Amor em Jogo
Fever Pitch (2005)
OBS: O texto a seguir pode conter pequenos spoilers das cenas melhores do filme
Pois é, com esse “Amor em Jogo” os Irmãos Farrelly comprovam sua entrada em uma fase mais “levinha” do que a do passado. Na antiga, eles já nos presentearam com a obra-prima “Débi & Lóide” e o excelente “Quem Vai Ficar com Mary?” (e um outro filme não tão bom, “Eu, Eu Mesmo, e Irene”, mas que tem alguns bons momentos), onde o humor negro imperava. Nessa nova, fizeram “Ligado em Você”, que é simplesmente muito bom, e o bem legal “Amor é Cego” (que tem o primeiro final moralista da dupla). Porém, é com “Amor em Jogo” que os Farrelly conseguem fazer o seu melhor filme nessa década, com uma direção genial e um roteiro (que escapa dos clichês do gênero fácil, fácil) baseado no livro do Nick Hornby. E ainda continuo embasbacado com a capacidade que eles tem de impor uma trilha sonora sensacional.
Bem é um professor de geometria que torce fanaticamente para o time de beisebol Red Sox, e que acompanha como uma religião todos os jogos da equipe. Por meio do acaso, ele conhece Lindsey Meeks, e começam a sair. Porém, muitas confusões vão acontecer por causa da outra grande paixão de Bem: o Red Sox.
O livro escrito por Hornby não tem como tema o beisebol, e sim futebol. E também não se passa nos Estados Unidos, e sim na Inglaterra. Lembro-me que achava que isso não iria dar muito certo, e os roteiristas tinham escrito o roteiro de “Ed Tv” (dirigido pelo tal do Ron Howard), que é mediano, mas não passa de uma imitação com algumas mudanças do sucesso “O Show de Truman”. Porém, Lowell Ganz e Babaloo Mandel (os roteiristas) fizeram a história ganhar: o protagonista iria torcer para o time mais azarado da liga de beisebol, o Red Sox. A visão que a dupla dá aos torcedores do time é muito boa: pessoas otimistas, mas que às vezes perdem as esperanças (além disso, são doentes pelo time, o que faz tudo parecer mais bonito). Fora isso, o roteiro está cheio de situações inspiradíssimas, entre elas: a cena em que o personagem de Fallon tem que tampar seus ouvidos com uma lagosta para não ouvir o resultado do jogo; uma bola de beisebol, durante o jogo, atinge a testa da personagem de Barrymore, mas o de Fallon comemora pelo fato de uma cara ter pego a bola. Porém, o melhor deles se encontra no final: Lindsey atravessando o campo correndo, se livrando dos seguranças, para impedir que Bem cometa o maior erro de sua vida; é tão lindinha essa cena, que poderia figurar entre as minhas favoritas do ano. Porém, o mais interessante talvez seja o fato da dupla de roteiristas escaparem dos piores clichês do gênero, criando um filme com personagens muito interessantes; pessoas que podem parecer malucas, mas que, no fundo, são apenas diferentes (e que por isso mesmo são adoráveis).
Já a direção dos Irmãos Farrelly pode muito bem ser chamada de espetacular. A seqüência inicial do filme, por exemplo, ao som de Dirty Water dos Standells (se estiver enganado, me corrijam, por favor), é genial; tem um espírito bem década de sessenta nela (???). O humor imposto por eles durante o filme é super agradável, não somente por ser engraçado, mas por possuir uma certa sensibilidade nela. Também vale dizer que foram poucas as vezes que torci tanto por um personagem no cinema: não falo só por falar, mas sim porque fiquei, por exemplo, com os dedos presos com grande força na cadeira na cena final (como se quisesse gritar: “Não faça isso, porra!”), ou na parte em que ele perde o jogo dos Red Sox com os Yankees, sem poder ver um dos momentos mais gloriosos de seu time. E, como disse no primeiro parágrafo, os Farrelly são trilheiros incríveis: eles conseguem colocar a música certa no momento certo (algo que diretores como Cameron Crowe e Quentin Tarantino fazem na atualidade). A cena em que toca “Sweet Caroline”,por exemplo, é pra ficar arrepiado dos pés a cabeça.
O elenco também está ótimo. Jimmy Fallon está inspiradíssimo; ótimo comediante ele é. Não abusa muito de caras e bocas, mas, mesmo assim, consegue ser muito divertido (fora isso, é impressionante o carisma dele). Barrymore também está muito bem; muito lindinha ela aqui. A química entre eles dois é excelente; escolha certa deles dois para viver o papel de protagonistas. Mas também tem coadjuvantes que merecem destaque, como, principalmente, Jack Kehler, interpretando Al (um dos personagens mais “farrellyanos” do filme).
Enfim, “Amor em Jogo” é um filme delicioso de se assistir. Foge dos clichês do gênero, e acaba não se tornando mais uma “comédia romântica água-com-açúcar”,conseguindo ser uma das coisas mais bonitas a ser produzidas nesse ano.
