curral do Porco” e a “Gangue do Machado”). Também vale destacar que o humor que Chow faz é um humor ingênuo, inocente. Nunca se torna apelativo, mas consegue arrancar o riso de uma maneira espetacular.

As atuações também são ótimas. Qiu Yuen, interpretando a proprietária do “Curral do Porco”, e Wah Yuen, fazendo o marido dela, estão muito bem. Carismáticos e possuem uma química interessante. Chi Chung Lam está hilário como o melhor amigo de Sing (e o melhor de tudo é que ele não precisa fazer caras e bocas). Outro que merece destaque é, mais uma vez, Chow, que também está bem engraçado.

Enfim, “Kung-fusão” já é uma das surpresas mais agradáveis do ano. Excelente direção e roteiro de Stephen Chow, e muito boas atuações. Não chega a ser uma obra-prima, mas consegue bom o bastante para integrar nos melhores do ano até o momento.

Cotação: 4/5

Até mais e abraços; Rodrigo

Ouvindo: Jon Brion - Knock Yourself Out

sexta-feira, julho 22, 2005

Clã das Adagas Voadoras

Shi mian mai fu (2004)

Zhang Ziyi and Takeshi Kaneshiro in Sony Pictures Classics' House of Flying Daggers

OBS: O texto a seguir pode possuir spoilers

O cinema Chinês/Japonês sempre teve como maior representante os filmes de artes marciais. Nesta década, por exemplo, tivemos o excelente “Zatoichi”, dirigido por Takeshi Kitano, e que conta a história de um espadachim cego (sem contar “O Tigre e o Dragão”, mas esse já é da década passada). Agora, durante este ano, dois filmes deste gênero chamaram a atenção: “Herói” e “O Clã das Adagas Voadoras”, ambos dirigidos por Zhang Yimou. O primeiro conta com uma excelente direção e um roteiro surpreendente, além de uma competente parte técnica. Já o segundo, que era um dos favoritos ao Oscar de Filme Estrangeiro, mas acabou ficando de fora, não cumpre muita das minhas expectativas, mas, ainda assim, consegue ser uma competente produção.

A Dinastia Tang vive terríveis conflitos com “O Clã das Adagas Voadoras”, uma organização rebelde insatisfeita com o governo que rouba dinheiro dos ricos para dar aos pobres. Um soldado recebe a missão de investigar uma dançarina cega, que é suspeita de participar do tal clã. Em sua busca a ela, o soldado fica apaixonado e fará de tudo para ficar ao seu lado.

O roteiro escrito a seis mãos por Zhang Yimou, Feng Li e Bi Wang (que também escreveram o de “Herói”) tem como ponto fraco a trama na qual gira em torno. Ela pode ser interessante, mas cai por muitas vezes no clichê estilo “Romeu e Julieta”, e que se torna te mesmo previsível. Porém, é com a chegada de sua meia hora final que o filme cresce surpreendentemente: nesse período ocorre uma pequena reviravolta (que não soa forçada), um triângulo amoroso que funciona muito bem (e que deixa o filme um tanto mais interessante), e uma belíssima conclusão final, que pode até ser melosa, mas merece aplausos por não optar pelo “final feliz”.

A direção de Zhang Yimou, por sua vez, é o grande destaque. Seqüências bonitas visualmente, e um bom ritmo dado às cenas de luta (apesar de ainda preferir as de “Herói”, essas daqui também são muito boas). Mas a sua direção também é bastante sensível: a cena final, por exemplo, é belíssima, tanto visualmente quanto emocionalmente (a cena do “jogo do eco” é bem legal). Aqueles enquadramentos elegantes que estiveram presentes em “Herói” (a comparação é inevitável), também estão presentes aqui.

As atuações também são ótimas. O maior destaque é Zhang Ziyi, interpretando a cega Mei; ela está carismática, e a sua química com Takeshi Kaneshiro, que por sua vez também está muito bem em cena, se tornam outro atrativo do filme. Andy Lau, fazendo Leo, ganha importância maior importância durante o terceiro ato, e se sai bem.

