Cada quebra-cabeça tem suas peças
Enquanto não vejo o filme do Sr. Spielberg, coloco aqui um texto sobre...
... Jogos Mortais (Saw, 05)
Para um filme de terror ou suspense fazer sucesso hoje em dia não é preciso de um grande orçamento, um diretor conhecido ou um elenco de estrelas. A prova disso veio com “A Bruxa de Blair”, no ano de 1998, e desde então muitos produtores vem tentando repetir a sorte. Ano passado tivemos “Mar Aberto”, e neste tivemos “Jogos Mortais”, dirigido pelo então estreante James Wan. E, segundo o péssimo slogan promocional, “Jogos Mortais” era o melhor filme de suspense desde “Se7en” (1995). Bem, Wan está longe de ser um David Fincher (assim como o filme realizado pelo primeiro está longe do filme feito pelo segundo), mas, logo nesta sua primeira produção, ele demonstrou certas influências do diretor de “Se7en”. E por isto ter sido muito bem trabalhado, “Jogos Mortais” já merece muito destaque em meio a tantas porcarias do gênero suspense produzidas atualmente.
Adam e Lawrence acordam de repente em um banheiro sujo, onde os dois se encontram acorrentados. Suspeitando que tudo seja nada mais que uma brincadeira, eles logo se vêem envolvidos em um “jogo” feito pelo Serial Killer Jigsaw, que costuma pôr suas vítimas em lugares inusitados para saber o verdadeiro valor da vida. Para tentarem escapar, o psicopata lhes dá dicas para tentarem sair daquele lugar vivo; mas, para isto, os dois terão que confrontar a si mesmos.
Logo nas primeiras cenas do roteiro escrito por Leigh Whannell, vemos que ele está montando um quebra-cabeça com a trama. O filme começa sem nenhuma apresentação dos personagens; não sabemos nada sobre suas vidas. Mas, aos poucos, vamos entendo mais o “jogo” em que os protagonistas da história estão vivenciando; é aí que o quebra-cabeça começa a ser montado. O segundo ato do filme se dedica mais às investigações feitas pelo personagem de Danny Glover: se achávamos que o tal Jigsaw fazia aquilo com as pessoas por mera diversão, vemos que o verdadeiro intuito do psicopata é que as pessoas descubram o verdadeiro valor da vida. É lógico que em meio há tudo isto ocorrem reviravoltas na trama, mas, para a minha surpresa, estas não soam forçadas, e sim inteligentes, bem boladas. A que ocorre no terceiro ato, por exemplo, é um tanto inverossímil, mas torna o final do filme bastante corajoso, já que não há “final feliz” e também deixa algumas coisas em aberto (o que é sempre não convencional se tratando de um filme comercial). Também é interessante ver até que ponto os personagens chegam para tentar sobreviver (os tornando mais “normais”).
A direção de James Wan, como disse no começo, possui certas influências de David Fincher em “Se7en”.Ele não se iguala ao seu “mentor”, mas impõe uma narrativa extremamente tensa no filme. As cenas passadas no banheiro são sufocantes, e o cenário escolhido para elas são mais do que apropriadas. Wan também se mostra um diretor com estilo ao colocar enquadramentos extremamente elegantes, e que dão um clima claustrofóbico muito bom.
O elenco também está bem, mas nada de excepcional. Os melhores realmente são Leigh Whannell e Cary Elwes. Os dois conseguem mostrar competentemente a agonia de duas pessoas que estão nas mãos de um psicopata (e sem exageros). Danny Glover faz bem o seu papel: um policial descontrolado. Mas é percebível a sua pretensão de querer ser um Morgan Freeman em “Se7en”. Monica Potter, atriz de suspenses policiais “B” (“Na Teia da Aranha”, por exemplo), só cumpre o seu papel, a de mãe desesperada, e nada mais que isso.
Enfim, “Jogos Mortais” é um ótimo suspense policial. Cria de “Se7en” (apesar de muito inferior), tem uma direção e roteiro bastante competentes, e boas atuações. Bem superior à porcarias produzidas em Hollywood todo ano. E isso é o bastante.