Cotação: 4.5/5 (8.5) [mas a tendência é a aumentar, realmente]
Ouvindo: Neil Diamond - Sweet Caroline
P.S.: Aí vai um TOP 5 Irmãos Farrelly, para quem quiser ver:
1 - Débi&Lóide
2 - Amor em Jogo
3 - Quem Vai Ficar Com Mary?
4 - Ligado em Você
5 - O Amor é Cego
OBS: O texto a seguir pode conter pequenos spoilers das cenas melhores do filme
Pois é, com esse “Amor em Jogo” os Irmãos Farrelly comprovam sua entrada em uma fase mais “levinha” do que a do passado. Na antiga, eles já nos presentearam com a obra-prima “Débi & Lóide” e o excelente “Quem Vai Ficar com Mary?” (e um outro filme não tão bom, “Eu, Eu Mesmo, e Irene”, mas que tem alguns bons momentos), onde o humor negro imperava. Nessa nova, fizeram “Ligado em Você”, que é simplesmente muito bom, e o bem legal “Amor é Cego” (que tem o primeiro final moralista da dupla). Porém, é com “Amor em Jogo” que os Farrelly conseguem fazer o seu melhor filme nessa década, com uma direção genial e um roteiro (que escapa dos clichês do gênero fácil, fácil) baseado no livro do Nick Hornby. E ainda continuo embasbacado com a capacidade que eles tem de impor uma trilha sonora sensacional.
Bem é um professor de geometria que torce fanaticamente para o time de beisebol Red Sox, e que acompanha como uma religião todos os jogos da equipe. Por meio do acaso, ele conhece Lindsey Meeks, e começam a sair. Porém, muitas confusões vão acontecer por causa da outra grande paixão de Bem: o Red Sox.
O livro escrito por Hornby não tem como tema o beisebol, e sim futebol. E também não se passa nos Estados Unidos, e sim na Inglaterra. Lembro-me que achava que isso não iria dar muito certo, e os roteiristas tinham escrito o roteiro de “Ed Tv” (dirigido pelo tal do Ron Howard), que é mediano, mas não passa de uma imitação com algumas mudanças do sucesso “O Show de Truman”. Porém, Lowell Ganz e Babaloo Mandel (os roteiristas) fizeram a história ganhar: o protagonista iria torcer para o time mais azarado da liga de beisebol, o Red Sox. A visão que a dupla dá aos torcedores do time é muito boa: pessoas otimistas, mas que às vezes perdem as esperanças (além disso, são doentes pelo time, o que faz tudo parecer mais bonito). Fora isso, o roteiro está cheio de situações inspiradíssimas, entre elas: a cena em que o personagem de Fallon tem que tampar seus ouvidos com uma lagosta para não ouvir o resultado do jogo; uma bola de beisebol, durante o jogo, atinge a testa da personagem de Barrymore, mas o de Fallon comemora pelo fato de uma cara ter pego a bola. Porém, o melhor deles se encontra no final: Lindsey atravessando o campo correndo, se livrando dos seguranças, para impedir que Bem cometa o maior erro de sua vida; é tão lindinha essa cena, que poderia figurar entre as minhas favoritas do ano. Porém, o mais interessante talvez seja o fato da dupla de roteiristas escaparem dos piores clichês do gênero, criando um filme com personagens muito interessantes; pessoas que podem parecer malucas, mas que, no fundo, são apenas diferentes (e que por isso mesmo são adoráveis).
Já a direção dos Irmãos Farrelly pode muito bem ser chamada de espetacular. A seqüência inicial do filme, por exemplo, ao som de Dirty Water dos Standells (se estiver enganado, me corrijam, por favor), é genial; tem um espírito bem década de sessenta nela (???). O humor imposto por eles durante o filme é super agradável, não somente por ser engraçado, mas por possuir uma certa sensibilidade nela. Também vale dizer que foram poucas as vezes que torci tanto por um personagem no cinema: não falo só por falar, mas sim porque fiquei, por exemplo, com os dedos presos com grande força na cadeira na cena final (como se quisesse gritar: “Não faça isso, porra!”), ou na parte em que ele perde o jogo dos Red Sox com os Yankees, sem poder ver um dos momentos mais gloriosos de seu time. E, como disse no primeiro parágrafo, os Farrelly são trilheiros incríveis: eles conseguem colocar a música certa no momento certo (algo que diretores como Cameron Crowe e Quentin Tarantino fazem na atualidade). A cena em que toca “Sweet Caroline”,por exemplo, é pra ficar arrepiado dos pés a cabeça.
O elenco também está ótimo. Jimmy Fallon está inspiradíssimo; ótimo comediante ele é. Não abusa muito de caras e bocas, mas, mesmo assim, consegue ser muito divertido (fora isso, é impressionante o carisma dele). Barrymore também está muito bem; muito lindinha ela aqui. A química entre eles dois é excelente; escolha certa deles dois para viver o papel de protagonistas. Mas também tem coadjuvantes que merecem destaque, como, principalmente, Jack Kehler, interpretando Al (um dos personagens mais “farrellyanos” do filme).