Enfim, “O Clã das Adagas Voadoras” é um ótimo filme. Possui muito boa direção do Zhang Yimou, competentes atuações, mas um roteiro que é o principal problema do filme (se salvando no terceiro ato).

Cotação: 4/5

Até mais e abraços; Rodrigo

Ouvindo: Badly Drawn Boy - Something to Talk About

segunda-feira, julho 18, 2005

Melhores e Piores do Semestre

Coloco aqui uma lista parcial dos melhores e piores do semestre (com comentários ao lado). Discordem a vontade, mas lembrem-se que isso não é nada mais que minha opinião (são também os meus votos para o Raking do Semestre da Liga dos Blogues Cinematográficos).

Os 10 Melhores:

1 - Sideways (Alexander Payne faz muito mais que um filminho indie que não tem nada a dizer)

2 - O Aviador (Scorsese mostra que por trás do milionário Howard Hughes havia um homem triste e solitário)

3 - Menina de Ouro (Clint Eastwood, o homem mais malvado do velho oeste, mostra que também é sensível)

4 - Herói (visualmente e emocionalmente belo)

5 - Star Wars: Episódio III - A Vingança dos Sith (pelo fato de ter cumprido as expectativas e ser muito melhor que os outros filmes dessa nova trilogia)

6 - O Clã das Adagas Voadoras (as atuações do elenco e a direção de Zhang Yimou ganham destaque em cima do bom porém um tanto clichê roteiro)

7 - Jogos Mortais (é muito melhor que a maioria dos filmes de terror/suspense produzidos anualmente. Isso basta?)

8 - Batman Bagins (Batman, finalmente, tem um filme que faz jus as suas origens)

9 - Reencarnação (poderia cair nas armadilhas do gênero "suspense", mas possui um ótimo roteiro e direção de Jonathan Glazer)

10 - Desventuras em Série (um conto de fadas pessimista)

Os 5 Piores:

1 - O Amigo Oculto (pobre De Niro)

2 - O Grito (trama boba, desenvolvimento mais ainda, e ainda tem aqueles fantasmas japoneses cabeludos)

3 - Entrando Numa Fria Maior Ainda (apelativo e sem graça)

4 - Guerra dos Mundos (esse daqui entra por falta de opção, já que não é um desastre, apesar de ser bem fraquinho)

5 - Ray (também por falta de opção, mas esse é um dos filmes que só cai no meu conceito com o tempo)

E é isso. Ainda nessa semana vou assistir a "Kung-Fusão" e "Em Boa Companhia", e depois conto o que achei.

Até mais e abraços; Rodrigo

Ouvindo: The Smiths - There's a Light that never goes out

sábado, julho 16, 2005

Golpe de Mestre


O Grande Golpe (The Killing, 56)

Em uma das minhas visitas a locadora estava com intuito de querer conhecer mais o cinema de Stanley Kubrick. Mas a dúvida era qual levar: Laranja Mecânica? Nascido para Matar? O Iluminado? Ou poderia ser “2001 – Uma Odisséia no Espaço”? Todas essas opções foram descartadas quando me deparei com um dos primeiros filmes do diretor: “O Grande Golpe”. Logo aluguei.

É claro que eu esperava pelo menos um bom filme, mas não a ponto de ser espetacular. Aqui, Kubrick já consegue mostrar suas principais características, como as tomadas longas com enquadramentos estáveis. Outra coisa excelente é a forma narrativa (inovadora para a época), que consiste em uma edição fragmentada, o que Quentin Tarantino viria a fazer décadas depois. Ela também é ágil e segura.

O roteiro (assim como as atuações) é excelente. A primeira meia hora deste propõe ao espectador um melhor conhecimento dos personagens em questão, e, a cada minuto que passa, vamos montando um quebra-cabeça. Também merece destaque a conclusão final, que é inteligentíssima.