Cotação: 4/5
Até mais e abraços; Rodrigo
Ouvindo: David Bowie - Moonage Daydreman
... Jogos Mortais (Saw, 05)
Para um filme de terror ou suspense fazer sucesso hoje em dia não é preciso de um grande orçamento, um diretor conhecido ou um elenco de estrelas. A prova disso veio com “A Bruxa de Blair”, no ano de 1998, e desde então muitos produtores vem tentando repetir a sorte. Ano passado tivemos “Mar Aberto”, e neste tivemos “Jogos Mortais”, dirigido pelo então estreante James Wan. E, segundo o péssimo slogan promocional, “Jogos Mortais” era o melhor filme de suspense desde “Se7en” (1995). Bem, Wan está longe de ser um David Fincher (assim como o filme realizado pelo primeiro está longe do filme feito pelo segundo), mas, logo nesta sua primeira produção, ele demonstrou certas influências do diretor de “Se7en”. E por isto ter sido muito bem trabalhado, “Jogos Mortais” já merece muito destaque em meio a tantas porcarias do gênero suspense produzidas atualmente.
Adam e Lawrence acordam de repente em um banheiro sujo, onde os dois se encontram acorrentados. Suspeitando que tudo seja nada mais que uma brincadeira, eles logo se vêem envolvidos em um “jogo” feito pelo Serial Killer Jigsaw, que costuma pôr suas vítimas em lugares inusitados para saber o verdadeiro valor da vida. Para tentarem escapar, o psicopata lhes dá dicas para tentarem sair daquele lugar vivo; mas, para isto, os dois terão que confrontar a si mesmos.
Logo nas primeiras cenas do roteiro escrito por Leigh Whannell, vemos que ele está montando um quebra-cabeça com a trama. O filme começa sem nenhuma apresentação dos personagens; não sabemos nada sobre suas vidas. Mas, aos poucos, vamos entendo mais o “jogo” em que os protagonistas da história estão vivenciando; é aí que o quebra-cabeça começa a ser montado. O segundo ato do filme se dedica mais às investigações feitas pelo personagem de Danny Glover: se achávamos que o tal Jigsaw fazia aquilo com as pessoas por mera diversão, vemos que o verdadeiro intuito do psicopata é que as pessoas descubram o verdadeiro valor da vida. É lógico que em meio há tudo isto ocorrem reviravoltas na trama, mas, para a minha surpresa, estas não soam forçadas, e sim inteligentes, bem boladas. A que ocorre no terceiro ato, por exemplo, é um tanto inverossímil, mas torna o final do filme bastante corajoso, já que não há “final feliz” e também deixa algumas coisas em aberto (o que é sempre não convencional se tratando de um filme comercial). Também é interessante ver até que ponto os personagens chegam para tentar sobreviver (os tornando mais “normais”).
A direção de James Wan, como disse no começo, possui certas influências de David Fincher em “Se7en”.Ele não se iguala ao seu “mentor”, mas impõe uma narrativa extremamente tensa no filme. As cenas passadas no banheiro são sufocantes, e o cenário escolhido para elas são mais do que apropriadas. Wan também se mostra um diretor com estilo ao colocar enquadramentos extremamente elegantes, e que dão um clima claustrofóbico muito bom.
O elenco também está bem, mas nada de excepcional. Os melhores realmente são Leigh Whannell e Cary Elwes. Os dois conseguem mostrar competentemente a agonia de duas pessoas que estão nas mãos de um psicopata (e sem exageros). Danny Glover faz bem o seu papel: um policial descontrolado. Mas é percebível a sua pretensão de querer ser um Morgan Freeman em “Se7en”. Monica Potter, atriz de suspenses policiais “B” (“Na Teia da Aranha”, por exemplo), só cumpre o seu papel, a de mãe desesperada, e nada mais que isso.
Enfim, “Jogos Mortais” é um ótimo suspense policial. Cria de “Se7en” (apesar de muito inferior), tem uma direção e roteiro bastante competentes, e boas atuações. Bem superior à porcarias produzidas em Hollywood todo ano. E isso é o bastante.
Cotação: 4/5
Até mais e abraços; Rodrigo
Ouvindo: David Bowie - Moonage Daydreman
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