"Algumas pessoas nunca mudam..."
Edukators (DieFetten Jahre Sind Vorbei, 04)
OBS: O Texto a seguir pode conter pequenos spoilers
“Edukators”, de Hans Weingartner, defende com unhas e dentes o que ele prega. O seu ideal é argumentado do melhor jeito possível. É anticapitalista e contra o sistema (e os personagens querem fazer a revolução). Não questiono o método deles: invadem a casa de milionários, e desarrumam tudo, mas não roubam nada (eles não querem riqueza, só dar um aviso aos burgueses: “Seus dias de Fartura Acabaram”). Os Educadores querem somente igualdade social. O diretor sabe mostrar isso muito bem.
Os amigos Jan e Peter passam a madrugada invadindo casa de milionários. Entram nela, desarrumam tudo, mas não roubam nada (só deixam um aviso, um bilhete). A namorada de Peter, Jule, deve dinheiro para um milionário, e pede para Jan (com quem acaba por ter um caso) invadir a casa do tal ricaço; e eles o fazem. Porém, uma série de complicações ocorre, acontecendo uma coisa que irá para sempre mudar as vidas deles.
O roteiro de Katherine Held e Waingartner, como disse logo no começo, defende do melhor jeito a sua idéia. Até mesmo no final, quando achamos que as coisas terminam “tudo bem”, com uma mensagem de paz entre burgueses e anticapitalistas, o espectador se depara com uma coisa que ficou na minha cabeça por algum tempo: o bilhete na parede, dizendo “Algumas pessoas nunca mudam” (e essa é a mais pura verdade). Também é interessante o modo com a trama se desenvolve, com imprevisibilidade, sempre defendendo o que prega, talvez porque eu não sabia muitos detalhes da trama. Também é bem legal quando o filme mostra que o tal milionário era igual a Jan, Jule e Peter no passado: revolucionário, libertário. Então, pensamos: “Será que lá está o passado e o futuro?”. E o bilhete na parede nos resolve a pergunta.
A direção de Waingartner também é outra coisa bem competente. A fotografia, por exemplo, não exagera na câmera trêmula, como alguns filmes indies que querem ser descolados. A narrativa também não é chata; a trilha sonora dá um ar mais movimentado ao filme, que consegue ser até mesmo tenso em vários momentos (a entrada na casa de um milionário, que muda completamente a trama, é um bom exemplo). E lá na metade do segundo ato, Waingartner acerta ao escolher a locação que será pano de fundo: a floresta dá a impressão de liberdade; estamos livres por lá, não há limites.
A química entre Stipe Erceg (Peter), Julia Jentsch (Jule) e Daniel Bruhl (Jan) também é outro ponto a ser destacado. O primeiro, talvez o pior dos atores (apesar de não estar ruim), consegue mais destaque no terceiro ato; a segunda (muito bonita ela) está bem carismática, e o terceiro, comprovando ser excelente ator (ele já tinha nos entregado uma ótimo performance em “Adeus, Lênin”), com uma atuação que não exagera nas caras e bocas; é sincera.
Enfim, “Edukators” é um interessantíssimo filme alemão. Não é chato (pelo contrário: é envolvente), defende com todas as forças seu ideal (que coisa linda), e tem atuações inspiradas. Caso fosse desse ano, certamente entraria em um TOP 10, mas como não é, resta dizer que é um das grandes surpresas produzidas no ano passado.
Cotação: 4/5 (8.0)
Até mais e abraços; Rodrigo
Ouvindo: Jeff Buckley - Hallellujah
OBS: O Texto a seguir pode conter pequenos spoilers
“Edukators”, de Hans Weingartner, defende com unhas e dentes o que ele prega. O seu ideal é argumentado do melhor jeito possível. É anticapitalista e contra o sistema (e os personagens querem fazer a revolução). Não questiono o método deles: invadem a casa de milionários, e desarrumam tudo, mas não roubam nada (eles não querem riqueza, só dar um aviso aos burgueses: “Seus dias de Fartura Acabaram”). Os Educadores querem somente igualdade social. O diretor sabe mostrar isso muito bem.
Os amigos Jan e Peter passam a madrugada invadindo casa de milionários. Entram nela, desarrumam tudo, mas não roubam nada (só deixam um aviso, um bilhete). A namorada de Peter, Jule, deve dinheiro para um milionário, e pede para Jan (com quem acaba por ter um caso) invadir a casa do tal ricaço; e eles o fazem. Porém, uma série de complicações ocorre, acontecendo uma coisa que irá para sempre mudar as vidas deles.