Enfim, “Amor em Jogo” é um filme delicioso de se assistir. Foge dos clichês do gênero, e acaba não se tornando mais uma “comédia romântica água-com-açúcar”,conseguindo ser uma das coisas mais bonitas a ser produzidas nesse ano.
Cotação: 4.5/5 (8.5) [mas a tendência é a aumentar, realmente]
Ouvindo: Neil Diamond - Sweet Caroline
P.S.: Aí vai um TOP 5 Irmãos Farrelly, para quem quiser ver:
1 - Débi&Lóide
2 - Amor em Jogo
3 - Quem Vai Ficar Com Mary?
4 - Ligado em Você
5 - O Amor é Cego
15 Comments:
At 3:30 PM, Anônimo said…
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
At 6:42 PM, Anônimo said…
Crónica muito boa! Em Portugal o filme ainda não estreou. Aqui estreou o wedding Crashers
At 11:14 PM, Anônimo said…
Eu gosto da cena do restaurante (a cena mais a cara dos irmãos, sem dúvida), e A-D-O-R-O a cena final, com a Drew correndo o campo. Porém o filme sofre baixas, das quais senti bastante. Falta de humor, foi uma delas. E eu gosto demais de "Eu, eu mesmo e Irene" e "O amor é cego". =P
Top deles deve ficar mais ou menos assim:
1 - Quem vai ficar com Mary?
2 - Débi & Lóide
3 - Eu, eu mesmo e Irene
4 - O amor é cego
5 - Ligado em você
At 12:06 PM, gonn1000 said…
Parece divertido, tenciono ver quando estrear cá.
At 7:01 PM, Anônimo said…
Eu também gostei do filme. Não gosto de Ligado em Você, e o meu preferido deles continua sendo Quem Vai Ficar com Mary?
At 6:38 AM, Anônimo said…
Cara, REALUGUE Barry Lyndon. Não na mesma locadora, é claro. Se você perdeu 2 minutos, já perdeu coisas fantásticas. Se perdeu (sei lá) meia hora então... vale bem a pena.
At 12:02 PM, Anônimo said…
tava vendo uma parada: se Amor em Jogo é o seu segundo Farrely preferido (e é 8.5). Débi&Lóide é digno de que nota?! Uns 9, 9.5? Acho um tanto exagerado.
At 12:38 AM, Anônimo said…
Apesar de ainda não ter assistido Amor em Jogo, meu Farrelly preferido é Quem vai ficar com Mary?
At 2:35 PM, Anônimo said…
b, obrigado. E não vi Weddings Crashers, e nem tô muito animado para ir.
Henrique, acho "Amor é Cego" bem bonitinho. E Eu, Eu mesmo, e Irene acho fraquinho (mas tem seus momentos).
Gonn e Paulo, isso, veja quando estrear, vale muito a pena.
Gabriel, eu tava revendo Mary na FOX, e é realmente ótimo.
Antorildo, eu perdi muito mais que 2 minutos de Barry Lyndon, mas com certeza alugarei novamente. E acho que a nota de Débi&Lóide ficaria pelos 9.0 e 9.5 mesmo. Foi umas dos filmes que mais me marcou; tem valor sentimental também. hehehehe.
At 2:40 PM, Anônimo said…
Me esqueci de falar que vi dois nesse fim-de-semana (e talvez eu veja mais): Hora de Voltar e O Falcão Maltês. Gostei muito do primeiro; belo filme. Já o segundo foi uma pequena decepção, mas é ótimo, ainda assim. Meus noir preferido continua sendo A Marca da Maldade, seguido de pertinho (quase colado) por Pacto de Sangue.
At 7:47 PM, Anônimo said…
Seria melhor com futebol, mas em todo caso...
At 8:43 PM, Anônimo said…
quando a drew corre no campo eles colocom uma musica que eu nao consegui achar o nome ...! aguem poderia me dizer por favor estou doida atras
bjos
At 4:36 AM, Unknown said…
Alguns pontos a serem levados em conta que pesam muito contra quando o filme é avaliado por brasileiros:
1) "seria melhor com futebol" - o filme é americano, portanto é no mínimo lógico que o esporte em questão seja mais ao gosto deles. É a mesma coisa que esperar que o Hooligans vizesse enorme sucesso nos EUA sendo que trata o fanatismo extremo de um esporte do qual o americano não gosta;
2) A gente (brasileiros), via de regra, não conhece as regras do beisebol, não conhece os times que existem, não conhecemos as tradições e muito menos conhecemos o charme do jogo;
3) O Red Sox é um caso único do esporte: fazia 86 anos que o Boston não ganhava uma World Series e ainda assim é o segundo maior time da liga americana, tanto em fãs, como em poder econômico.
4) O charme final do filme (e isso só sabe quem assistiu aos extras do DVD) é que o mesmo foi planejado e filmado em sua grande parte ANTES da final do campeonato. Os diretores contavam com a maldição dos Sox, ou seja, que eles perdessem. Logo, o filme teve que ter seu final adaptado para que o mesmo continuasse a ter sentido.
Falou
At 1:20 PM, Unknown said…
Este comentário foi removido pelo autor.
At 1:21 PM, Unknown said…
Amor em jogo amei recomendo,
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