Enfim, Kubrick, logo em um de seus primeiros filmes, já consegue fazer um jogada de mestre.


Até mais e abraços; Rodrigo

sábado, julho 09, 2005

Guerra dos Mundos

War of the Worlds

Tim Robbins , Tom Cruise and Dakota Fanning in Paramount Pictures' War of the Worlds

Spielberg já deixou claro em seus filmes que ele tem certeza que existe vida fora da Terra. Em “E.T.”, por exemplo, o diretor narra a história de um extraterrestre que chega na Terra e que deseja voltar para sua terra natal. Isso veio a se repetir em “Contatos Imediatos do Terceiro Grau” e até mesmo em “AI – Inteligência Artificial”. Não por muita coincidência, todos eles são bonzinhos; acham os humanos seres estranhos, assim como nós os achamos. Porém, agora as coisas se inverteram: em “Guerra dos Mundos” os extraterrestres são seres malvados, impiedosos, e desejam exterminar a raça humana. Mas, infelizmente, o resultado não foi tão bom quanto o esperado: até a metade do seu segundo ato “Guerra dos Mundos” cumpre as minhas expectativas, mas depois as coisas desandam até demais.

Ray Ferrier (Tom Cruise) é um operador de guindaste divorciado e que passa o fim-de-semana com seus filhos, Rachel e Robbie. Em um desses dias, a população de sua cidade é surpreendida por um Tripod, que começa a exterminar toda população mundial. Assim, Ray e seus dois filhos tentarão sobreviver a todo custo.

O roteiro escrito por Josh Friedman (que tem alguns filmes famosos em seu currículo, como “O Pagamento Final” e “Homem-Aranha”) e David Koepp, baseado no livro clássico da ficção-científica escrio por H.G Wells possui um primeiro ato excelente. Além de não estereotipar o protagonista, eles colocam alusões muito boas à paranóia Porém, é na metade do segundo ato que os dois perdem parte do seu rumo: apesar da inclusão de um excelente personagem (Harlan Ogilvy, o mais interessante do filme; interpretado por Tim Robbins), a partir daí o filme se torna muito bobinho; cai no lugar comum dos filmes catástrofes. Mas, se tudo estava ao menos mediano, Friedman e Koepp se perde de vez no final, quando o espectador se depara com um final feliz demais.

Porém, Spielberg também tem parte de culpa nisso. Até o terceiro ato, sua direção é segura e extremamente tensa; retrata com crueldade o extermínio, e o mais admirável é que ele não utiliza do sangue para mostrar a guerra (em uma cena, por exemplo, Rachel vê milhares de corpos boiando na água; uma cena até mesmo incômoda, aliás). Porém no final Spielberg decide colocar sentimentalismo onde não devia. Eu sei que falar que a conclusão de seus filmes possuem melodrama é um clichê, mas ele poderia muito bem abrir uma exceção desta vez.

O elenco também não faz feio, mas nada de grandioso. Tom Cruise está bem; Dakota Fanning não faz nada além de soltar gritinhos aterrorizados durante o filme (mas está até simpática). O melhor de todos é o Tim Robbins, com uma ótima interpretação; bastante fiel a seu personagem.

Enfim, “Guerra dos Mundos” é um filme bem fraquinho. Tem como principal ponto forte a boa direção de Spielbreg, mas o seu maior problema é o final feliz demais, e o fraco roteiro. Uma decepção.


Cotação: 2/5

Até mais e abraços; Rodrigo

Ouvindo: Velvet Underground - Stephenie Says

terça-feira, julho 05, 2005

Cada quebra-cabeça tem suas peças

Enquanto não vejo o filme do Sr. Spielberg, coloco aqui um texto sobre...