O roteiro de Katherine Held e Waingartner, como disse logo no começo, defende do melhor jeito a sua idéia. Até mesmo no final, quando achamos que as coisas terminam “tudo bem”, com uma mensagem de paz entre burgueses e anticapitalistas, o espectador se depara com uma coisa que ficou na minha cabeça por algum tempo: o bilhete na parede, dizendo “Algumas pessoas nunca mudam” (e essa é a mais pura verdade). Também é interessante o modo com a trama se desenvolve, com imprevisibilidade, sempre defendendo o que prega, talvez porque eu não sabia muitos detalhes da trama. Também é bem legal quando o filme mostra que o tal milionário era igual a Jan, Jule e Peter no passado: revolucionário, libertário. Então, pensamos: “Será que lá está o passado e o futuro?”. E o bilhete na parede nos resolve a pergunta.
A direção de Waingartner também é outra coisa bem competente. A fotografia, por exemplo, não exagera na câmera trêmula, como alguns filmes indies que querem ser descolados. A narrativa também não é chata; a trilha sonora dá um ar mais movimentado ao filme, que consegue ser até mesmo tenso em vários momentos (a entrada na casa de um milionário, que muda completamente a trama, é um bom exemplo). E lá na metade do segundo ato, Waingartner acerta ao escolher a locação que será pano de fundo: a floresta dá a impressão de liberdade; estamos livres por lá, não há limites.
A química entre Stipe Erceg (Peter), Julia Jentsch (Jule) e Daniel Bruhl (Jan) também é outro ponto a ser destacado. O primeiro, talvez o pior dos atores (apesar de não estar ruim), consegue mais destaque no terceiro ato; a segunda (muito bonita ela) está bem carismática, e o terceiro, comprovando ser excelente ator (ele já tinha nos entregado uma ótimo performance em “Adeus, Lênin”), com uma atuação que não exagera nas caras e bocas; é sincera.
Enfim, “Edukators” é um interessantíssimo filme alemão. Não é chato (pelo contrário: é envolvente), defende com todas as forças seu ideal (que coisa linda), e tem atuações inspiradas. Caso fosse desse ano, certamente entraria em um TOP 10, mas como não é, resta dizer que é um das grandes surpresas produzidas no ano passado.
Cotação: 4/5 (8.0)
Até mais e abraços; Rodrigo
Ouvindo: Jeff Buckley - Hallellujah
11 Comments:
At 7:23 PM, Anônimo said…
concordo com vc, o filme consegue com um tema bastante espinhoso, fazer um filme questionador.
At 9:49 PM, Anônimo said…
cocncordo plenamente com o que vc escreveu, quando eu vi o filme pensei a mesma coisa. Questionador até o talo!
At 1:00 AM, Anônimo said…
Cara, tenho que ver esse filme, urgentemente!!!
At 5:49 AM, Anônimo said…
Ok! Cinema Alternativo...
At 10:12 AM, gonn1000 said…
Estou muito curioso em relação a este filme, que está quase a estrear em Portugal... E Julia Jentsch e Daniel Bruhl são, de facto, actores muito promissores...
At 10:38 AM, Gustavo H.R. said…
Vi algo sobre esse filme no site Box Office Mojo, foi um lançamento limitado que não fracassou nos EUA. Dificilmente assistirei, mas prefiro não arriscar e ler spoilers.
At 11:36 AM, Anônimo said…
Esse eu preciso ver. Minha irmã também fala muito bem sobre ele.
At 9:56 PM, Anônimo said…
É um filme bem legal, começa meio arrastado, mas vai se resolvendo com o desenrolar da história.
At 7:51 AM, Anônimo said…
passou no cinema de arte daqui. mas não tive tempo e, portanto, perdi a sessão. só resta agora vê-lo em DVD.
At 2:57 PM, Anônimo said…
Paulo, defende a sua idéia o tempo todo.
Felipe, é mesmo
Vladimir, pois veja logo que vale a pena.
b, cinema alternativo de alta qualidade.
Gonn, aqui já estreou em DVD. São dois atores que gostei muito (e a Julia é lindinha).
Gustavo, que pena você não poder assistir; é um filme tão bom. E que legal não ter fracassado nas bilheterias; o filme merece reconhecimento.
Henrique, veja logo e depois diga o que achou, OK?
Gabriel, também acho.
Marcos, lançou agora em DVD. Vale a pena ver.
At 2:57 PM, Anônimo said…
Paulo, defende a sua idéia o tempo todo.
Felipe, é mesmo
Vladimir, pois veja logo que vale a pena.
b, cinema alternativo de alta qualidade.
Gonn, aqui já estreou em DVD. São dois atores que gostei muito (e a Julia é lindinha).
Gustavo, que pena você não poder assistir; é um filme tão bom. E que legal não ter fracassado nas bilheterias; o filme merece reconhecimento.
Henrique, veja logo e depois diga o que achou, OK?
Gabriel, também acho.
Marcos, lançou agora em DVD. Vale a pena ver.
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