... Jogos Mortais (Saw, 05)

Cary Elwes in Lions Gate Films' Saw

Para um filme de terror ou suspense fazer sucesso hoje em dia não é preciso de um grande orçamento, um diretor conhecido ou um elenco de estrelas. A prova disso veio com “A Bruxa de Blair”, no ano de 1998, e desde então muitos produtores vem tentando repetir a sorte. Ano passado tivemos “Mar Aberto”, e neste tivemos “Jogos Mortais”, dirigido pelo então estreante James Wan. E, segundo o péssimo slogan promocional, “Jogos Mortais” era o melhor filme de suspense desde “Se7en” (1995). Bem, Wan está longe de ser um David Fincher (assim como o filme realizado pelo primeiro está longe do filme feito pelo segundo), mas, logo nesta sua primeira produção, ele demonstrou certas influências do diretor de “Se7en”. E por isto ter sido muito bem trabalhado, “Jogos Mortais” já merece muito destaque em meio a tantas porcarias do gênero suspense produzidas atualmente.

Adam e Lawrence acordam de repente em um banheiro sujo, onde os dois se encontram acorrentados. Suspeitando que tudo seja nada mais que uma brincadeira, eles logo se vêem envolvidos em um “jogo” feito pelo Serial Killer Jigsaw, que costuma pôr suas vítimas em lugares inusitados para saber o verdadeiro valor da vida. Para tentarem escapar, o psicopata lhes dá dicas para tentarem sair daquele lugar vivo; mas, para isto, os dois terão que confrontar a si mesmos.

Logo nas primeiras cenas do roteiro escrito por Leigh Whannell, vemos que ele está montando um quebra-cabeça com a trama. O filme começa sem nenhuma apresentação dos personagens; não sabemos nada sobre suas vidas. Mas, aos poucos, vamos entendo mais o “jogo” em que os protagonistas da história estão vivenciando; é aí que o quebra-cabeça começa a ser montado. O segundo ato do filme se dedica mais às investigações feitas pelo personagem de Danny Glover: se achávamos que o tal Jigsaw fazia aquilo com as pessoas por mera diversão, vemos que o verdadeiro intuito do psicopata é que as pessoas descubram o verdadeiro valor da vida. É lógico que em meio há tudo isto ocorrem reviravoltas na trama, mas, para a minha surpresa, estas não soam forçadas, e sim inteligentes, bem boladas. A que ocorre no terceiro ato, por exemplo, é um tanto inverossímil, mas torna o final do filme bastante corajoso, já que não há “final feliz” e também deixa algumas coisas em aberto (o que é sempre não convencional se tratando de um filme comercial). Também é interessante ver até que ponto os personagens chegam para tentar sobreviver (os tornando mais “normais”).

A direção de James Wan, como disse no começo, possui certas influências de David Fincher em “Se7en”.Ele não se iguala ao seu “mentor”, mas impõe uma narrativa extremamente tensa no filme. As cenas passadas no banheiro são sufocantes, e o cenário escolhido para elas são mais do que apropriadas. Wan também se mostra um diretor com estilo ao colocar enquadramentos extremamente elegantes, e que dão um clima claustrofóbico muito bom.

O elenco também está bem, mas nada de excepcional. Os melhores realmente são Leigh Whannell e Cary Elwes. Os dois conseguem mostrar competentemente a agonia de duas pessoas que estão nas mãos de um psicopata (e sem exageros). Danny Glover faz bem o seu papel: um policial descontrolado. Mas é percebível a sua pretensão de querer ser um Morgan Freeman em “Se7en”. Monica Potter, atriz de suspenses policiais “B” (“Na Teia da Aranha”, por exemplo), só cumpre o seu papel, a de mãe desesperada, e nada mais que isso.
Enfim, “Jogos Mortais” é um ótimo suspense policial. Cria de “Se7en” (apesar de muito inferior), tem uma direção e roteiro bastante competentes, e boas atuações. Bem superior à porcarias produzidas em Hollywood todo ano. E isso é o bastante.


Cotação: 4/5

Até mais e abraços; Rodrigo

Ouvindo: David Bowie - Moonage Daydreman